Do Pior…para o Melhor! #7 – Pixar

Nota Geral: Esta rubrica pretende ordenar em termos de qualidade, vários videojogos, filmes ou outras obras de entretenimento, dentro da sua franquia. Isto não quer dizer, que por uma coisa estar em último lugar, seja necessariamente má, simplesmente em comparação com as restantes é mais fracaReforço ainda, que esta rubrica é baseada numa opinião meramente pessoal.

Esta é a última edição, pois a rubrica ficará, temporariamente, em pausa. Após esta pausa, regressará com mais seis ou sete edições.

 

22 – Brave (2012)

De toda a galeria dos filmes da Pixar, Brave foi o meu primeiro impacto com um filme de baixa qualidade do estúdio, o qual não se comparava à era de ouro do mesmo (1995-2010). Mais, esteticamente nem parecia um filme da Pixar, parecia algo saído directamente da Dreamworks Animation. Seja como for, Brave não me convenceu, apesar de ter de alguma forma uma premissa “interessante”, toda a sua estrutura é vazia. O desenvolvimento das personagens, apesar de presente, sabe a pouco. Não há nada que consiga destacar de positivo, para além da animação (coisa que se tornou sinónimo da Pixar), tudo o resto transmite-me uma sensação de vazio e de oportunidades perdidas.

Pessoalmente, é o único filme da lista que verdadeiramente não consigo encontrar algo de bom para apontar, tirando o que já mencionei. Até o próprio conflito central do filme, parece demasiado leviano para aquilo que é um nível de qualidade aceitável deste tipo de produções. Enfim, não há muito mais que possa acrescentar, para além do que já disse.

 

21 – The Good Dinosaur (2015)

Se no anterior não tinha nada de positivo para apontar, neste caso, tenho pouco. De facto Arlo é uma personagem credível, cujo desenvolvimento é adequado com a restante história. Porém, a narrativa onde está envolvido, não consegue encontrar um fio condutor coeso, pois a grande parte da história, parece ser um conjunto de cenas distintas, que são coladas forçadamente, para encaixarem num filme de uma hora e meia.

Sinto que o formato televisivo teria encaixado melhor com The Good Dinosaur, uma vez que a sua premissa principal – de onde os dinossauros sobreviveram à sua extinção, é na teoria interessante. Posto isto, e avaliando por aquilo que é, este filme acaba também por ser dos pontos mais baixos do estúdio. Felizmente, no mesmo ano onde foi lançado, saiu Inside Out, portanto, vendo em retrospectiva, este último acabou por encobrir o seu impacto.

 

20 – Finding Dory (2016)

Finding Nemo não necessitava de uma continuação, porém, um spin-off baseado numa personagem secundária, não parece tão mal, certo? Errado, apesar de Dory ser efectivamente uma personagem com alguma dimensão e carácter, esta funciona bem, enquanto personagem secundária, a partir do momento em que lhe dão total protagonismo num filme, acaba por revelar alguns dos seus maiores problemas.

Sou bastante apologista, de que a era de filmes onde a Pixar deliberadamente decidiu fazer sequelas atrás sequelas, foi a sua pior fase, até agora. De todas as sequelas e/ou spin-off’s dessa era, Finding Dory acaba por (também) um dos seus pontos mais baixos. Diferente de Cars 2 que até tem uma temática envolvente, Finding Dory opta por ser um filme de autodescoberta da personagem principal, apesar de ter alguns elementos que fizeram sucesso em Finding Nemo, mas aqui não só parecem datados, como perderam a graça, aquando da sua repetição.

 

19 – Onward (2020)

Onward prometia ser o começo da nova fase “pós-sequelas” da Pixar, com filmes totalmente originais, tal como foram os primeiros quinze anos desta empresa. Apesar de não ter sido saído na melhor altura (a propósito da pandemia), foi um filme que não recebeu tanta atenção, o que até é justificado, pois grande parte dos seus elementos são coisas recicladas ou muita badaladas na indústria do entretenimento. Consigo ver que houve por parte da equipa de produção, uma tentativa de inovação, mas no final, Onward sabe a muito pouco. Joga muito pelo seguro, com uma estrutura demasiado linear, até para aquilo que é o tom da Pixar. Não há muito mais que posssa acrescentar, que já não tenha dito na análise ao filme, que podem ver clicando aqui.

 

18 – Cars 2 (2011)

Diferente de Finding Dory, o universo de Cars tinha muito potencial por onde explorar e seguir, e mesmo que Mate seja igualmente uma personagem que funciona bem, enquanto secundário (tal como Dory), aqui enquanto protagonista acaba por revelar que não tem força suficiente para levar um filme às costas. Por outro lado, a premissa de agentes secretos, tipo uma espécie de James Bond, achei surpreendentemente cativante.

Mas como muitas pessoas sabem, a verdadeira razão que justifica a existência deste filme, prende-se com o sucesso de merchandising que o primeiro filme teve. Logo, com esta sequela há um motivo para a Disney comercializar mais figuras e todo o tipo de coisas, sem parecer estranho, e isso refletiu-se nas suas vendas. Se outrora apontavam o dedo a outras companhias por fazer estas “marketing stunts“, vemos que até as intócaveis (como a Pixar) podem tomar o mesmo tipo de ações, apenas levando em conta o lucro e não tanto as necessidades criativas.

Foi também o filme que quebrou a cadeia de filmes, considerados perfeitos, que Pixar lançou desde o seu lançamento, problema este que foi sendo agravado ao longo dos anos seguintes, com mais filmes razoáveis e mais sequelas. Seja como for, apenas coloquei este filme nesta posição, por estar familiarizado com as personagens e porque até tem um conceito de espionagem interessante.

 

17 – Incredibles 2 (2018)

Esta foi talvez a sequela mais aguardada por muita gente, no que toca a filmes da Pixar. Ao contrário da crítica e da generalidade do público, não acho que seja igual ou melhor que o original, muito pelo contrário, joga demasiado pelo seguro. O original fazia várias críticas à sociedade moderna, assim como naquilo que diz respeito ao problema dos heróis mascarados. Já este filme, tem um vilão demasiado superficial e inclui ainda novas personagens que poderiam ter mais desenvolvimento.

A equipa em si dos Incredibles está bem dentro do padrão em relação ao primeiro filme, apesar do único arco que se destaca ser da personagem de Elasticgirl. Incredibles 2 é um filme que apesar da expectativa, prefere seguir a via mais previsível e segura. Por outro lado, consegue entreter sendo melhor que Finding Dory e Cars 2, no que diz respeito às sequelas.

 

16 – Cars 3 (2017)

Acredito que se Cars 2 não tivesse existido, esta sub-franquia da Pixar teria um maior reconhecimento e admiração por parte do público. Não obstante, Cars 3 é a verdadeira sequela do primeiro filme, pois desconstroí o arco do protagonista, para o tornar numa personagem mais complexa. McQueen asume praticamente o arquétipo de personagem que Doc tinha no original, assim evidenciando a clara evolução deste protagonista. Por outro lado, e apesar do build-up construído, o plot-twist final acaba por ser dentro dos moldes do primeiro filme, com uma decisão súbita na última corrida, que tem impacto no desfecho do filme.

No panorama geral Cars 3 está para o quarto filme do Rocky, como o filme do Avatar está para o filme da Pocahontas. Ou seja, recria a sua estrutura e as suas plot-lines, mas dá-lhe uma nova roupagem e ambientação, mas que no fundo não deixa de ser uma cópia de Rocky IV só que com carros. Objetivamente é um filme bom, e que tenta empurrar o arco do protagonista para a frente, mas que no final das contas, não deixa de ser um filme do universo Cars (o que não é dizer muito).

 

15 – Monsters University (2014)

Mais uma sequela que ninguém pediu, mas que na verdade é uma prequel, até bastante consistente e aceite pela comunidade de fãs. Sou sempre a favor de novas ideias e que as pessoas por detrás de determinados projetos  continuem uma obra pré-existente, desde que tenham coisas interessantes e criativas a acrescentar, e foi este o caso em Monsters University. Explorar os bastidores do universo de Monsters Inc, no ambiente universitário é algo, no minímo, cativante, de como estes monstros se formam na sociedade onde estão inseridos.

Portanto, à partida o filme tinha-me ganho, e no decorrer da minha experiência ao assisti-lo, essa ideia permaneceu. Apesar de alguns erros de continuidade e furos de roteiro, Monsters University consegue explorar a química forte, já conhecida no primeiro filme, entre Mike e Sully. De outra perspectiva, enriquece o universo com novas personagens e  ambientes, para lá da fábrica do primeiro filme. No geral é um filme positivo, não digo tão bom ou igual ao primeiro, porque não o é, mas é uma ótima adição ao universo onde se encaixa.

 

14 – Inside Out (2015)

Foi talvez dos filmes mais recentes, aquele mais teve impacto e igualmente aquele que a crítica mais gostou, assim como o público. Pessoalmente, acho-o um grande filme, que passa uma mensagem bastante importante nos dias que correm, que não é tão comum em obras de animação, contudo não é dos meus favoritos. Sinto que há um potencial gigantesco, no que toca a futuras sequelas, pois podem fazer vários filmes, onde acompanhamos o crescimento de Riley, desde a adolescência à fase adulta.

E para um filme que aborda a questão das emoções e respectivo crescimento emocional, a passagem por essas fases, podia resultar em várias mensagens poderosíssimas, que talvez nunca tenham estado presentes em filmes de animação. Posto isto de lado, o elenco principal de personagens faz um ótimo trabalho em emergir o espectador naquilo que Riley sente e pensa, de uma maneira muito credível. A meu ver, o valor de Inside Out prende-se sobretudo com a sua mensagem e respectivas situações onde a protagonista é colocada, que resultam tanto em momentos cómicos, como dramáticos e sentimentais.

 

13 – Toy Story 4 (2019)

A franquia Toy Story sempre me foi especial e ter algo a mais deste universo é sempre bom. Contudo, o final de Toy Story 3 fala por si, pois além de ser um dos melhores finais de filmes já alguma vez feitos, é também uma ótima forma de fechar com chave de ouro a franquia destas personagens, daí que o meu maior problema com o quarto filme, seja mesmo com a sua razão de existência. Por outro lado, em sua defesa, Toy Story 3 fechou o arco de Andy com os seus brinquedos, e Toy Story 4 é mais um filme focado em concluir o arco de Woody, que apesar de sentir que estava concluído, podia haver mais alguma coisa onde podiam pegar, e foi este o caso.

Considero-o com uma espécie de leve spin-off, que faz o seu trabalho de forma coerente, com os restantes filmes, mesmo não estando no mesmo nível de qualidade que estes últimos Daí que grande parte das personagens fique à sombra e o foco vá todo para Woody. No geral, gostei daquilo que vi, as novas personagens são interessantes e visualmente apelativas, em especial Forky, que tem um arco semelhante a Buzz Lightyear tal como o primeiro filme.

 

12 – Coco (2017)

Quando saiu demorei a vê-lo, e como fiquei arrependido. Pois Coco é o filme mais forte e sólido do estúdio, a seguir à sua fase de ouro, que já aqui referi, de várias sequelas e filmes sem grande inspiração. Tem tudo aquilo que se pode pedir de um filme da Pixar: visualmente incrível, personagens bem construídas, momentos de humor bem encaixados e uma mensagem emocional poderosa (de fazer chegar as lágrimas aos olhos). E ainda, para a minha surpresa, a melhor banda sonora feita pelo estúdio, todas as faixas são de alguma forma memoráveis, para não falar da ambientação que é um verdadeiro tributo ao feriado do Dia dos Mortos que tem lugar no México, portanto é também culturalmente inclusivo.

Do ponto de vista negativo, apenas consigo apontar que inclui aquela plot-line demasiado badalada no meio do entretenimento, do “Liar Revealed“. Coloquei-o neste lugar da lista, pois os seguintes acabam por ser os tais filmes gloriosos do estúdio, mas ao mesmo tempo, coloquei-o para evidenciar o quão superior é a todos as outras produções que a Pixar produziu na última década. Apesar de sentir que Soul, o próximo filme a ser lançado, pode roubar o lugar de Coco, mas cá estaremos para ver.

 

11 – The Incredibles (2004)

De todos os filmes clássicos, The Incredibles foi aquele que menos teve impacto comigo. Não é de longe um filme mau, muito pelo contrário, é uma experiência memorável e bem trabalhada. Apenas do ponto de vista pessoal, não consigo gostar tanto dele como a maioria. Em termos gerais, tentou simular a essência que foi vista em filmes recentes, como Deadpool ou até de Watchmen, onde de alguma forma se desconstroí a narrativa dos heróis perfeitos, sendo que neste caso se aplica mais à perspectiva da família e respectiva ilegalização dos super-heróis.

Sou apologista que o título do filme não está propriamente adequado, uma vez que a família dos Incredibles apenas recebe um maior foco no último ato, sendo que o restante enredo sobrevive à custa da personagem de Mr. Incredible, portanto, de certa forma induz as expectativas para algo diferente, daquilo que é. Posto isto, tem um dos melhores vilões, vistos em filmes de animação, digno de se aproximar do pódio de Frollo ou de Hades. Tem personagens muito bem construídas e com motivos credíveis, contudo, não é dos filmes que mais ecoou em mim, apesar de conseguir ver todo o seu mérito e respectivas qualidades.

 

10 – Finding Nemo (2003)

Tal como aconteceu comigo com The Incredibles, este filme acaba também por entrar na minha categoria pessoal do «Eu gosto, mas não tanto como a maioria». É um filme bom, com personagens e situações marcantes, e uma mensagem bastante simples de digerir. Contudo, e retirando os “nostalgia goggles” (Óculos da Nostalgia) vejo que Finding Nemo é uma experiência que entretém e com uma estrutura de guião bastante sólida. Mas para além disso, e alguns momentos cómicos, não consigo percepcionar a masterpiecer que todos vêem neste clássico da Pixar. Devo admitir também, que não consigo suportar a personagem da Dory, sempre a achei demasiado infantil e inconsistente com as situações em que estava colocada, independentemente de ter o tal problema de memória. O que a posteriori influenciou a minha opinião com Finding Dory.

 

9 – Cars (2006)

Cars foi um filme que vi inúmeras vezes no passado, tem uma mensagem bastante impactante, que me marcou até hoje. Apesar de Mate ser por vezes insuportável, devo dizer que até gostei das personagens e do ambiente de Radiator Springs, o que em última análise era o local perfeito para McQueen consumar o seu arco de personagem, e evoluir. A banda sonora é também muito boa, e encaixa-se bem na temática do filme. Cars é um filme redondo, que apesar de ter alguns momentos um tanto estranhos no que toca ao humor, cumpre o seu propósito. E ao contrário da maioria, acho-o suficientemente bom para o colocar na posição onde está. Daí que nunca percebi a controvérsia em redor deste filme.

 

8 – A Bug’s Life (1998)

Bug’s Life é muito provavelmente o filme mais esquecido da galeria da Pixar e consigo perceber o porquê. Por um lado, foi o filme que se seguiu a Toy Story de 1995, logo as expectativas eram altas na altura. Por outro lado, vendo em retroespectiva agora no presente, o filme segue uma estrutura bastante linear, semelhante ao enredo, de onde tirou uma grande inspiração (para não dizer que copiou) de Seven Samurai de Akira Kurosawa, tal como foi Lion King com Hamlet de Shakespeare.  Mesmo assim, é dos meus filmes favoritos do estúdio, pois além de ter uma banda sonora muito boa, (que acaba ofuscada em determinadas cenas) tem personagens carismáticas, como os pseudo-insetos guerreiros e ainda (como é hábito) uma mensagem com uma boa moral.

 

7 – WALL-E (2008)

Do ponto de vista de marketing, WALL-E é um filme comercialmente difícil de vender para um público mais novo, levando em conta que um terço da sua experiência é sem qualquer tipo de diálogos, apenas recorrendo aos estímulos visuais. Com efeito, na altura em que foi lançado, não gostei assim tanto, achava-o aborrecido e que pouca coisa importante acontecia. Bem, uns anos se passaram e atualmente sei observá-lo com outros olhos, uma vez que o grande valor do filme prende-se com as personagens em si, e não tanto, com o rumo da história.

EVA e WALL-E tem uma química muito poderosa, talvez das maiores a seguir a Woody e Buzz Lighyear, pois mesmo sem diálogos verbais conseguem comunicar ao espectador o que sentem e como o sentem, de uma maneira simples e eficaz. E isto reflecte-se na jornada que ambos terão de passar. A título de curiosidade, a narrativa de WALL-E é uma analogia a uma das partes da Bíblia, no que diz respeito ao (re)povoamento da Terra, pois os protagonistas incorporam os mesmos papéis que Adão e Eva, sendo a vida alusiva à planta.  Posto esta curiosidade de parte, e de uma forma geral, é uma obra de enorme qualidade, e que objetivamente estaria mais próxima de um top 3, contudo devido ao apego que tenho com os seguintes filmes, decidi colocá-lo nesta posição.

 

6 – Up (2009)

Up tem o início mais impactante e emocional em comparação com todos os restantes filmes aqui presentes. Em apenas cinco minutos, o espectador consegue absorver a história de vida de uma personagem, ao mesmo tempo que percebe as motivações da mesma, que se irão refletir no desfecho da obra. Estruturalmente falando é um filme com uma premissa simples e fechada, parecendo quase como um conto de aventura, daqueles dos anos 90. Charles Muntz, o vilão, enquadra-se também nesta lógica, e devo dizer que está também bem desenvolvido, e até com motivos convincentes, o que o torna num dos meus favoritos. Não há muito mais que possa acrescentar, pois a obra fala por si, a minha primeira visualização do filme teve um impacto enorme, na forma como percepcionava os filmes da Pixar, elevando ainda mais a fasquia já bastante elevada.

 

5 – Toy Story 2 (1999)

Toy Story 2, não supera o original, no entanto, é uma ótima sequela, com uma história bem contada, escrita e desenvolvida, onde os momentos dramáticos tem um tom bastante real e impactante, em comparação com o anterior. Foi a primeira tentativa do estúdio no ramo das continuações, e levando em conta o mérito do primeiro filme, há que reconhecer o bom trabalho, aqui feito. Seja como for, em termos de grandiosidade do enredo, este acaba por pecar em comparação com o terceiro, que considero uma sequela ainda mais poderosa. Ainda assim, é um dos grandes must-see do estúdio, o qual é o favorito de muita gente da franquia de Toy Story, e consigo perceber muito bem o porquê.

 

4 – Ratatouille (2007)

Ratatouille é uma experiência completa, há de tudo aqui: Há uma conspiração para saber quem é o dono real do restaurante, há um chef que é despedido e quer vingar-se, há um crítico com a reputação de destruir a fama de restaurantes, há uma sub-história de reunião de família, há uma mensagem sob a moral da ambição e persistência, e ainda há um romance pelo meio. Por um tempo, chegou a ser o meu segundo filme favorito da Pixar, contudo com o passar do tempo e de (re)assisti-lo mais algumas vezes, dei preferência para outros. Não que tenha envelhecido mal, simplesmente a minha percepção sobre o mesmo modificou-se. Apenas devo constatar que não sou grande fã do protagonista humano, acho-o demasiado genérico, apesar de evidenciar uma evolução clara no decorrer do filme.

Destaco a personagem do crítico, Ego, que tem um arco de personagem de volta perfeita, o que para uma personagem que apenas aparece no último ato do filme, é um grande feito por parte da produção. Este filme está muito próximo em termos de qualidade, e a meu ver, do seguinte filme da lista, portanto foi uma escolha renhida. Em suma, Ratatouille é uma experiência deliciosa, a qual voltarei muitas mais vezes no futuro.

 

3 – Monster Inc (2001)

Até hoje surpreendo-me com a tamanha originalidade do conceito deste filme: Um mundo em que monstros, de forma a garantirem a sua sobrevivência, trabalham numa fábrica, cujo o objetivo central consiste em assustar crianças ao redor do mundo, através de uma tecnologia de teletransporte sob a forma de portas. Na teoria tinha tudo para dar mal, mas o resultado final é digno de pertencer ao meu top 3 da Pixar. Monster Inc deve grande parte do seu sucesso, para além do conceito base, à ligação e química de Mike e Sully, os protagonistas, uma vez que estes funcionam como lados opostos da mesma moeda, que se complementam.

Adicionalmente, o resto do elenco de personagens está bem trabalhado, não só em termos físicos, que permitem distinguir cada monstro entre si, mas sobretudo na sua caracterização naquele mundo. Com efeito, o vilão Henry Waternoose é dos mais convincentes da galeria da Pixar, devo dizer que apesar das suas atitudes serem moralmente puníveis, há que reconhecer credibilidade nas suas motivações, que são bastante terra-a-terra. A banda sonora é também muito memorável, com várias faixas de Jazz, que adorei. A ligação entre Sully e Boo é igualmente genuína, sendo a cena emocional final entre os dois muito especial para mim.

 

2 – Toy Story 3 (2010)

Se Up tem a melhor abertura já feita para um filme de animação, Toy Story 3 tem o melhor final de qualquer filme de animação feito e, a meu ver, a melhor forma de terminar uma trilogia. Apesar de alguns arcos de personagem serem deixados de lado, em prol de Woody e de Buzz, acaba por valer a pena no final. A sua mensagem foi a que mais ecoou comigo das obras da Pixar, pois é transmitida de uma forma impactante, ao mergulhar profundamente no seu lado mais emocional, sem receios. Toy Story 3 é um filme que apenas pode ser experienciado ao máximo, para quem o viu na altura em que saiu, isto deve-se muito ao facto, que uma geração inteira cresceu a assistir ao primeiro, e tal como Andy teve de crescer eventualmente, o espectador também. Assim marca o fim de uma trilogia de animação perfeita, como também o final de um ciclo para Andy e, sobretudo, para o espectador.

É um filme que cresceu em mim, não há palavras para descrever este efeito: Do que é ter assistido várias e várias vezes ao primeiro, e depois no final da minha infância tê-lo visto pela primeira vez, é uma verdadeira catarse emocional. É impossível alguém que viu os filmes anteriores não ter ficado minimamente emocionado com este final, é algo realmente muito forte, até para o padrão de filmes de animação, para não falar da cena no incinerador. Posto isto, sou um grande fã do vilão Lotso, e da tentativa da estrutura do filme de replicar a narrativa de «fuga de prisão» ala The Great Escape, na creche de Sunyside.  Em suma, Toy Story 3 marcou o fim de uma era gloriosa para a Pixar, com onze filmes incríveis seguidos.

 

1 – Toy Story (1995)

A definição de um filme perfeito. Toy Story foi um marco do seu tempo, não apenas pela sua tecnologia revolucionária, mas sobretudo, por definir uma fasquia padrão para os filmes de animação que se seguiriam. Após o seu lançamento, todos os filmes queriam ser o próximo “Toy Story“. John Lasseter, Steve Jobs e Ed Catmull quando fundaram a Pixar tinham em mente, que não seria somente mais uma empresa de computação animada, queriam impactar o mercado estagnado da altura, e nada melhor do que lançar o primeiro filme de animação criado totalmente por um computador, ao contrário da animação à mão, de outrora.

Como um filme contido, os seus protagonistas tem bastante desenvolvimento e estão constantemente expostos ao conflito narrativo do início ao fim, ao ponto de trocarem de papéis no final do segundo ato. Assim, evoluindo o seu arco individual de personagem, como também amadurecendo a história, que até então era levada como uma “coisa de crianças”. A Pixar fez questão de levar o lema «Para toda a família» de forma séria e concreta, e isso refletiu-se imenso neste filme, pois apesar da animação gráfica, determinados tópicos abordados eram estranhos na altura para uma obra deste calibre.

«Older viewers may be even more absorbed, because “Toy Story,” the first feature made entirely by computer, achieves a three-dimensional reality and freedom of movement that is liberating and new. The more you know about how the movie was made, the more you respect it. Watching the film, I felt I was in at the dawn of a new era of movie animation, which draws on the best of cartoons and reality, creating a world somewhere in between, where space not only bends but snaps, crackles and pops» Roger Ebert, 1995

Toy Story pode ser facilmente definido como um dos maiores feitos cinematográficos de sempre e um all-time-classic. É, sem dúvida, a Pixar no seu melhor, e por todas estas razões merece o lugar número um na lista.

 

Podem conferir as últimas edições desta rubrica aqui:

  1. Marvel Cinematic Universe;
  2. Sly Cooper;
  3. Star Wars;
  4. Hitman;
  5. The Matrix;
  6. Jak And Daxter;
João Luzio
Latest posts by João Luzio (see all)
Share

You may also like...

error

Sigam-nos para todas as novidades!

YouTube
Instagram