Análise – PS5

Estamos no final de Novembro de 2020, o mês em que a nova geração chegou finalmente à casa das pessoas que conseguiram colocar as suas mãos numa das consolas disponíveis e deram o salto para um novo universo de videojogos.

Como sabem, pouco mais de uma semana antes do lançamento oficial da PS5, recebemos uma consola que nos foi enviada directamente pela Sony para podermos testar tanto a nova plataforma como as suas funcionalidades, e todos os jogos que foram e serão lançados para a PS5. A consola que nos foi enviada foi uma PS5 com leitor para disco, por isso foi possível ter a experiência completa.

Assim sendo, vamos fazer esta análise por passos e falar da experiência numa forma evolutiva, desde a caixa até às funcionalidades. Aquilo que funciona bem e o que não está ainda no ponto. Tudo isto sem esquecer que esta parte escrita fala da experiência de uma forma mais directa, a passo que fizemos uma Livestream em directo com as nossas opiniões (Daniel Silvestre e Alexandre Barbosa), do ponto de quem analisou a consola e de quem a adquiriu no dia de lançamento. Podem ver esse vídeo perto do final do artigo.

A Consola

Começando pela experiência da caixa e da máquina em si, a caixa da PlayStation 5 oferece um primeiro impacto regular e sem grandes floreados do que é abrir uma caixa de um equipamento electrónico. A caixa é simples e apelativa por fora e o conteúdo vem bem arrumado no interior, se bem que, longe de uma experiência “premium”. O material vem bem protegido e existem compartimentos para coisas como o comando, cabos e afins. O cabo fornecido para carregar o comando é USB A-C, o que não faz muito sentido sendo que a parte frontal da consola tem um USB-C que podia ser usado para o efeito, deixando os três USB-A livres.

A consola é uma peça de hardware baste sólida e embora não agrade a toda a gente, eu acho que é um design bastante bonito e uma das minhas consolas favoritas até hoje. A PS5 é enorme e uma das maiores máquinas do género feitas até hoje, o que também é um desafio para colocar na maioria das estantes e prateleiras. Ao fim de algumas medições lá a ao lado da TV, o que acabou por lhe dar um lugar destaque, que, sinceramente, não me incomoda.

O gloss central usado é bonito mas um autêntico íman para tudo o que são dedadas, riscos e pó. Não sei se não preferia um acabamento parecido com o das abas, mas vejo o branco destas a poder ficar mais amarelado com o passar do tempo, especialmente se houver animais e fumadores na vossa casa. As ligações são suficientes, faltando apenas uma entrada para a câmara antiga que é compatível com o PS VR (algo que podem pedir à Sony de forma gratuita).

 

Durante estas semanas, prestei bastante atenção à consola em vários jogos e posso dizer que a mesma aquece muito pouco. De vez em quando a ventoinha disparava, fazendo algum barulho. Nada próximo sequer do motor a jacto da PS4 Pro, mas sim, a ventoinha faz barulho quando dispara e dá para a ouvir. Tenham em conta que se a consola estiver a fazer mesmo muito barulho, especialmente sem puxar por ela, poderá ser alguma avaria ou algo a obstruir, por isso pensem em mandar para garantia.

No global, é uma consola que parece estar à frente do seu tempo. O design mais futurista e o facto de ser grande originou uma enxurrada de memes, mas ter uma na vossa sala não fica fora de contexto e até quem não gostava do design está a ficar cada vez mais conquistado por ela.

Tirando estes dois pontos e por todas estas razões referidas anteriormente, o DualSense é uma boa vitória por parte da Sony, agora resta esperar que os estúdios saibam aproveitar estas capacidades. Se não forem fãs, não se preocupem, podem sempre desligar estas funções nos menus e fazer do DualSense um comando mais “tradicional”.

 

Instalação e inicialização

Instalar a PS5 não é complicado se já tiverem montando qualquer aparelho do género, no entanto, esta vem acompanhada de uma base que vai deixar alguns confusos, pois é recomendado que a usem tanto em pé como deitada. A base esconde no interior um acesso com um parafuso próprio que podem rodar para mostrar ou esconder a ferramenta. Entre as duas posições, a minha preferida é claramente ao alto, mas é de esperar que muitos a deitem para poder caber mais facilmente nos móveis da TV.

Ao ligar a consola (através do botão frontal que está muito bem camuflado), a consola salta imediatamente para uma série de ecrãs que personalizam a experiência de visualização e permitem criar ou colocar a vossa conta. Caso tenham uma PS4, é nesta altura também que é sugerido importar o conteúdo da consola anterior para esta. Como a PS5 só tem 600 e poucos GB livres, alguns não vão conseguir trazer tudo. Quem quiser ter mais coisas da PS4, pode sempre ligar um disco rígido à consola (atenção que só funciona mesmo com jogos de PS4, o que é uma pena).

O processo de transferir o conteúdo é rápido, especialmente ligado com cabo de rede entre as consolas. Durante este processo a consola estará a instalar também algum jogo que lá coloquem, mas é preciso ter cuidado com a orientação da consola, pois em pé, parece que o disco deve ser posto na posição oposta. Não façam como eu e muitos outros que colocaram o disco ao contrário o que levou a crer que haveria outro problema qualquer. A Sony tem noção disso mesmo, motivo pelo qual aparece um aviso a questionar sobre a posição do disco caso não o consiga ler.

Tenham sempre em atenção a entrada do HDMI que escolhem na TV e de ir às definições da mesma verificar que o HDR está ligado (caso tenha) ou vão perder essas funcionalidades sem dar por isso.

Depois de todo este processo, estão prontos a navegar pelo menu da consola e aceder finalmente aos jogos e menus de multimédia. Podem ver todo este processo desde a abertura da caixa até ao nosso vídeo de Unboxing Caseiro aqui:

O DualSense

O novo comando é um dos pontos altos da PS5 e até já tivemos espaço para falar dele na nossa antevisão e quase todas as análises que já foram feitas. É uma pequena evolução a nível físico, mas uma grande evolução a nível das funcionalidades.

Como comando, o DualSense é um pouco mais ergonómico que o DualShock 4 e o formato e posicionamento dos botões funciona tão bem como antes. Voltando a olhar de novo a nível externo, podemos notar que existe agora um microfone com um botão que permite fazer mute, uma coluna no mesmo sítio e um entrada para carregar com USB-C que é talvez das minhas novidades favoritas.

No entanto, esta novidade tem de lutar com duas das grandes inovações do comando. A primeira é a forma como os gatilhos foram bastante melhorados e agora respondem de forma mais realista ao que acontece em cada jogo. Disparar, apontar, saltar, carregar no acelerador, travão e muito mais tem uma reacção própria do gatilho que oferece maior resistência ou até mesmo um bloqueio. Esta funcionalidade consegue ser ao mesmo tempo impressionante e distractiva. A minha experiência foi boa em jogos como Astro’s Playroom e Dirt, mas não tão boa em Borderlands 3, onde cada disparo tem a sua resistência, o que um conceito fantástico, mas não é assim tão prático.

Depois temos o novo sensor de movimentos que cria reacções impressionantes na vibração do comando. É aqui que DualSense realmente ganha o seu nome, dando uma vida totalmente nova ao conceito de vibração. Quando bem feito, é possível sentir que as personagens estão a andar na areia, gelo ou um carro está a derrapar na gravilha. É um dos aspectos mais difíceis de descrever do DualSense, mas um dos mais impressionantes de experimentar pessoalmente.

A bateria do DualSense tem uma longevidade bastante considerável que vai das 6 horas ao dobro dependendo do quão intenso é cada jogo que estão a jogar. Algo como Dirt 5 onde o comando não pára de vibrar e os gatilhos estão activados é altamente consumidor de bateria, no entanto, Demon’s Souls não faz assim tanta diferença, havendo mais actividade na coluna do comando que emite os sons ambiente.

Durante a minha experiência, o maior problema que tive foi ao meter a consola em stand-by e ver que esta não carregava o comando quando ligada ao USB frontal. Isto fez com que os primeiros dias fossem quase sempre passados com o comando ligado por cabo e como este é pequeno, muito próximo da TV. Ao que parece este problema já foi resolvido, mas levou-me a crer que a porta USB ou o comando pudessem estar com problemas. Também não sou o maior fã da altura e textura usada nos analógicos. Várias horas de Demon’s Souls deixaram-me o polegar bastante maltratado e dorido, algo que não me aconteceu no Dualshock 4.

Interface e menus

Apesar de funcionar de uma forma muito parecida com a PS4, o Menu da PS5 agora coloca todos os ícones na parte superior do menu, não sendo necessário vaguear ao longo do ecrã para encontrar o que procuram. É um sistema que funciona bem, mas que também acaba por ocultar algumas janelas recentes de actividade.

Existem duas abas diferentes, uma para jogos e outra para multimédia. É nesta segunda que encontram Apps como Youtube, Twitch, Netflix, entre outros. Por aqui tudo está organizado de forma simples e clara consoante o conteúdo que usam. Voltando ao menu principal, podem encontrar cada ícone de jogo ou ferramenta e finalmente, um acesso directo à PS Store. Cada aplicação tem o seu próprio menu onde podemos ler informações, ver DLC, troféus, aceder a jogos suspensos ou continuar de certos pontos.

É uma pena que a personalização do menu e a quantidade de opções sejam bastante reduzidas. O menu de acesso rápido pode ser personalizado apenas na quantidade de ícones, não podem mudar a música de menu da consola, temas ou até mesmo uma imagem de fundo. É de esperar que isto surja mais tarde, mas por agora é altamente limitado.

Embora as definições sejam bastante simples em termos de menus, existem formas dedicadas de personalizar a experiência até bastante versáteis, como definir a experiência sonora através do microfone, colunas, comando e até a experiência com phones que agora beneficiam de áudio 3D. Jogar com áudio 3D, especialmente com bons phones ajuda a melhorar a experiência sem sombra de dúvida, especialmente em jogos como Demon’s Souls.

No final da grelha de acesso temos a biblioteca onde temos todos os jogos adquiridos e onde podemos ver o que está instalado, o que respeita à colecção do PS Plus e até jogos do PS Now. Aquilo que me aborreceu mais nesta grelha, é a forma como ele empurra jogos que não jogamos há algum tempo para o seu lugar respectivo na tabela pela sua prórpria ordem. Felizmente existe forma de procurar por ordem alfabética ou por aquisição, mas é pena que não exista uma forma de pesquisar por letra.

O menu da consola está claramente ainda numa fase embrionária, embora já funcione bastante bem. Existe aqui muito ainda por evoluir e coisas por limar, mas o que cá está funciona bastante bem.

Os jogos e o SSD

Nesta secção não vou falar da qualidade dos jogos em si, isso podem ver nas nossas análises que vou deixar links mais perto do final em baixo. Aqui é o espaço onde falamos da experiência com os jogos em si, a velocidade de acesso e se a consola parece ser digna de uma “nova geração”.

Começando pelo descarregar e instalar, o facto da PS5 ter um SSD faz com que tudo seja bem mais rápido do que alguma vez experimentaram nas gerações mais recentes. A consola liga, instala e executa tudo muito mais rapidamente e isso permite que os jogos arranquem para o menu ou façam loadings a velocidades impressionantes. Até os jogos de PS5 não optimizados acabam por cortar vários segundos no seu carregamento.

Conseguimos deixar jogos em stand-by e entrar logo na acção quando voltamos a ligar a consola. Também passar entre jogos é muito mais rápido, sendo que alguns até permitem saltar de imediato para determinados níveis sem ser necessário passar por todos os menus.

A nível de jogo em si, a PS5 consegue puxar os jogos até 8K…mas não por agora (é de esperar um patch mais tarde). De momento só será possível jogar a 4K com possibilidade de ir além dos 60fps. Curiosamente, maior parte dos jogos voltam a incluir a possibilidade de alterar entre Performance a 60fps ou mais com 4k Upscale ou 4k nativos com 30fps. Tenho a dizer que preferi em todas as minhas experiências jogar a 60fps, mesmo que perca ray-tracing, jogar a 6ofps ou mais é uma experiência muito melhor do que ter um pouco mais de definição. Quero no entanto deixar claro que fiquei decepcionado por não poder ter o melhor dos dois mundos numa consola nova e muito “mais poderosa”.

Jogos como Demon’s Souls e Godfall são bons exemplos de como algumas experiências podiam ser jogadas na geração anterior, mas que existe diferença notória a nível visual, partículas, distância de renderização significativamente maior e tudo apresenta muito mais detalhe. Se pensavam que a nova geração não ia conseguir encher o olho, estavam enganados. Tendo em conta a evolução ao longo de cada consola, este ser o início é bom preságio.

É também bom ver que os jogos que estão a receber upgrades estão com muito bom aspecto e bem mais próximos do que se esperava que a PS4 Pro conseguisse fazer bem dentro dos 4K 60fps. Só espero que mais companhias consigam voltar aos seus jogos antigos e permitam estes boosts visuais e de FPS. Tenho muita pena no entanto que a retrocompatibilidade esteja limitada apenas à PS4, pois embora perceba que não é fácil emular PS3, não era nada complicado correr PS1 e PS2 na consola.

A PS5 continua a precisar de PS Plus para jogar online, mas ao menos o serviço adicionou uma grande quantidade de jogos de qualidade que podem jogar logo desde o primeiro dia. Claro que muitos deles são mais do que conhecidos e muito vendidos, mas a ideia é boa e espero que este catálogo seja expandido no futuro.

Apesar das coisas boas, ainda tive alguns problemas com erros de instabilidade da consola, erros ao tirar a consola do modo stand-by e vários momentos em que a consola luta para descarregar a versão PS4 em vez da versão de PS5 de alguns jogos que já têm upgrade. Por outro lado, não sou grande fã do novo método de gravação de gameplay, especialmente por não permitir exportar jogabilidade de 4K em MP4, havendo um ficheiro webm. que não é nada prático. Retirar qualquer coisa pelas portas USB também continua a ser lento, mesmo usando uma pen USB 3.0.

Por fim, falta falar aqui do Remote Play que é uma das grandes ferramentas da consola que quase ninguém conhece. Tendo instalado remote play no meu telemóvel e portátil, posso relatar que consegui jogar bastante bem longe de casa e através da internet em zonas com bom Wi-Fi. Durante as apresentações do LGW passei quase uma hora inteira a jogar Demon’s Souls no telemóvel com o Dualshock 4 e correu lindamente, apenas tendo quebras muito ocasionais (foi assim que derrotei o boss do 2-1). Com 5G a caminho, pode ser que a Sony permita usar dados móveis para este processo e a experiência possa correr em qualquer sem problemas.

Conclusão

Depois de várias semanas seguidas de utilização, várias coisas testadas e com várias análises feitas, não há como dizer que não vale a pena comprar uma PS5. A maior dúvida surge na versão, sendo 100 euros mais cara a versão com disco. Por isso se gostam de físico e têm vários jogos de PS4 em casa, esta é a versão ideal. Quem opta sempre por digital, então não vão sentir diferença alguma, pois as consolas são iguais no interior.

A PS5 é no global a melhor forma de jogar os vossos jogos de PS4 que ficaram pendurados e já existem aqui experiências de nova geração que ajudam a justificar o salto. Aliás, a PS5 é a única consola de nova geração que foi lançada com exclusivos, o que sempre diz alguma coisa. Juntem a isto um comando inovador e temos aqui uma consola que não é apenas um pequeno upgrade. Claro que não é obrigatório que dêem já o salto (até porque o stock está complicado de encontrar), mas não se vão arrepender caso o façam.

Uma consola é sempre um investimento e uma nova geração é sempre um passo grande. Apesar do valor, a PS5 não é cara para o que faz e não é um investimento anual. Se comprarem durante os próximos meses só vão precisar de investir numa nova geração (ou caso queiram uma PS5 Pro se sempre vier a existir), o que diz que vão aproveitar o investimento pelo menos entre 3 a 5 anos. A nossa experiência não foi perfeita e vimos que há muito por onde melhorar, mas os positivos são muito mais do que os negativos e mesmo estes vão certamente ser corrigidos com o passar do tempo.

Se estão entre aqueles que estavam à espera da PS5, já tinham o dinheiro de parte para a comprar e não querem esperar muito mais tempo, então avancem sem receio. A PS5 é uma evolução significativa, um bom início de geração e uma consola mais do que recomendada.

Análise – Spider-Man Miles Morales [PS5]
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Análise – Astro’s Playroom
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Daniel Silvestre
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