Uma carta para… Queridas produtoras de videojogos com inimigos OP

letter

De todos os jogos que já joguei na minha vida guardo rancor de uns quantos e se dependesse das minhas pragas provavelmente existiriam menos pessoas na indústria dos videojogos. Aquele sentimento que aparece quando estamos prestes a terminar um jogo mas existe algo no nosso caminho, um Boss, a última cartada do jogo para nos derrubar. Assim sendo:

 

Queridas produtoras de videojogos com inimigos OP, escrevo-vos na esperança de vos encontrar na angústia dos infernos pelos quais me fizeram passar. Desejo contar-vos a minha experiência com os tormentos que vossas excelências criaram.

Tudo começou há muitos anos, quando as arcadas nos queriam comer todas as moedas, incluindo o dinheiro do lanche. Pagar 50 escudos para ter direito a 3 vidas ou uma sequência de combates até sermos derrotados, enfim… tanta ganância e tanto vício numa só máquina.

Lembro-me de ser pequeno e o café local ter uma dessas maquinetas cheia de botões, primeiro foi Puzzle Bobble. Olhem-me só para estes simpáticos dinossauros/dragões, se na altura existissem peluches destes bichos, eu tinha-os comprado.
Este jogo de puzzle ao género de juntar 3 bolas da mesma cor para as fazer explodir e ir limpando a área de jogo era e é viciante, o  problema é que as moedas de 50 escudos não eram muito abundantes e parecia possível chegar sempre um pouco mais longe com cada moeda. Isto é, até chegar àqueles níveis capazes de fazer frente a um supercomputador. Este foi o meu primeiro encontro problemático, nem as moedas combinadas de toda a vizinhança deram cabo deste jogo.

puzzleboble

Pouco tempo depois mudaram a arcada, desta vez era um jogo de luta muito pouco conhecido, Mortal Kombat. Honestamente já não me recordo qual era o Mortal Kombat, mas sei que o Boss Final era o Shao Kahn e que nunca o venci. Tantas moedas perdidas.

Mas passemos para os jogos pelos quais pagamos, por exemplo Legend of Korra, o meu mais recente tormento. O jogo está tão bem optimizado no que diz respeito à dificuldade que tão depressa estamos a cortar manteiga com um lança chamas e uma katana, como estamos a tentar arrefecer um vulcão com uma pistola de água… dos chineses… com um depósito de 30cl… furado… e cheio de gasolina.

Cheguei  a falar do Boss final desse jogo? Acreditem quando digo que as minhas piores pragas não começam a descrever o que sinto.

legendofkorra-game-pn

Porque não falar de um jogo relativamente obscuro como Bound by Flame, eu gostei do jogo, até o repeti, mas o último Boss… Para quê um mostrengo daqueles num jogo como Bound by Flame!? Porquê?

Mas vocês pensam que são os maiores, é? Acham que eu não tenho estofo para derrubar as vossas criações? Ora vamos lá comprar Ninja Gaiden Sigma 2 para a PS3 e passar isto em difícil. Parti um comando, não passei do 4º Boss e ainda me aleijei na mão quando espetei com o comando no chão…
Em minha defesa tirei-lhe 90% da barra de vida.

ninja_gaiden_sigma_do_you_choose_to_abandon_the_way_of_the_ninja

Mais recentemente fui jogar a trilogia Uncharted para a PS4 e como gajo orgulhoso que sou resolvi entrar a matar com a dificuldade “Esmagador“, confesso que não aprecio Uncharted de outro modo, adoro este nível de dificuldade, é perfeito. Obriga-nos a evitar o conflito ou eliminar os inimigos pela calada.
Mas claro que nunca ninguém fica satisfeito, porque não criar um modo onde se morre com um ou dois tiros, depende da arma, e de caminho passar a apanhar 3 ou 4 munições em vez de 20 ou 30…
Algo me diz que vou partir outro comando… mas é para passar!

O que é que quero dizer com isto tudo? Afinal estou a falar mal da dificuldade e ao mesmo tempo a congratula-la? É que há casos e casos. Existem casos em que temos um jogo tão bem optimizado que se pode dar ao luxo de criar um desafio maluco, e depois temos jogos medíocres que acham que são bons jogos. E mesmo os bons jogos por vezes abusam e entregam um modo extremamente complicado e muitas vezes sem necessidade nenhuma, mas aí é opcional.

hush into the darkness

Voltemos então ao tema central desta carta, inimigos OP, estes inimigos estragam a a experiência pois quebram o ritmo de jogo, por vezes em RPG’s encontramos um inimigo que está a nível 100 e nós estamos a 50 o que vai implicar grinding. Um bom RPG está tão recheado de conteúdo que raramente existe necessidade de grinding.

Em jogos de acção basta fazer um inimigo que consegue começar a dar um murro, beber um chá, lavar e secar a roupa e só depois termina o murro, ou não conseguirmos defender aquele golpe que é sempre possível de defender com outros inimigos. Enfim aquelas situações que são difíceis porque alguém disse, era engraçado agora o jogador atirar a consola à parede.

Em jeito de conclusão, obrigado a todas as produtoras que fazem jogos difíceis, repletos de inimigos demasiado poderosos mesmo quando escolhemos o modo fácil. Acima de tudo obrigado ás empresas que produzem soluções para acalmar a azia.

Alguém quer partilhar as suas histórias pessoais com jogos injustos?

Latest posts by Alexandre Barbosa (see all)
Share

You may also like...

error

Sigam-nos para todas as novidades!

YouTube
Instagram