Análise – American Horror Story 5 – Hotel

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Não é todos os dias que uma das minhas séries favoritas termina com a promessa de voltar para uma nova mais perto do fim do ano. American Horror Story é uma das minhas séries favoritas por se dar ao luxo de contar uma história totalmente diferente a cada temporada e ao mesmo tempo manter os actores em papeis diferentes. Isto dá ao espectador um sentimento de conhecer as personagens de imediato mas poder ser surpreendido, como ver um velho amigo com quem lidávamos diariamente mas já não o vemos há tanto tempo que apesar de o conhecermos na nossa mente, hoje é uma pessoa totalmente diferente.

American Horror Story Hotel começa por voltar a um conceito mais próximo do original, um edifício assombrado. Juntamente a um conceito próximo, existe a ausência de Jessica Lange que tomou as rédeas da série desde a segunda temporada. Não vou mentir, a ausência é sentida a inicio mas o desenvolvimento da série faz com que rapidamente deixemos de sentir a falta da mesma. Esta é uma temporada em que a história é para esquecer, ou quase.

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Para além daquilo que vemos no ecrã, não existe muito a especular, a história mantém-se simples mas interessante, aquilo que American Horror Story Hotel utiliza para manter o espectador agarrado é o timing. Esta é talvez a temporada que me manteve mais agarrado pela forma como as personagens interagem e os tempos da acção não podiam ser mais pertinentes. Imaginem que estão a assistir a um jogo entre actores, a história é feita no momento e pouco mais; este é o conceito de Hotel, se não fosse pelas personagens e pelos actores, Hotel teria sido de longe uma das piores séries de TV do ano.

Toda a história que aqui existe é fruto das personagens, honestamente até que acaba por fazer sentido, um Hotel é um local onde passamos pequenos trechos das nossas vidas, uma noite enquanto viajamos, uma semana enquanto estamos de férias. Cada quarto absorve apenas um breve momento das nossas vidas, e é daí que Hotel absorve a sua energia. As personagens de AHS Hotel são quase todas criadas a partir das circunstâncias da sua morte e daquilo que deixam por fazer, e ali ficam atormentadas dentro de um edifício.

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Como estamos a falar de um Hotel assombrado, é natural que muitas das personagens tenham vivido períodos históricos diferentes, o que está bem assente na caracterização de cada uma, a história das personagens faz com que as suas acções no presente possam ser entendidas pelo espectador, mas nem por isso conseguem a simpatia pela qual anseiam. No fim fica a faltar a explicação do porquê de este ser um edifício com estes poderes sobrenaturais, e isso seria um ponto interessante a explorar enquanto conceito comum, em vez de pequenas histórias ligadas pelo acaso.

É algo complicado de explicar o que é que me agarrou realmente a esta temporada, normalmente o que me agarra é a história, mas aqui foram as personagens e as suas próprias agendas, ao mesmo tempo cada uma guarda algo com elas, um segredo, uma motivação. No fundo aqui existe uma história, não é é aquela pela qual esperamos, e falando no inesperado, há já algum tempo que não era surpreendido por reviravoltas como nesta temporada.

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Um dos pontos que tem vindo a ser apontado a American Horror Story Hotel é a forma como cenas de violência, em qualquer estado que esta seja apresentada, tem uma enorme facilidade em ser dada de forma gratuita, como se não existisse razão para tal. Meus senhores e minhas senhoras, tenham em mente a série que estão a ver antes de dizer o que quer que seja. Se em anteriores temporadas a história fazia com que a morte violenta de uma personagem fosse aceite, aqui entendam que é a mente da personagem que está a actuar, ela não precisa de dizer em voz alta o porquê, faz parte dela.

As personagens principais desta narrativa são Liz Taylor (Denis O’Hare), que acaba por ser a melhor personagem desta temporada, Liz contracena principalmente com Iris (Kathy Bates) que é uma personagem com os seus altos e baixos sendo uma personagem complicada de entender a inicio. Ainda dentro das personagens principais está a estrela que deu a cara e serviu como alavanca para a promoção de Hotel, A Condessa (Stefani Germanotta, mais conhecida por Lady Gaga). Lady Gaga salta directamente para um papel principal na série e faz um trabalho satisfatório, e é difícil julgar a sua prestação. Se em alguns momentos a personagem brilha noutros ela está apenas lá. Pessoalmente espero pela sua próxima prestação para poder fazer um melhor juízo sobre Lady Gaga enquanto actriz.

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Existem muitas personagens que se vão juntando a esta história, algumas ficam outras vão, mas tenho que falar daquela que para mim foi uma excelente prestação, mas uma péssima ideia. Durante o decorrer da história é nos dito que existe um assassino em série que está tentar completar um trabalho levado a cabo à muitos anos por uma outra pessoa, toda esta história é explicada e faz sentido, e a prestação do detective John Lowe (Wes Bentley) está bem executada. Esta é uma adição que no fim da história é simplesmente irrelevante. Eu dei por concluída esta saga antes de a série terminar e se não fosse pelo último episódio nos obrigar a revisitar o destino de muitas personagens eu teria-me esquecido destas.

Esta é sem dúvida a minha maior queixa quanto a American Horror Story Hotel, a história que envolve John Lowe e família parece fazer sentido mas desenvolve-se de uma forma que deixa muito a desejar.

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Esta temporada passa-se maioritariamente no mesmo cenário, um Hotel, e como tal a devida atenção foi atribuída a este espaço. À primeira vista a decoração clássica destaca-se por estranheza mas rápidamente existe um entendimento por parte do espectador e os detalhes do cenário sobressaem. Nunca nos chegamos a cansar dos mesmos quartos que apesar de idênticos na decoração se mantêm diferentes quer pela sua disposição quer pela forma como são apresentados.

A caracterização das personagens está excelente, apesar de algumas não mudarem sequer de roupa, é evidente que existiu bastante trabalho por trás de cada uma.

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Quanto ao departamento sonoro desta temporada resta-me dizer que acompanha o tema de Hotel e que me ficou na cabeça, já quanto a efeitos sonoros penso que exageraram com as facas.

No geral Hotel encontra-se num patamar diferente das outras temporadas, a história cai para segundo plano e os problemas que isso traz são resolvidos pela prestação dos actores que em conjunto com o timing correcto, criaram uma temporada para devorar de uma vez só.

 

Positivo

  • Liz Taylor é uma excelente personagem e brilhantemente interpretada
  • Ambiente do Hotel
  • Prestação geral dos actores
  • Timing
  • Alguns momentos surpreendentes, poucos mas muito bons
  • Viciante e melhor vista de uma assentada

Negativo

  • História poderia estar mais desenvolvida
  • Lady Gaga tem uma prestação mediana e uma personagem que quer ocupar um foco central
  • Grande parte da história que revolve em torno do detective John Lowe acaba por ser desinteressante
  • Ficaram por explicar alguns detalhes

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