Análise – Evereste

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O ser humano é provavelmente o único animal capaz de conseguir grandes feitos e em simultâneo atingir um patamar igualmente épico de estupidez. No fundo o que quero dizer com isto é: Até onde estão dispostos a ir para viver uma aventura e porquê?

Como devem ter associado pelo título do filme, Evereste é um filme baseado em eventos reais que ocorreram em 1996, é uma mistura de aventura e desolação. Verdade seja dita que mesmo não conhecendo a história que deu origem a Evereste rapidamente associamos um filme como este a uma situação trágica, e essa minha suspeita confirmou-se.

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Depois de subir o monte Evereste, Rob Hall (Jason Clarke) decide montar a primeira indústria de turismo para levar pessoas ao cume da montanha mais alta do mundo. São feitas algumas expedições com algum sucesso mas o filme centra-se na expedição do fatídico ano de 1996.

Somos apresentados aos guias destas expedições e logo de seguida aos turistas que apesar de tudo têm experiência em subir montanhas. No entanto em 1996 as pisadas de Rob Hall já tinham sido seguidas por outros montanhistas experientes que começaram a organizar as suas próprias expedições. Um desses empreendedores é um amigo de Rob Hall, Scott Fishcer (Jake Gyllenhaal) esta personagem tem uma apresentação bastante estranha.

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Scott é apresentado desde logo como um velho amigo e ao mesmo tempo uma personagem com um comportamento irresponsável. Tornou-se imediatamente numa personagem pela qual é difícil criar empatia não só pela rápida apresentação como pelas pequenas sequências em que participa. É como um estereótipo que vai aparecendo aqui e ali.

Existem muitas mais personagens no filme, no entanto apenas mais duas me conseguiram marcar: Charlotte Fox (Amy Schindler) por ser um elo de ligação constante entre os vários pontos da narrativa e Doug Hansen (John Hawkes) por ser o catalisador da desgraça e a típica personagem com um objectivo enternecedor mas que dá a entender não ser a mais capacitada para o objectivo.

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Após os momentos iniciais que mostram uma aventura promissora, Evereste decide atirar-nos com um primeiro momento dramático que envolve uma escada, uma ravina, uma pessoa e bastante vento. Penso que não preciso de elaborar a cena para que percebam onde todos estes elementos vão culminar, esta primeira cena cria um pequeno problema de exposição para o espectador de modo a ilustrar os perigos.

Por esta altura já nos apercebemos que existem mais pessoas para escalar até ao topo, no entanto só aqui nos apercebemos que esse número de pessoas é bastante elevado e que todas as companhias querem chegar ao topo no mesmo dia, fazendo com que a rota fique ainda mais perigosa. É através deste problema que os velhos amigos Rob e Scott decidem unir forças para dominar a montanha.

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A partir deste ponto, Evereste concentra-se na subida dos alpinistas e por entre desistências e alguns problemas os poucos que chegam ao cume deixam a sua bandeira e existe aquele momento de alívio. No entanto a parte de que muitos se esquecem é que tem que existir uma descida e é nesta parte que reside o verdadeiro drama do filme. Sem entrar em muitos detalhes o filme transforma-se num turbilhão de emoções tudo porque Rob decide quebrar uma das suas regras.

No entanto antes deste momento existe uma cena onde perguntam a todos os presentes porque é que estão a fazer isto. Pessoalmente estava à espera de uma cena onde cada uma das personagens justifica-se as razões de uma maneira sentida mas isso não aconteceu exatamente do modo que esperava. Enquanto algumas personagens tinham razões para o fazer, a razão predominante foi o porque posso e o porque quero. Esta cena foi um pouco conturbada para o tom que o filme estava a ter para mim. Se por um lado esperava respostas que embelezassem o filme, por outro foram respostas sinceras que se aplicam mais facilmente ao mundo real.

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Ao assistir a esta última parte do filme, a história que me foi passada é a história das consequências de não respeitar os sinais em nosso redor, Rob sabia o que se passava e mesmo assim foi em frente, as consequências desenrolaram-se e caberá a vós tirarem as vossas conclusões.

Mudando então da história para a apresentação, este é um filme onde predomina o branco e o cinzento. Por ser um filme com tons tão claros, qualquer outra cor salta imediatamente à vista, incluindo as coloridas indumentárias dos personagens que envergam kispos bastante coloridos. Tendo como pano de fundo predominante as paisagens do Nepal mais concretamente do Evereste estes foram alvos de um grande cuidado e mais uma vez as tradicionais bandeirolas com tecidos de várias cores saltam à vista..

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Muitas das paisagens exibidas são um regalo para a vista e a atenção prestada a alguns detalhes ajudou a consolidar o ambiente. Por outro lado em certos pontos do filme foram criadas tempestades bastante realistas que tanto visualmente como sonoramente me fizeram estremecer e confesso que até me sabia bem ter levado um casaco para a sala de cinema. Falando ainda no gelo e neve, este é um dos poucos filme onde a neve não é criada por esferovite e estou extremamente agradecido por esse cuidado que ajudou imenso na credibilidade de algumas cenas.

A banda sonora deste filme aparece apenas e exactamente quando deve, não é muito comum serem-me proporcionados arrepios “pela espinha abaixo” mas a banda sonora de Everest consegui-o 3 ou 4 vezes.


Everest acaba por ser um filme com uma história e uma mensagem, para mim foram recebidas desta forma, não quer dizer que todos vão chegar à mesma conclusão que eu. Ainda assim é inegável que este é um trabalho de qualidade que peca apenas pelo fraco cuidado com algumas personagens.

Positivo

  • História
  • Desenvolvimento
  • Apresentação
  • Banda Sonora
  • Jason Clarke fez um bom trabalho com a sua personagem

Negativo

  • Algumas personagens não estão em cena o tempo suficiente

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Alexandre Barbosa
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