Save Files – Parte 1: O ataque da cegonha

Hoje em dia, com a forma como a tecnologia evoluiu e começou a facitar a vida, é comum que cada vez mais existam formas de salvaguardar que o nosso tempo não é perdido e temos o máximo retorno possível.

Por isso mesmo, vamos regressar uns anos atrás e relembrar os “bons velhos tempos” em que guardar um videojogo era um processo manual imperativo que não podia ser feito de forma leviana.

Certamente já ouviram falar de histórias míticas onde pessoas com consolas sem cartão de memória passavam dias com o sistema ligado para não perder o progresso num determinado jogo, mesmo que as consolas já tivessem forma de gravar para os ditos cartões.

Indo ainda mais atrás temos os tempos “dourados” das consolas que usavam códigos grandes o suficiente para criar um foguetão lunar, os quais eram a nossa forma de continuar um jogo onde tínhamos ficado. Não era prático, mas era o que havia, por isso mesmo, estes jogos eram feitos para acabar em poucas horas, mas durar uma eternidade em repetições.

No entanto, existem sempre imprevistos e acabam sempre por surgir histórias para contar dos momentos mais caricatos e nos remotos tempos em que jogava Socom online na PS2 como Beta Tester, uma das nossas partes favoritas do jogo era estar à conversa com os outros. Uma bela noite em conversa sobre azares com os videojogos, ficámos todos a saber que a história mais caricata envolvia um animal totalmente aleatório.

Um dos nossos colegas de armas do Socom contou que um dia tinha perdido uma data de horas num jogo do qual já não me recordo, não porque os pais desligaram a consola ou porque ela se avariou, mas sim porque uma cegonha resolveu ir contra o poste de alta tensão e mandar a electricidade de toda a zona a baixo. Como prémio de originalidade, esta foi uma história que inspirou a expressão “o ataque da cegonha”.

Embora os ataques da cegonha tenham diversos formatos, podem acontecer também por pura parvoíce e foi isso que me aconteceu na história que passo a partilhar (porque eu gosto que se riam das minhas “desgraças” como é óbvio).

Zone of the Enders 2 era um dos meus jogos mais aguardados e no ano em que saiu, comprei mal o encontrei à venda na loja. Acabei o jogo depressa, mas como não tinha muitos mais para jogar, pensei em espremer a coisa até ao tutano. Por isso quis acabar o jogo em todas as dificuldades (o que não é pera doce).

Jogar Zone of the Enders 2 no modo mais difícil é complicado e requer morrer muitas vezes até que saia exactamente bem. Passar o jogo neste modo já me estava a durar umas boas 8 horas num belo dia de férias de Páscoa. Um dia chuvoso. Um dia com algumas perturbações climátericas.

Depois de várias horas de jogo e muitos acessos de frustração, já perto da parte final, um relâmpago resolve meter toda a zona onde morava às escuras. Nada de preocupante, não fosse o Daniel estar demasiado confiante que conseguia passar este modo…sem gravar.

8 horas de luta e frustração foram pelo cano a baixo e nunca mais voltei a jogar Zone of the Enders 2 para terminar este modo. Foi como se tivesse colocado uma cruz sobre o jogo e este modo tivesse deixado de existir para mim. A culpa não foi do jogo, nem do relâmpago, foi do meu ego de jogador “a sério”.

Como é óbvio não é preciso de descrever os momentos que se seguiram, parte deles às escuras. Mas que se juntaram a momentos como perder horas num qualquer RPG pelo mesmo motivo.

O ataque da cegonha é algo que hoje em dia já não diz tanto com todo o estilo de Auto Saves, mas é uma realidade que muitos deverão lembrar com poucas saudades, especialmente se são jogadores de jogos de acção com história ou RPG de longa duração. De qualquer forma, este fenómeno é um capítulo até pouco falado dos azares de ser um jogador. Pouco falado, talvez por motivos que todos querem evitar recordar!

Daniel Silvestre
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