Análise – Wo Long: Fallen Dynasty

Quando a Tecmo Koei resolveu abordar o universo dos jogos ao estilo Souls com Nioh, o facto de escolher cenários diferentes e um tema distinto do medieval, fez com que a viagem ao Japão medieval cheio de magia e demónios fosse uma ideia positiva, especialmente no choque entre um europeu que tinha de viver uma história no outro lado do mundo.

Porém, com Wo Long: Fallen Dynasty, subitamente parece que a companhia está a aproveitar os conceitos da From Software um pouco demais, pois este novo jog0, embora positivo, vai beber muito a outro jogo com um tema e conceitos muito familiares, claro que já perceberam que estou a falar de Sekiro.

Wo Long: Fallen Dynasty faz com que a Tecmo Koei esteja claramente em casa, pois a história que encontram aqui é baseada na era Han da China, o que quer dizer que muitas das personagens são as mesmas da série Dynasty Warriors, embora num mundo alterado, cheio de criaturas mitológicas, magia e com uma história que não faz muito sentido na maioria do tempo e que não tem assim tantos momentos marcantes. Claro que a mão aqui é da Team Ninja, mas é claro que as bases das personagens foram aproveitadas para este jogo vindas da Omega Force.

Onde Wo Long: Fallen Dynasty aposta forte é na sua jogabilidade claramente dirigida a um núcleo sólido absorvido de Nioh, ao qual foram consideradas novas formúlas e sistemas. Isto acontece porque a Team Ninja quis adaptar para o seu jogo o sistema base de reflexos rápidos de Sekiro, por isso acertar nos tempos exactos para desviar o ataque dos inimigos é o centro de toda a acção. É um sistema que funciona bem e está cheio de momentos empolgantes, mas não é exactamente para mim ou para jogadores que se dão tão mal com jogos de ritmo onde temos de ser certeiros com “timmings”.

Mas como funciona então? Em Wo Long: Fallen Dynasty a nossa personagem e os inimigos têm direito a uma barra de moral que sobe consoante atacam e bloqueiam o ataque de um inimigo e desce ao sofrer dano, desviar ou ao longo do tempo. É um sistema que envolve alto risco para alta recompensa e que demora a interiorizar, mas que fica cada vez melhor à medida que a coisa vai ao sítio e encaixa ao final de umas horas. Ter combates contra um inimigo poderoso e vencer ao bloquear todos os ataques pelo caminho é verdadeiramente recompensador. A juntar a isso, existe toda uma selecção de magias e artes marciais que podem ser desbloqueadas e equipadas que aumentam imenso o estilo de abordagem que podemos ter aos combates com os diferentes tipos de inimigos.

Tal como Nioh, Wo Long: Fallen Dynasty usa o mesmo estilo de cenários fragmentados, funcionando como missões com inimigos mais fracos ao início que vão dando lugar a outros mais fortes e aos típicos bosses no final do nível. A grande alteração é uma introdução bastante positiva de um sistema de bandeiras que funcionam não só como Check-points, como a introdução de um sistema de moral que influência a dificuldade dos inimigos do cenário. Além da vossa prestação em combate que influência a moral, estas bandeiras que podem apenas ajudar a moral ou servir até como as Bonfires de Dark Souls, vão aumentar toda a moral da equipa e ajudar a combater contra inimigos com a moral mais elevada. É um sistema divertido e que até incentiva a explorar melhor os cenários para encontrar todos os sítios onde as podemos colocar.

Quase todos os episódios da história vão atirando novas personagens para a acção que nos vão acompanhando e lutar ao nosso lado, estes além de ajudar, também chamam a atenção dos inimigos, o que é uma ajuda valiosa para quem está a iniciar as suas aventuras neste género. Os soldados que podem recrutar não são os mais habilidosos ou inteligentes e morrem até com alguma frequência contra inimigos que usam ataques mais fortes. Porém, existe a hipótese de juntar amigos ou pessoas online para ajudar com esse trabalho, o que é uma solução válida, mas que acaba por tornar o jogo em algo mais fácil, mesmo que exista uma espécie de balanceamento.

Tal como Nioh, Wo Long: Fallen Dynasty também usa o mesmo sistema de Loot com uma fornada de equipamentos e items a cair dos corpos dos inimigos ou de baús que encontramos nos cenários. Apesar de estar ao nível de Nioh, este sistema de Diablo não funciona aqui tão bem, pois os equipamentos são todos muito parecidos e com poucas diferenças, o que faz dele uma selecção mais aborrecida de muita tralha dentro dos menus do que efectivamente de coisas interessantes para equipar. Felizmente, existe um sistema de respec que deixa que usem a imagem de uma arma ou equipamento.

A campanha ainda é bastante longa, indo além das 20 horas, mas podem aumentar ainda este volume com as missões secundárias que vão sendo desbloqueadas e a jogar às invasões no modo online. Existe ainda um modo New Game Plus, mas não me senti compelido a voltar a fazer a história, pois senti que já tinha visto tudo o que havia para ver na primeira passagem, pois os cenários ainda se repetem um pouco, assim como os inimigos.

Em termos gráficos, Wo Long: Fallen Dynasty tem coisas muito boas e coisas que ficam muito áquem, quase como se tivessem colocado elementos visuais ao calhas num saco e abanado até sair o que aqui temos. Tão depressa temos modelos visuais de qualidade, como a seguir somos enfrentados por inimigos com texturas e detalhes muito fracos. Os cenários variam entre o bom e o razoável e o que acaba por se destacar é o design e direcção artística. A banda sonora é positiva sem ser fantástica e o trabalho vocal em japonês é bom, mas passa muitas vezes ao lado, especialmente por a história ser aborrecida ou por serem dito coisas durante a exploração dos cenários que se perde na acção.

Até ao terceiro cenário, Wo Long: Fallen Dynasty estava em risco de ter uma pior nota, mas com o encaixar das peças e com alguma dedicação, consegui ganhar mestria do jogo e quase tudo o resto pareceu mais fácil do que os dois primeiros bosses (em especial o primeiro). É verdade que vai roubar a Sekiro tal como Nioh foi a Dark Souls, mas acaba por formar a sua própria identidade, sem ser ainda uma referência. Talvez um segundo jogo possa fazer com que ganhe a sua própria identidade, mas por agora, é mais uma boa oferta dentro do género.

Positivo:

  • Combate acaba por se tornar natural
  • Sistema de magias e habilidades
  • Presença de aliados
  • Código de moral é muito intressante

Negativo:

  • Visual inconstante
  • História sem grande chama
  • Equipamentos a mais

 

Daniel Silvestre
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