Qual é o valor cinematográfico de uma franchise com robots alienígenas gigantes, munidos de arsenal militar, enquanto protagonistas? É baixo. Para rentabilizar o produto, não há muito mais a fazer do que encarar de frente o que realmente é: robots alienígenas gigantes, munidos de arsenal militar. Michael Bay entende o que são os Transformers muito bem, e como desenvolver a temática no grande ecrã. O quarto capítulo da saga regressa com os condimentos que tornam a franchise popular, nomeadamente, explosões, automóveis topo de gama, acção, top-models e a derradeira batalha durante o clímax.
Para uma grande franja dos espectadores, o primeiro filme foi bem aceite, afinal, o factor “uau”, a nostalgia e a novidade contagiaram os fãs da acção frenética. A transposição de Optimus Prime para a Sétima Arte resultou e abriu o apetite para mais. Os dois títulos seguintes não correram assim tão bem, Revenge of the Fallen e Dark of the Moon não têm a frescura do primeiro capítulo e alguns erros, promovidos por Michael Bay, tornaram Transformers num alvo fácil de chacota (estereótipos racistas, product placement, exagero nas explosões e saturação dos elementos que valorizaram a franchise).
Transformers: Age of Extinction conta com um novo elenco e um novo enquadramento. Michael Bay eliminou Sam Witwicky (Shia LaBeouf) e adoptou Cade Yeager (Mark Wahlberg) como protagonista. Cade é um chefe de família, com problemas financeiros, que reedita com Tessa Yeager (Nicola Peltz) e Shane Dyson (Jack Reynor) a dinâmica do filme Armageddon, na qual o pai não consegue conceber uma realidade em que a filha namora (na altura, encenado por Bruce Willis, Bem Affleck e Liv Tyler). Pelo meio, a família Yeager descobre um Transformer e é perseguida pelo governo.
Apesar de não existir nenhuma interpretação extraordinária, o novo elenco oferece mais qualidade e maturidade à franchise. A história está um farrapo, mas há diálogos e situações engraçadas, potenciadas pela experiência de Stanley Tucci, Kelsey Grammer, Harold Attinger e T.J. Miller.
Ignorando as sumárias críticas e a facilidade em “bater no ceguinho”, Michael Bay não é a pior coisa que aconteceu no cinema moderno. O realizador entende a linguagem visual e tem um cunho original no que faz. Existem enquadramentos e movimentos da objectiva que só Michael Bay concebe, e opções que resultam em favor do cinema de acção. Agora, existem problemas. Michael Bay insiste nas mesmas ferramentas… várias vezes, o que torna a narrativa visual previsível e chata (independentemente das explosões). O uso de contrapicados é “giro”, mas à “enésima vez”, o espectador cai na tentação de ignorar a acção e magicar: “onde estava a camera naquele momento?”.
Do ponto de vista técnico, voltam os mesmos problemas dos filmes anteriores. O departamento de efeitos visuais não tem o jogo de cintura para distinguir Autobots e Decepticons, o que é um problema para o espectador (estou a torcer por quem afinal?). Os pontos fortes estão na criativa mistura sonora e na direcção de fotografia, que funde tons frios e quentes.
O que fazer com Transformers: Age of Extinction? Não se trata da Era da Extinção da saga, porque avizinha-se um quinto filme, mas o conceito já está esgotado. O quarto capítulo é melhor do que os dois filmes anteriores, mas não era muito difícil.
Age of Extinction é pouco mais do que o mesmo, com algumas novidades positivas, é certo, mas insuficientes. Mark Wahlberg é uma boa adição, e o drama em redor do protagonista é um cliché que não ofende a inteligência do espectador. Os Dinobots são “fixes”, mas deixam a sensação de que Michael Bay usou o truque do porta-chaves para distrair os bebés. É fraco, mas já foi pior.
Positivo
- Diálogos
- Humor
- Elenco
- Drama pai e filha
Negativo
- Cenas de acção
- Clímax
- Realização
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