Análise – The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

Visto que cometi a atrocidade de deixar The Legend of Zelda: Breath of the Wild passar-me ao lado, vi esta análise de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom com bons olhos e uma excelente chance de me redimir. O jogo esteve “no forno” desde 2017 e o anuncio em 2019 deixou os fãs a salivar por esta que seria a sequela de Breath of the Wild. Vejamos então como se encontra esta nova aventura por Hyrule.

O início desta história é marcada por uma investigação de Link e Zelda pelas profundezas do castelo de Hyrule que após algum tempo de investigação, os nossos heróis descobrem uma personagem em estado mumificado cuja aparência é muito semelhante ao mítico vilão Ganondorf. Este encontro entre os três é marcado pelo acordar desta múmia que causa o misterioso desaparecimento de Zelda, corrupção de toda a região de Hyrule, a destruição da Master Sword e o enfraquecimento de Link. Mais uma vez o nosso herói terá de encontrar Zelda e recuperar todas as suas forças.

Como forma de apresentação para esta nova aventura começamos na zona aérea de Great Sky Island onde iremos perceber toda a mecânica do jogo e aprender a usar a nova ferramenta que está agarrada a Link, o braço de nome Ultrahand. Nesta ilha gigante aérea com um ambiente menos hostil, vamos atravessar algumas masmorras mais simples, aprender novas habilidades sejam elas da Ultrahand, culinária e até combate. Depois de atravessarmos estes desafios iniciais, estamos prontos para descer para Hyrule e prosseguir com a nossa aventura.

Em Hyrule a nossa grande expedição passa por descobrir o paradeiro de Zelda e isso leva-nos para vários locais e regiões onde conhecemos todo o tipo de personagens e no geral iremos interagir com o jogo de uma maneira bastante natural. Esta vertente de Hyrule transpira imersão e o jogo nunca nos deixa à parte do que quer que esteja a acontecer. Tudo o que acontece dá-nos vontade de fazer parte seja e por essa razão iremos deparar-nos com várias situações como um simples NPC a ser atacado por inimigos que pode ser ajudado, até às condições climatéricas que afectam a nossa capacidade de sobreviver ou até trepar as zonas mais íngremes.

De uma forma geral, quanto mais horas se passa em Tears of the Kingdom, mais coisas novas acabamos por encontrar. É um jogo que não pára de despertar a nossa curiosidade desde o primeiro segundo e isso vê-se por toda a região de Hyrule, seja na zona de tutorial, até às cavernas mais profundas dos Underground Depths. Existem várias distrações que não irão ocupar muito do nosso tempo, mas os Shrines, as masmorras que nos põem à prova com vários puzzles e aumentam as nossas capacidades vitalícias, foram algumas das minhas atrações principais. Sempre que me deslocava para algum sítio e via indícios de um Shrine no horizonte, estava garantido que iria desviar-me ligeiramente do meu trajecto.

Este é um jogo cheio de momentos mágicos e de grandeza que se vão desenrolando com o passar do tempo, mas as habilidades especiais ganham um destaque enorme e é isso que está a criar um maior buzz entre os fãs. A Ultrahand é o ingrediente principal deste jogo e que basicamente substitui um dos braços de Link que ficou irreparável após os acontecimentos iniciais. Esta Ultrahand não é mais do que um braço biônico que permite Link mover, rodar e ligar objectos para criar todo o tipo de estruturas ou até meios de transporte. Para complementar este sistema vamos ter à nossa disposição engenhos que oferecem movimento que se chamam Zonai e que não são mais do que propulsores que podem ser colados às nossas estruturas da maneira como nós quisermos.

No geral, a Nintendo ofereceu-nos uma fórmula que mistura estruturas e movimento e que nos permite moldar, colar e manipular as nossas criações. Todo este sistema é bastante intuitivo e um regalo de usar. No início aprendemos a fazer estruturas como pontes, escadas, etc, mas com a introdução dos dispositivos Zonai todo o sistema torna-se um pouco mais completo. A partir daqui podemos criar e conduzir veículos terrestres, marítimos e aéreos, mas se quiserem podem criar armadilhas engraçadas para inimigos e até meios para nos protegermos.

A minha maior preocupação com sistema de construções em videojogos ou todo o tipo de funcionalidades que permitem que a imaginação flua, é que por vezes acabam por ser uma distração da aventura e consumir grande parte do nosso tempo. Existirão jogadores que irão acabar por usar e abusar do sistema nem que seja por uns quantos LULz nas redes sociais, mas a verdade é que a Nintendo conseguiu encontrar aqui um equilíbrio e uma maneira intuitiva para manter o jogador a progredir mesmo usando a imaginação. Toda a região de Hyrule está munida de pequenos detalhes que requerem que usemos uma nova habilidade descoberta, mas fica sempre a ideia de que estamos a criar para o jogo, e não a criar no jogo, e isso favorece muito mais a experiência.

Fuse é também uma das adições mais importantes que este jogo pode fazer, não só pela possibilidades que traz, sejam elas em combate como também serem capaz de puxar pela nossa imaginação, mas também por corrigem uma das maiores queixas que os jogadores tinham em Breath of the Wild e que se baseavam na durabilidade (ou falta dela) das armas. Agora podemos reforçar as nossas armas através de um sistema de fusão que nos permite misturá-las com coisas simples como pedras, árvores, barris, que não só fortalecem a sua durabilidade mas também aumentam a sua capacidade de causar dano.

Se estas duas habilidades têm a função de planear e ajudar o jogador de uma forma mais premeditada, temos outras que complementam a exploração e a reação rápida em combate. Ascend permite-nos chegar rapidamente a zonas mais altas e Recall fará com que um objecto retroceda no tempo, sendo possível mudar a direcção de hélices ou devolver projéteis a inimigos. Todas estas funções são extremamente úteis e se tivesse de apontar algum defeito seria na impossibilidade de alternar rapidamente entre eles com o toque rápido no botão de habilidades.

Mesmo apesar deste pequeno senão, Tears of the Kingdom é um jogo muito fácil de jogar. Existem várias particularidades da jogabilidade que temos de considerar como o combate, movimentação, accionar e alternar entre poderes até à construção através da Ultrahand. Poucas foram as vezes em que me senti a lutar contra o jogo ao tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas todos estes pontos são de fácil adaptação e a compatibilidade com o Motion Sensor dos comandos ajuda imenso e torna tudo mais natural.

Tive imensa dificuldade em descortinar algo negativo no meio destas novas habilidades e isso é o resultado do trabalho meticuloso que foi feito internamente. Penso que a Nintendo não teve medo de trazer algo de novo para esta fórmula conseguida com o seu antecessor, mas de uma certa forma não quebrou nem inundou o jogo com demasiada inovação que poderia encher a cabeça dos jogadores com coisas a fazer. Novamente: penso que estas novas habilidades favorecem imensamente o jogo e não funcionam como uma distração.

A apresentação é um ponto de grande destaque neste jogo, isto porque estamos a falar de hardware que começa a mostrar as rugas, mas ainda tem algum músculo para oferecer um grafismo fenomenal. O jogo é um autêntico regalo de se olhar e não só os vários biomas têm um impacto visual muito grande como as infraestruturas e até bosses são fenomenais. Através desta técnica cel-shading, não só a série parece beneficiar mais de uma estética mais artística como também não sente necessidade de criar texturas mais detalhadas ou efeitos demasiado realistas. Todo o trabalho sonoro também está muito bem conseguido, tanto na banda sonora que acompanha eleva emocionalmente até aos detalhes mais minuciosos como o chocalhar de equipamentos que Link traz às costas. Se pudesse deixar um reparo, penso que a música por vezes acaba por ficar um pouco escondida em certos momentos.

The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é mais uma excelente vitória por parte da Nintendo. A Nintendo não só não sucumbiu à pressão de ter de oferecer uma sequela de Breath of the Wild mas também conseguiu expandir ainda mais a série dentro de algo que já era quase considerado como perfeito. O mapa ganhou uma nova magnitude como se estivesse simplesmente dobrado sobre si, mas também a jogabilidade foi ainda mais complementada.

Este jogo é mais uma lição perfeita de como deve ser uma sequela perfeita. Tudo o que Breath of the Wild fez de bom foi replicado, melhorou-se alguns dos aspectos negativos e foi oferecida muito mais profundidade. Este será facilmente um dos jogos do ano para muitos.

Positivo:

  • Jogabilidade muito acessível
  • Ultrahand é uma funcionalidade muito bem incorporada
  • Várias camadas da região de Hyrule
  • Restante habilidades como Ascend e Recall são muito úteis
  • Jogo bem aprimorado para puxar o máximo da Switch
  • Mundo altamente imersivo

Negativo:

  • Impossibilidade de saltar rapidamente entre habilidades
  • Banda sonora por vezes fica um pouco escondida

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