Depois de largos anos de espera e alguns adiamentos, Starfield está agora disponível para PC e novas plataformas Xbox. Depois de largos anos focados nas séries The Elder Scrolls e Fallout, a equipa de Maryland decidiu criar um novo RPG que nos leva para uma exploração espacial. Considerado como um projecto de sonho do diretor Todd Howard, esta nova aventura pretende oferecer ao jogador uma experiência RPG típica da Bethesda Game Studios mas com um tema centrado na exploração espacial.
Como acontece em grande parte dos RPGs, na criação da nossa personagem vamos poder escolher entre um conjunto de habilidades que determinam o nosso desempenho dentro do jogo como força, fitness ou até capacidades sociais e tudo isso ajudará a progredirmos mais facilmente seja causando mais dano, consumindo menos oxigénio quando exploramos planetas ou até a capacidade de nos livramos de situações mais apertados com as nossas capacidades de persuadir alguém. Algumas destas habilidades dão imenso jeito com o passar do tempo como Xenosociology ou até Starship Design e que nos dão capacidades mais específicas e interessantes.
Liberdade sempre foi um dos enfoques principais deste estúdio e em Starfield esse elemento continua bem assente. O jogo decorre no ano 2330 e a nossa tarefa centra-se em descobrir as várias peças de um artefato que contém poderes misteriosos, mas se estiverem fartos da missão principal podem sempre juntar-se a uma das várias facções e executar as inúmeras missões extra que o jogo tem.
Mais uma vez a Bethesda conseguiu criar um jogo que consegue desafiar a nossa capacidade de nos mantermos focados em acabar o modo campanha e isto graças a mais uma grande conjunto de missões extra e ligações complexas das várias facções que nos levam a explorar as suas motivações neste universo. Destaque para a facção UC Vanguard que me deu mais gozo com as suas missões muito boas.
Os combates espaciais são um regalo e criam momentos que nos fazem desencostar da cadeira para ganhar uma maior atenção. Os inimigos voam à nossa volta enquanto tentam destruir o nosso escudo e por fim destruir-nos, mas nós também estamos munidos de ferramentas para conseguir responder como os vários tipos de munições ou o sistema de mira em câmera lenta que nos faz lembrar o VATS de Fallout e que permite danos em partes mais específicas das naves.
Alguns dos melhores momentos centraram-se nos combates espaciais que me fizeram ranger os dentes onde após uma vitória tenho a oportunidade de invadir uma das naves inimigas. Desta forma podemos matar os seus tripulantes, roubar o loot que eles têm e por fim escolher o destino da nave que acabámos de capturar, seja a destruição, apropriação ou até a venda da mesma.
Precisamos também de falar dos sistemas de criação de maior destaque deste jogo sendo que cada um fornece oportunidades diferentes. Em Starfield podemos criar as nossas próprias e o sistema oferece bastante liberdade para escolhermos os vários componentes desde armazenamento, capacidade de vôo até ao armamento, mas também permite que criar algo que oscila entre o fantástico e bizarro. Pela internet correm imensas criações de vários fãs e o sentimento geral é extremamente positivo, algo que eu também concordo e que senti ao criar e modificar as minhas naves.
Temos também a capacidade de criar bases em planetas que nos serão extremamente úteis. A localização das mesmas estará inteiramente ao nosso critério e as razões poderão variar, desde a colheita de recursos ao simples recolher para uma zona segura depois de alguma exploração. As interfaces são intituivas e o sistema é no geral uma boa adição.
Quando não estamos a lutar ou a falar com NPCs, estamos a deslocar-nos entre planetas para seguir o nosso rumo e apesar de estar um pouco desapontado com a forma bastante destilada do sistema de transição, não penso que seja um grande problema. Sempre que precisamos de navegar para outro planeta somos obrigados a entrar no menu, escolher um destino e assim que chegarmos ao dito planeta teremos de escolher manualmente a zona onde aterrar. Com o decorrer do tempo vamos poder explorar outros pontos mais longínquos da galáxia, mas até fazermos um upgrade na nossa nave para tal, teremos que nos contentar com as distâncias mais curtas.
De todas as coisas que faz bem e que são toleráveis, a meu ver Starfield apresenta erros que oscilam entre a insignificação e o inadmissível. De uma forma geral, Starfield mostra-se como um jogo críptico no que toca à sua transição entre planetas e espaço, havendo um vazio que seria ocupado por um sistema de tutorial mais robusto e competente, algo que não existe. Não que seja um problema grave, mas a explicação de alguns dos pontos mais importantes deste novo jogo deixam muito a desejar.
A exploração dos inúmeros planetas é algo que não me puxou qualquer tipo de interesse, mesmo que sentisse a obrigação de executar missões ou colher recursos. O sentimento de pousar em planetas diferentes onde cada um tem as suas características distintas como gravidade, bioma ou monstros é bastante impressionante numa primeira instância, mas a fórmula acaba por ser aborrecida com o passar do tempo. Apesar de podermos aterrar em qualquer parte dos planetas com a nossa nave, não existem grandes motivos para nos deslocarmos a pé sem veículos para ajudar.
A apresentação de Starfield é extremamente bipolar, mas começamos pelas partes boas. A atenção aos detalhes é simplesmente fantástica e um dos factores de imersão mais bem conseguidos deste jogo: todas os detalhes das naves desde as engrenagens das portas aos vários horizontes dos planetas até ao desgaste de algumas estruturas são pontos muito fortes deste jogo. Todos os objectos foram feitos com um carinho exemplar e algo que já é apanágio num estúdio da Bethesda. Para ajudar, a fantástica banda sonora e as actuações de voz elevam a experiência para outro nível.
Por outro lado existem pontos que quase estragam a imersão visual e que roçam o amadorismo mesmo vindo de um estúdio que apresenta orçamentos gigantescos. Durante a minha experiência este tipo de problemas aconteciam esporadicamente e grande parte tiveram um efeito benigno à experiência, como é o caso de NPCs furarem o terreno de jogo, alguns ficam presos em espaços mais confinados ou até do nosso protagonista trespassar limites do jogo. Estes problemas são recorrentes do estúdio e são alvos de chacota e até vistos com alguma comédia, mas por esta altura já se tornam inadmissíveis para um estúdio desta dimensão. Outro ponto negativo são as animações faciais que estão muito datadas e bastante rígidas.
Starfield é um caso estranho em que por vezes me senti um pouco enganado e refiro-me à vertente espacial e não à parte RPG. O estúdio continua a oferecer bons jogos a este género e a entregar a fórmula que todos esperam, mas na temática espacial em particular deixou um pouco a desejar. As transições espaciais são demasiado simples, os planetas por vezes são demasiado vazios e a história misteriosa roça a banalidade. O que continua a vingar são os combates espaciais com invasões de naves, mas isso não compensa o resto.
Como um enorme fã da Bethesda, vou acabar por me divertir imenso com Starfield e vasculhar o seu conteúdo até ao tutano, mas isso não implica que tenha a capacidade de fechar os olhos para alguns erros que por esta altura já começam a irritar. Este RPG robusto com um mundo rico em termos de lore, imensas missões e vários sistemas de jogo são alguns dos pontos que nos fazem cair de cabeça neste jogo, mas infelizmente o sistema de animações muito fraco, a história pouco interessante e os bugs “à lá Bethesda”, começam a tornar-se inadmissíveis por esta altura. Ao contrário de Skyrim e Fallout que rapidamente conseguiram conquistar-me, Starfield foi um caso muito mais difícil nesse sentido.
Starfield não veio para revolucionar o mundo e muito provavelmente não só irá dar boas razões aos fãs para voltarem mais uma vez a um outro jogo da Bethesda, mas também não conseguirá conquistar os haters. Uma experiência por vezes agridoce que é rica no conteúdo e no espetáculo mas que é pobre em certos aspectos da execução.
Positivo:
- RPG robusto e com um imenso conteúdo
- Detalhes gráficos desde objectos a infraestruturas
- Imensas missões e várias facções
- Combates espaciais
- Criação de naves
Negativo:
- Planetas precisavam de mais conteúdo
- Ausências de veículos para ajudarem a deslocação ou mineração planetária
- Bugs e problemas técnicos
- Animações muito rígidas
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