Análise – Marvel’s Spider-Man 2

É incrível a quantidade de vezes que o Homem-Aranha já se passeou pelo mundo dos videojogos. Já foi porta estandarte em quase todas as gerações, já teve jogos de alto gabarito e outros que eram muito maus. Mesmo com estes altos e baixos, o Sr. Cabeça de teia esteve quase sempre presente nas lojas na caixa de um qualquer jogo.

Curiosamente, mesmo com vários altos e com muitas tentativas, Marvel’s Spider-Man é sem sombra de dúvida o jogo que chegou mais próximo de nos colocar dentro do fato e viver a vida do Spider-Man, mesmo com todos os altos e baixos que envolvem ter de combater o crime e sofrer uma vida amorosa e familiar atribulada. O jogo foi seguido com uma “pequena” grande sequela dedicada a Miles Morales, o que só comprovou que a primeira tentativa não tinha sido pura sorte. Por esse mesmo motivo, Marvel’s Spider-Man 2 é um dos jogos mais aguardados do ano e mesmo que tenha sido necessário esperar algum tempo por ele, posso dizer que é o melhor jogo de Spider-Man de sempre e claro candidato a jogo do ano.

Marvel’s Spider-Man 2 é uma verdadeira sequela, por isso este jogo já nos coloca na pele de Peter Parker e Miles Morales, sendo que ambos são personagens jogáveis neste novo episódio. Cada um deles tem as suas missões e desafios e cada um deles tem ramificações que os levam a enfrentar certos inimigos ou fazer certos caminhos. É notório que o regresso do foco ao Peter faz com que ele seja a personagem mais central, o que ofusca um pouco a jornada de Miles que sofre por vezes por não parecer tão interessante. De qualquer forma, como podem jogar com qualquer um dos dois em qualquer altura, conseguem ter mais tempo de contacto com o Spider-Man que mais gostam.

Apesar de Miles e Peter serem os centros das atenções (assim como algumas personagens secundárias), existe uma terceira personagem principal que tem igualmente uma importância enorme e consegue supreender constantemente. Estou a falar obviamente da cidade de Nova Iorque que está maior e mais viva que nunca. A Insomniac Games conseguiu aproveitar bem o poder da PS5 e a exclusividade Next-Gen para criar uma cidade viva, rica e cheia de detalhe. As ruas estão apinhadas de pessoas, carros, ventilações a deitar fumo, coisas a acontecer e andar de teia em teia ou usar as novas asas é ainda melhor e mais fluído que antes. Até o simples passear pelas ruas pode dar origem a encontrar algo curioso ou o nosso companheiro aranha no meio de uma luta à qual nos podemos juntar.

Tal como o primeiro jogo e todos os jogos de mundo aberto da indústria, Marvel’s Spider-Man 2 também apresenta um rol bastante avantajado de mini-missões e actividades ocasionais que continuam a ocorrer na cidade. Muitas destas actividades já estavam presentes no primeiro de alguma forma, mas este é o jogo que mostra mesmo o engenho da equipa e a capacidade de criar vários mini-jogos, actividades alternativas e caças ao tesouro engenhosos. Em alguns momentos até dei por mim a pensar que já estariam a esticar a corda com mais uma mecânica diferente de forma constante.

Já que falamos disso, Marvel’s Spider-Man 2 também tem um combate muito parecido com o primeiro. Peter tem a ajuda dos seus braços robóticos e outras coisas que podem ser spoiler e Miles tem os seus poderes eléctricos. O combate de ataques e esquivas é uma realidade e continua a ser um bailado de ataques, habilidades, desvios perfeitos e ganhar focus para atacar ou curar a personagem. Existem também engenhocas que podem ser usadas e novas habilidades que podem ser acedidas e melhoradas. Como tudo gira em redor de experiência no final de cada combate, missão, entre outras vitórias, existem várias árvores para os dois Spider-Man e uma dedicada a cada um.

Apesar de variedade e oportunidade de escolha seja uma mais valia e sempre bem-vindo, senti que nem todas as habilidades ou power-ups disponíveis são tão úteis ou fortes como outros. Por isso assim que estabeleci as forças e os ataques que estava mais à vontade com cada aranhiço, usei-os quase do início ao fim do jogo (tirando algumas novidades ocasionais que iam sendo desbloqueadas). Este é mais um exemplo em que o jogo tenta às vezes ser mais do que precisa, o que se pode tornar exaustivo e até fazer com que os jogadores mais ocasionais se percam em algumas coisas se não o jogarem de enfiada. Entre as minhas novidades favoritas, estão as tais asas que podem ser usadas para planar pelos cenários. É uma ferramenta que pode ser encadeada entre andar de teia e que aumenta a velocidade e as formas como podemos explorar o mundo de jogo.

Ao falar de toda esta acção e coisas a acontecer nesta Nova Iorque, é impossível não falar de como tudo acontece tão rápido e de forma tão fluída, não só porque o jogo corre lindamente na PS5, como por manter as suas transições limpas e directas. As únicas alturas em que o ecrã fica preto são quando morremos, estamos a carregar o jogo ou vemos uma cinemática num local diferente. Tirando isso, sair de missões, entrar num edifício ou mudar de área é extremamente rápido ou até mesmo em tempo real, o que é impressionante. Finalmente estamos a ver a nova geração a funcionar em pleno e sem estar amarrada à geração anterior.

Outro ponto onde se nota claramente a nova geração é no poder visual de Marvel’s Spider-Man 2 que puxa bem pela consola. Estejam a jogar no modo de qualidade ou performance, o jogo parece deslumbrante (embora a introdução não abone nada em favor com o primeiro boss e toda a areia envolvida), mas não existem dúvidas que é um dos jogos em mundo aberto mais bonito e com mais detalhe desta geração. A isto juntamos algumas das animações mais limpas e coreografias implementadas com rigor. A iluminação é igualmente fantástica e a mistura de raios de sol a bater nas janelas com Ray-Tracing à mistura é quase místico. Claro que existem vários momentos em que bugs ocorrem pela cidade e os NPC nem sempre parecem tão detalhados, mas não tive problemas graves a nível visual. Os piores que obtive foram glitches estranhos que me obrigaram a reeiniciar o jogo, por ter ficado preso em alguma coisas ou por falha da detecção de colisão que me deixou enterrado chão. Acredito que são pormenores que irão ser limados com updates.

Sonoramente, Marvel’s Spider-Man 2 é um jogo irrepreensível. As músicas são muito boas e a sua mistura com o ambiente evocam a épicidade de entrar numa luta contra um vilão e pouco tempo depois voltar a voar entre os arranha-céus. Os sons da cidade também fazem o trabalho de conferir a tal vida mencionada anteriormente e é aquilo que estamos à espera de ouvir em algo desta magnitude. Por fim, tenho de elogiar o elenco de voz que fazem um óptimo trabalho no geral. Tive tempo também para experimentar a versão portuguesa e embora não me tenha puxado dada a qualidade da versão original, acredito que será uma boa opção para quem não percebe de inglês.

Marvel’s Spider-Man 2 ainda é um jogo longo. A campanha com as personagens ainda vai acima das 20 horas e com as distracções constantes e coisas alteranativas para fazer ou apanhar nos cenários, podem contar com perto do dobro se se deixarem levar pela curiosidade. Perdi a conta às vezes que pensei que me ia focar apenas nas missões mais importantes e dava por mim a ir parar mais um assalto ou escoltar um ferido à ambulância mais próxima.

O mais interessante de jogar Marvel’s Spider-Man 2 como jornalista, foi obter a certeza aos poucos de que não só a Insomniac conseguiu superar o primeiro jogo, mas conseguiu fazer também um dos melhores jogos desta geração. Tudo aqui parece mais sólido, mais trabalhado e mais pensado do que o anterior, como uma verdadeira evolução. Tudo isto começou a surgir ainda antes do jogo começar a meter o pé no acelerador e sair dos capítulos iniciais para dar lugar aos seus eventos mais ambiciosos.

Feitas as contas, Marvel’s Spider-Man 2 é um dos melhores jogos que joguei este ano, por isso mesmo, também é um dos melhores jogos de super-heróis que já joguei e acredito que tem o que é preciso para ser um sério candidato a jogo do ano.

Positivo:

  • Mundo de jogo muito vivo
  • O mais perto de ser o Homem-Aranha
  • Grande trabalho sonoro
  • Tempos de carregamento quase inexistentes
  • Actividades diversas

Negativo:

  • Bugs abundantes no mundo
  • Glitches que necessitam reeniciar o jogo
  • Muitas evoluções de personagem passam ao lado

Daniel Silvestre
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