Análise – House of Cards – Temporada 3

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Após tantos esquemas poderá ser difícil ter a percepção de onde começam e acabam as mentiras. Será que Frank e Claire continuam a ser o casal que outrora se movia por um objectivo mantendo a confiança, ou serão agora pessoas totalmente diferentes, cansadas, desfeitas, uma mentira de cada vez. Um golpe em nome do objectivo, ou simplesmente uma honestidade brutal. Até que ponto a confiança pode ser testada, qual é a prova que podemos dar, que nos faz descansar quanto ao outro.

O desempenho dos actores em House of Cards continua ao mesmo nível a que nos habituaram nas anteriores temporadas, sendo um dos pontos fortes da série. Em termos técnicos está a par das restantes.

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Nesta temporada Frank e Claire estão unidos pelo alcance do objectivo, ou quase. Após 6 meses de governação, a administração Underwood é posta à prova. Quando o partido desacredita Frank na corrida ao próximo mandato eleitoral em 2016, Frank não se mostra receptivel à ideia de desistir e assim começa a intriga da terceira temporada e consequentemente, que comecem os jogos políticos.

A nova temporada está repleta de caras conhecidas e de momentos que acontecem fora de cena. Este é o meu maior problema com a 3ª temporada. No fim de cada episódio é normal existir uma decisão para o desfecho de um problema, mas nunca chegamos a ver o mesmo. Aquando do começo do seguinte episódio somos informados quer por uma conversa entre personagens ou pela quebra da 4ª parede que o problema foi resolvido. É claro que é normal tomarem uma decisão, aliás o Presidente toma decisões e talvez seja essa a razão pela qual os episódios foram estruturados desta maneira, mas a constante recorrência a este modo de explicação deixa a desejar. Já quando a resolução de algumas situações ocorre em câmara esta é normalmente assertiva e implacável.

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Dado estarmos já na 3ª temporada este foi o momento escolhido para trazer alguns fantasmas do passado de volta ao palco. As personagens afectadas por estes fantasmas tendem a crescer e a mostrar novas facetas. De modo a tornar o enredo algo mais do que uma campanha política foi também introduzido todo um universo político ao qual o presidente tem de responder. Desde as nomeações políticas, ataques de drones, e política externa.

Um tema recorrente em House of Cards nesta temporada foi a interação entre Frank Underwood e o Presidente Russo, Viktor Petrov. Esta situação é explorada de forma a trazer um pouco da realidade e especulação ao drama de House of Cards. É uma adição bem-vinda que acaba por dar um novo ar aos jogos políticos. No entanto pareceu-me uma caricatura do actual presidente Russo.

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Uma das personagens que deixou a segunda temporada com um futuro incerto foi Doug, uma personagens próxima de Underwood. Agora Doug ganhou uma história secundária só sua, a qual tem por missão resolver o seu próprio erro. Como seria de esperar o seu caminho continua a estar fortemente ligado a Frank e existem momentos na série onde este engendra planos complexos que envolvem a concorrente de Frank às eleições de 2016, Heather Dunbar, mas que depressa se esfumam. Um desses planos em particular pareceu-me totalmente desnecessário e o próprio desfecho do mesmo demonstra-se com 5 minutos de tempo de antena mal gastos.

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Ainda dentro das liberdades tomadas em House of Cards existe uma cena no fim de um dos episódios que se torna numa das mais memoráveis de toda a série. Enquanto eu tomo a cena como uma forma de aprofundamento e entendimento da personagem de Kevin Spacey, esta poderá facilmente ser entendida como uma ofensa. Apenas o tempo ditará o impacto desta, foi uma experiência estranha à qual o público não está habituado, mas que penso ter sido um passo na direção correcta. Afinal quem dita os limites?

O fim desta temporada não é certamente o desfecho que se esperava, as personagens sofrem algumas evoluções questionáveis, e não fiquei convencido quanto à razão, isto claro está, a não ser a preparação da 4ª temporada. Nos últimos episódios da 3ª temporada de House of Cards é visível que existe uma mudança abrupta e esta torna-se numa rampa de lançamento para o futuro, no geral a terceira temporada de House of Cards sente-se como aquilo que Frank quer evitar ser, um preenchimento temporário de algo maior.

Positivo

  • Enredo começa bastante bem
  • A política fora da Casa Branca mostra-se muito mais complicada para Frank
  • A temporada esmera-se por não deixar pontas soltas do passado
  • Kevin Spacey e Robin Wright conseguem carregar a história em alguns momentos
  • Momentos controversos

Negativo

  • Resolução de alguns problemas acontece fora do ecrã
  • Não é tão empolgante como as temporadas anteriores
  • Últimos episódios são apenas preparações para a 4ª temporada

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Alexandre Barbosa
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