A Illumination Entertainment é o quarto player na indústria do cinema da animação (a seguir à Disney/Pixar, DreamWorks e Blue Sky), não obstante, a aposta em Despicable Me revelou-se vencedora, suficiente para rivalizar com os maiores títulos dos “tubarões”. Com personagens carismáticos, comédia, desconstrução da realidade e animações over the top, a empresa criou uma franchise com garantia de retorno financeiro, capaz de encher os cofres do banco e oferecer margem de manobra para arriscar em novos projectos.
Despicable Me (2010) conta a história de Gru, um vilão sem escrúpulos, com iniciativas megalómanas e comportamento antissocial (não muito diferente do Shrek), todavia, Gru descobre a maior riqueza do mundo – a capacidade de amar e ser amado – transformação resultante da entrada de três meninas órfãs na sua vida. Uma narrativa simples (alteração social e psicológica do anti-herói), mas capaz de hipnotizar milhões de espectadores em todo o mundo.
Despicable Me 2 dá continuidade à história do primeiro filme. Gru (voz de Steve Carell) colocou de lado a vida de vilão e dedica-se a tempo inteiro à tarefa de pai, preenchida por Margo (voz de Miranda Cosgrove), Agnes (voz de Elsie Kate Fisher) e Edith (voz de Dana Gaier). Contudo, tudo muda quando Gru é convocado pela Liga Anti-Vilões para descobrir o paradeiro de uma substância perigosa.
O elenco vocal da versão original é abrilhantado com a presença de Kristen Wiig, Benjamin Bratt, Russell Brand e Ken Jeong. A versão portuguesa tem o notável mérito de reunir alguns dos melhores actores portugueses de sempre. Nicolau Breyner volta a dar voz a Gru, enquanto Rita Blanco e Joaquim de Almeida fazem a estreia no universo de Despicable Me.
A realização de Pierre Coffin e Chris Renaud corresponde ao exigido: Cores vivas, contrastes e aplicação das leis da física, próprias dos desenhos animados (não muito diferentes das leis da física em Velocidade Furiosa).
Pierre Coffin e Chris Renaud demonstram que são craques na arte de realizar filmes de animação, explorando com bastante comicidade a postura dos personagens e a tecnologia 3D. Coffin e Renaud lançam sucessivas graçolas com a quarta parede e momentos geniais na primeira pessoa (lembram-se do evento da monta-russa no primeiro filme?).
Apesar da sensação incomodativa de que o filme está a impingir-nos merchandising, e que não consegue descolar dos pontos fortes do primeiro filme, podemos considerar que Despicable Me 2 supera o antecessor. É raro, mas os personagens estão consolidados com naturalidade, as relações entre personagens possuem margem de progressão e os dilemas estão de acordo com as estruturas emocionais.
Despicable Me 2 não é uma lição de vida (Iron Giant) ou uma experiência completamente inovadora (Monsters Inc.), a longa-metragem garante uma barrigada de riso para miúdos e graúdos, levantando os alicerces para a continuidade da franchise.
Positivo
- Minions
- Química entre Lucy e Gru
- Acção
- Relação de Gru com as meninas
- Sucessivas piadas inesperadas
- Elenco vocal original e dobrado, principalmente, José Jorge Duarte (um dos meus ídolos de infância)
Negativo
- Merchandising
- Piadas relacionadas com flatulência (conseguem fazer melhor do que isso)
- A história podia ter ido mais longe
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