Análise: Grand Budapeste Hotel

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No PróximoNível há destas coisas. Analisamos filmes que envergonham a Sétima Arte, outros que caem no esquecimento, ou, muito raramente, descortinamos autênticas obras de arte. Provavelmente, se não fosse o Alistair (membro da comunidade), The Grand Budapest Hotel teria passado incólume no radar do site, o que seria um desperdício tremendo, estamos na presença de uma obra cinematográfica singular.

O cinema de autor é tinhoso, corremos o risco de “gramar” com pseudo-genialidades de realizadores convencidos que o mundo seria um lugar miserável se não existissem, mas, felizmente, há lampejos de criatividade que reinventam o que existe e acrescentam uma nova perspectiva a uma escola que está em constante transformação.

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Inspirado na vida e obra de Stefan Zweig, The Grand Budapest Hotel conta a a história de…  um hotel, mais concretamente, o apogeu e a queda de uma prestigiada instituição hoteleira europeia durante o período entre as duas grandes guerras. A história é narrada por Jude Law, que ouve a versão de F. Murray Abraham (Zero), que conheceu M. Gustave (interpretado por Ralph Fiennes).

O elenco é uma autêntica chuva de estrelas. Aparentemente, todos os actores em Hollywood querem trabalhar com Wes Anderson. Além dos actores referidos, há ainda: Adrien BrodyWillem Dafoe, Jeff GoldblumHarvey KeitelBill MurrayEdward NortonJason SchwartzmanTilda Swinton e Tom Wilkinson.

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Wes Anderson é daqueles realizadores que irá receber um Óscar durante a carreira, é uma questão de tempo e oportunidade. Em Grand Budapest Hotel, cada plano é concebido como um quadro do período realista, ou seja, com muito detalhe, cores de aguarela e simetrismo. Para contrariar o estilo clássico, o realizador recorre com regularidade a travellings laterias e/ou em profundidade, o que é um tónico pertinente para a narrativa instalada.

Quanto aos aspectos técnicos: a direcção de fotografia é notável, com tonalidades próprias e originais; o guarda-roupa é detalhado e divertido; os “efeitos especiais” são ridículos e propositadamente bucólicos; já a banda-sonora é engraçada, mas torna-se repetitiva.

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Não sabemos se a Academia irá recuperar Grand Budapest Hotel para a cerimónia de 2015, trata-se de um filme desconcertante e amorfo, um estilo que foge do padrão habitual dos Óscares (dramas robustos e concretos).

O público em geral também estranhará a obra de Wes Anderson, a narrativa foge completamente ao estilo clássico (há momentos WTF), com interpretações no registo teatral (diálogos a rebate) e opções em nome da surpresa. Para ver Grand Budapest Hotel é necessário uma grande disponibilidade e atenção, a enxurrada de informação e o “cinema pouco ortodoxo” funcionam na lógica da Coca-Cola: com gás, que estranha-se e entranha-se, mas há quem prefira outras bebidas.

Positivo

  • Diálogos
  • Realização
  • Fotografia
  • Elenco notável de actores
  • Dimensão artística

Negativo

  • É um filme elitista
  • Humor sádico
  • Registo teatral
  • A banda-sonora torna-se incômoda

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