Citizens of Earth tem uma história peculiar de todos o Kickstarter. O projecto foi apresentado como um RPG que puxava uma certa inspiração em Earthbound e foi lançado no site de crowdfunding, mas houve algo que não correu como esperado. O título não atingiu o objectivo monetário necessário mas isso não ditou o fim desta aventura.
Quando menos se esperava, a Atlus decidiu ajudar o estúdio e ofereceu publicar Citizens of Earth sob a sua alçada. O que parecia um pesadelo tornou-se rapidamente num sonho para a Eden Industries. Eis então que o jogo é lançado.
Citizens of Earth é um RPG com combates por turnos e que puxa por uma mecânica muito clássica dos RPGs. Basicamente teremos que combater contra os vários inimigos que se cruzam na nossa aventura para subirmos de níveis à nossas personagens e conseguirmos ficar mais forte consoante o tempo.
Tal como o nome indica, o jogo é focado nos cidadãos do planeta terra pelo que a história é liderada pelo Vice-Presidente do mundo – sim leram bem, do mundo. Como recém eleito nesta grande fase da sua vida, ele terá que recrutar os vários cidadãos do mundo para o ajudarem nas dificuldades que se seguem.
O jogo basicamente toma contornos hilariantes e muito inesperados na sua história pelo que praticamente centra-se em resolver casos muitos estranhos que vão acontecendo, desde actividades estranhas na cadeia de cafés Moonbucks, até ao rapto do Presidente do mundo. Este Vice-Presidente verdinho não está nos seus dias e terá que fazer de tudo para que as coisas voltem à normalidade, mas não estará sozinho…
Espalhado pelo mundo existem vários cidadãos especiais que vagueiam livremente nas suas vidas e que estão devidamente identificados para facilitar. Para além de serem uma boa ajuda em combate, cada um destes tem uma habilidade especial que nos será útil. Existem alguns que são indispensáveis como o vendedor de carros que nos fornece um veículo para andar mais depressa, ao jardineiro que corta arbustos até à piloto de aviões que nos levam instantaneamente para certas zonas.
Certamente que o tema do coleccionismo um pouco à lá Pokémon está bem assente e funciona, sendo que ao invés de capturarmos os ditos cidadãos, teremos que cumprir tarefas para conseguirmos fazer com que eles se juntem a nós, umas mais complexas que as outras. Existem quarenta no total pelo que alguns dão-nos habilidades especiais mais úteis que outros.
É preciso frisar a enorme quantidade de humor que este jogo adopta e que poderão referenciar até outros RPGs. Desde tiras interessantes que mencionam o facto da personagem principal começar o jogo a dormir na cama com a sua roupa normal, aos nomes dos ataques das personagens como é o caso da mãe que “Embirra” com os inimigos, até ao tipo dos inimigos.
Apesar de ser uma história que têm os seus momentos altos e baixos, o humor consegue ser um ingrediente bastante poderoso para manter os jogadores agarrados. Tal como acontece em Earthbound, os inimigos são fruto da imaginação e do sentido de humor do estúdio e que passam por cobras com maracas, hippies, uma fusão entre um gato e um cacto ou até sinais de Stop com pernas de uma planta. O mesmo se pode dizer das linhas de diálogo como dos items usados para curarmos ou até causarmos dano aos inimigos.
A apresentação visual é toda à base de desenhos em 2D que apesar de cumprirem bem o seu papel, dão por vezes a sensação de um título low budget. Todos os desenhos e cenários são bem agradáveis de se ver apesar da simplicidade, mas algumas animações deixam a desejar como o do carro que usamos para nos deslocar pelos cenários.
O mesmo pode ser dito da banda sonora, que apesar de apresentar alguma variedade, consegue ser por vezes monótona graças ao uso constante dos mesmos instrumentos electrónicos. Já as falas do jogo estão bastante consistentes e conseguem por vezes representar bem o tipo de pessoas com quem estamos a lidar.
Das várias horas perdidas neste jogo, consegui ver-me dividido entre a história principal e as missões secundárias que incluem a conquista dos cidadãos. Esta conjugação entre os dois oferece um bom equilíbrio a este título que não esperava encontrar, tornando-o numa boa surpresa.
Citizens of Earth é um bom RPG que puxa pelo espírito de Earthbound mas oferece algo de novo à formula. É divertido, viciante e consegue deixar-nos com boas memórias, pecando apenas na sua apresentação que por vezes lembrar um jogo flash.
Positivo:
- Humor bem assente
- Muitos cidadãos para conquistar
- Conjunto hilariante de inimigos
- Difícil de abandonar
- Intuitivo
- Apesar da apresentação ser atraente…
Negativo:
- …pode deixar a desejar para alguns
- Habilidades de alguns cidadãos são inúteis
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