A Devir, conhecida por trazer jogos de tabuleiro e cartas inovadores para o mercado, como Catan, Kites e até Mindbug, lançou recentemente Trio, um jogo de cartas rápido, simples e bastante divertido. Este é claramente pensado para encontros casuais entre amigos e familiares, começado com a sua temática mexicana apelativa, mas agarrando pelo estilo de jogo.
A premissa de Trio é bastante simples: os jogadores têm de fazer conjuntos de três cartas idênticas, os chamados “trios”. No entanto, a simplicidade das regras esconde uma camada bastante grande de estratégia, dedução e acima de tudo, memória. Os jogadores devem estar atentos ao que acontece na mesa e o que os adversários vão pedindo em cada ronda, o que parece simples a jogar a 3 (o mínimo), mas muito mais complexo até 6, pois as cartas estão mais espalhadas e o nosso turno demora mais tempo a chegar.
Em cada partida, os jogadores ficam com 9 cartas na mão (menos se jogarem com mais que 3 jogadores) e outras nove ficam no centro da mesa (menos também se jogarem com mais de 3 pessoas). A partir daqui, podem pedir a um jogador a sua carta maior ou menor ou espreitar nas da mesa. É aqui que entra a questão da memória e da atenção, pois um jogador pode fazer bluff ou perceber a jogada do adversário de antemão. É importante também saber, que o jogador só pode jogar com a carta mais alta e mais baixa na sua mão, ou seja, no início da partida as cartas da mão são organizadas da maior para a menor e as que estão no centro da mão, são cartas “presas” que só fazem parte do jogo quando uma carta da ponta da mão sai e a carta seguinte passa a ser a mais baixa ou alta.
Nos vários jogos de Trio que fiz, era comum um jogador ficar com duas cartas altas do mesmo número, o que torna o jogo mais imprevissível. Além disso, como fazer um trio de 7 dá vitória imediata, também é costume que um jogador que está a tentar fazer este trio, ande à “pesca” com mais frequência nas cartas que ficam viradas na mesa. Isto é um risco, como é natural, pois a partir do momento em que revelam uma carta diferente, a ronda acaba e passam ao próximo jogador, que agora tem mais informação e pode aproveitar para tentar um Trio.
Como é um jogo que se joga rápido e tem bastante profundidade, pode ser jogado de forma bastante casual ou com pessoas mais competitivas. Não é raro que se façam mais do que duas ou três rondas e continua a ser divertido, mesmo depois de já dominarem as regras. Recomendo vivamente que joguem num formato até ao primeiro jogador com três vitórias, pois faz com que a rivalidade aumente.
Uma das grandes qualidades de Trio é a sua versatilidade, pois parece mais desafiante com mais jogadores e ainda existe um modo de jogo extra com o nome “picante”. Nesta versão extra, as cartas desenhadas na própria carta com o qual fazem o primeiro Trio, são o Trio que precisam de encontrar para ganhar. Sendo que no jogo normal podem ganhar com três trios ou um Trio de 7, neste jogo a estratégia aumenta imenso, pois têm de procurar pelo segundo Trio indicado na carta para ganhar, com isto evitando que um adversário apanhe o vosso Trio primeiro. Por fim, existe o modo de equipas, onde jogam a 4 ou 6 com pares e a ideia é ir pedindo ao colega apenas as cartas mais baixas ou altas para formar os Trios. É um pouco mais simples, mas igualmente divertido.
O manual de instruções é bastante claro, mas nas minhas sessões de jogo percebi que os jogadores demoraram ainda algumas rondas a perceber exatamente a razão das cartas ficarem presas ou a questão de “rebentar” no seu turno com cartas diferentes. A juntar a isto, também foi necessário explicar por mais que uma vez que a carta mais alta ou baixa que sai de uma ponta da mão deixa a carta seguinte jogável, o que fazia alguma confusão com cartas iguais seguidas (que acontece mais vezes com 3 jogadores).
No que toca ao jogo em si, a produção não decepciona na qualidade da caixa e das cartas. As cartas são bem ilustradas, com um design moderno e atraente. A textura das mesmas é bastante agradável e são fáceis de baralhar. O tamanho compacto da caixa torna Trio para transportar e ocupa pouco espaço, sendo que até cabe no bolso traseiro das calças (apesar de ser uma caixa quadrada), algo que fiz para o transportar. Infelizmente, as cartas começam a ficar com pontos brancos no contorno com alguns jogos, por isso pensei em colocar capas, no entanto, elas são mais compridas que as cartas tradicionais de outros jogos, por isso só comprando do tamanho específico caso as queiram proteger.
No geral, temos aqui um jogo pode agradar a jogadores de todas as idades e níveis de experiência. As regras são fáceis de aprender (mesmo que demorem a encaixar logo a início), mas a profundidade estratégica garante que mesmo os jogadores mais experientes encontrem algum desafio. Trio também prova que jogos de cartas com pouco material e conceito simples continua a ter o seu poder. Com sua combinação de mecânicas acessíveis, profundidade estratégica e valor de repetição bastante bons, Trio é um jogo que vale bem a pena.
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