Review – Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land

A já lendária série Atelier, conhecida pela sua abordagem singular ao género RPG, recebeu um novo capítulo que leva os jogadores  numa aventura recheada de mistérios e alquimia. Lançado mundialmente a 21 de março, Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land foi desenvolvido pela Gust e publicado pela Koei Tecmo, marca o início de uma nova saga, tendo o trabalho ingrato de se suceder a uma das trilogias mais fortes da saga e uma das melhores personagens principais até agora.

Este título não é apenas uma continuação, mas uma reinvenção de alguns elementos centrais, apresentando uma protagonista carismática, Yumia Liessfeldt, numa história onde a própria alquimia é vista como um tabu. Neste mundo devastado por um cataclismo e com um continente em ruínas como pano de fundo, Yumia embarca numa missão para desvendar a verdade por detrás da queda do outrora grandioso Império Aladissian e os segredos escondidos nas suas memórias.

Atelier Yumia distingue-se pela sua aposta num vasto mundo aberto, o qual os jogadores podem atravessar livremente. Esta mudança de paradigma, comparativamente a títulos anteriores da série, oferece uma experiência de exploração mais imersiva, onde cada recanto do continente em ruínas guarda segredos e materiais essenciais. A liberdade de movimento e a diversidade de ações e itens disponíveis para forjar o seu próprio caminho são elementos que incentivam à descoberta. Para os que apreciam a exploração e a sensação de desbravar territórios inexplorados, este aspeto do jogo é sem dúvida, um dos seus maiores atrativos. A possibilidade de construir bases e decorá-las a gosto através da funcionalidade “Building” adiciona uma camada de personalização e gestão, enraizando ainda mais o jogador neste mundo.

A história de Yumia Liessfeldt e dos seus companheiros (incluindo Viktor von Duerer, Isla von Duerer, Nina Friede, Lenja, Rutger Arendt e Flammi) centra-se em confrontar memórias e criar um caminho para o futuro num mundo onde a alquimia é temida. A premissa de um tabu em torno da alquimia adiciona uma camada de intriga e conflito à narrativa, diferenciando-a de arcos anteriores da série. A jornada pela verdade sobre o Império Aladissian promete ser emocional e cheia de descobertas, com as interações entre as personagens a serem, como sempre, um pilar da experiência. O foco nas memórias como força motriz da alma e do futuro é um tema poético que permeia a aventura.

No coração de qualquer jogo Atelier reside o seu sistema de alquimia, e Atelier Yumia não é exceção, embora apresente algumas inovações aqui e ali. A síntese é agora descrita como uma manipulação de “mana” residente nos materiais, permitindo criar itens com base em receitas. A força e os efeitos dos itens criados dependem da manipulação da mana, exigindo que selecionem os materiais com precisão para otimizar os resultados. Enquanto alguns veteranos da série vão sentir uma mudança fundamental na forma como a alquimia é abordada, podendo considerá-la mais complexa, a introdução da “Simple Synthesis” para criar ferramentas de exploração e itens de combate básicos no campo demonstra uma tentativa de equilibrar a profundidade com a acessibilidade. A alquimia continua a ser a chave para avançar na história, no combate e na exploração, o que aumenta a sua importância no seu papel central.

O sistema de combate de Atelier Yumia aprofunda o sistema criado na trilogia de Atelier Ryza. O combate em tempo real exige decisões imediatas, com os jogadores a serem desafiados a usar dois tipos de ataques e a trocar entre habilidades para combater estrategicamente. A versatilidade dos itens sintetizados, que podem transformar-se em armas como espadas e lanças, e a sua reutilização, incentivam o uso constante da alquimia em batalha, valorizando as criações feitas e a preparação do jogador. Esta abordagem dinâmica e aplicação estratégica em alguns combates mais envolventes, exigem que pensem além da força bruta e façam maior utilização inteligente dos recursos.

Na PS5 (a versão que recebemos para análise), Atelier Yumia oferece uma experiência visualmente sólida e apelativa. Tem suporte a 4K e 60fps. O jogo beneficia do poder da consola, por isso a arte do jogo consegue ser bastante vibrante e tempos de loading são bastante reduzidos. No entanto, quando passamos de cinemáticas ou cenários mais pequenos para o mundo aberto, este apresenta uma um desenho em distância bastante curto e muito esborratado, com vários pop-ins e cenários vazios com texturas básicas.

Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land representa um passo ambicioso para a série Atelier, ao abraçar um design de mundo muito mais aberto e ao refinar os seus sistemas de alquimia e combate, o jogo procura tanto atrair novos jogadores como oferecer algo fresco aos veteranos. A sua premissa é intrigante e a promessa de uma exploração vasta e a dinâmica das personagens são elementos que prometem uma experiência RPG envolvente.

No final de contas, as mudanças nos sistemas centrais podem não ser as melhores para os fãs e existem muitas decisões técnicas e problemas visuais que o limitam muito mais do que deveria ser, pois ter personagens detalhadas em cenários bastante fracos é bastante notório e a exploração nem sempre corre da melhor forma com o elemento de plataformas.

Apesar da postura e do sentido de evolução, Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land acaba por ficar uns furos abaixo do que foi conseguido com Atelier Ryza e mesmo que tenha uma história competente e boas personagens, não é tão sólido como os seus antecessores. Se Yumia regressar, pode ser que venha com muito mais truques afinados na manga.

Daniel Silvestre
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