Já há muito tempo que as propriedades da Marvel e da DC Comics andam presentes no meio do entretenimento e várias foram as tentativas, por parte destas empresas, de apresentar os seus universos e personagens, sucessivamente a cada geração. Em 2008, a Marvel deu início ao seu universo compartilhado de filmes cinematográficos com Iron Man, e desde aí nunca mais parou. A DC por oposição, decidiu apostar no mercado televisivo, mas que após um longo período de tempo, ao terminar a clássica série Smallville em 2011, decidiu reinventar-se.
Desta maneira, desde 2012 através de Arrow, que a DC marcou a sua posição sólida neste meio, sem nunca abrandar, tanto que atualmente, acumula uma pasta maciça de mais de 15 produções televisivas realizadas. Não só a propósito deste feito, como também da chegada da segunda parte da DC FanDome (focada nas séries), que a equipa do PróximoNível decidiu relembrar algumas das séries marcantes deste longo período de tempo, que se irá estender muitos mais no futuro. Com efeito, para além da minha presença, convidei também o Daniel Silva, para falar de algumas das suas escolhas. Ressalvo que devido há enorme quantidade de séries, aqui estarão apenas presentes algumas das que mais gostamos, sob a forma de um pequeno texto, sendo que muitas mais poderiam ser mencionadas.
Arrow (2012-2020) – JL
A primeira temporada de Arrow , apresenta Oliver Queen, um jovem bilionário que acaba por ficar retido numa ilha deserta. Sem mais nenhuma alternativa, Queen vê-se obrigado a lutar pela sobrevivência, jornada esta que lhe proporcionou tornar-se extremamente agil no combate com arco e flecha. Contudo, ao longo das sucessivas temporadas, Oliver irá não só mudar o seu alter ego para Green Arrow, como o seu próprio código de conduta, agindo apenas como vigilante, e evitando matar as várias ameaças no seu caminho. Devo dizer que a cada temporada, a qualidade da série foi aumentando, sendo a oitava e última temporada o auge de Arrow. Há exceção da quarta temporada, que teve vários episódios que se encaixam na lógica do «encher chouriços».
A série introduz também várias personagens icônicas do universo DC, como Slade Wilson vulgo Deathstroke, Amanda Waller, Ra’s Al Ghul, entre outros. Para além disto, foi também uma grande porta de entrada para toda uma vasta gama de séries, as quais formaram o seu próprio cosmos, o Arrowverse. Refiro ainda, que para a minha surpresa, gostei da química entre Oliver e Felicity, o que se traduziu naquela cena específica da última temporada. Em suma, Arrow foi uma ótima forma de começa o universo de séries da DC, pegando numa personagem que até então, tinha sido mal aproveitadas no meio. Agora, tornou-se não só uma das mais populares da DC, como também a mais presente neste universo televisivo.
The Flash (2014-2021) – DS
Tudo começa quando um rapaz é atingido por um raio, é isso mesmo, Barry Allen torna-se o Flash, graças a uma falha numa experiência provocada por um acelerador de partículas, dando-lhe assim o poder de super velocidade. Barry Allen aos 11 anos assistiu à morte da sua mãe pelas mãos de alguém com os mesmos poderes de Flash. O pai de Barry foi acusado de homicídio, por consequência o seu filho, afastou-se e, começou a viver com Joe West e a sua filha Iris West. Para desvendar o mistério da morte da sua mãe, formou-se como membro especial da polícia na delegação de Central City e assim permitindo-lhe combater o crime na sua cidade.
Esta série, tal como a de Arrow, introduziu várias personagens conhecidas no mundo da DC, tais como: Captain Cold, Heat Wave, Dr. Martin Stein, entre outros. Nesta série podemos contar com muitas perguntas às quais não teremos a resposta mais clara, e por isso a série pode-se tornar complexa ou com momentos despromovidos de lógica. As partes que me agarram mais a esta série foram as primeiras quatro temporadas, desde a fase de conhecer o herói até viagens no tempo. Com o fim de Arrow, The Flash tem o peso de continuar o legado de Oliver Queen e prosseguir os caminhos de Arrowverse.
Gotham (2014-2019) – JL
O universo de Batman, sempre me foi muito próximo e familiar, portanto uma série baseada na infame cidade de Gotham City, tinha tudo para ser uma grande experiência. E que no final até acabou por ser, mesmo tendo alguns pontos negativos pelo caminho. No entanto, o foco aqui não é tanto do vigilante mascarado, mas sim de tudo aquilo que envolve os habitantes e problemas da cidade, uma vez que se passa longos anos antes de Batman sequer existir. A galeria de vilões tem uma presença estrondosa na série, indo desde Riddler, Penguin, Scarecrow, até outros mais obscuros como Solomon Grundy.
A relação entre Bruce, Jim e Alfred foi muito bem construída, especialmente nas primeiras temporadas. Sendo que a evolução de Bruce é notória, apesar de algumas inconsistências no lore, em determinados aspectos da linha temporal. Quanto às novas personagens, ao contrário de muita gente, nunca gostei da Fish Mooney, nem mesmo aquando do seu regresso à série mantive a minha opinião. Por outro lado, as personagens clássicas estão todas bem trabalhadas. No geral, adorei a forma como adaptaram as suas histórias de origem ao lore da Gotham. Por incrível que pareça, até nem me teria importado que esta série tivesse recebido mais temporadas lá pelo meio, contudo, levando em conta aquilo que foi entregue no final, cumpre o seu objetivo.
Legends Of Tomorrow (2016-Presente) – DS
No ano de 2166, o vilão imortal Vandal Savage está prestes a conquistar a sua vitória final: Trazer o caos e a destruição total da humanidade. Enquanto o mundo sucumbe, o mestre do tempo Rip Hunter tenta resolver as coisas por sua própria conta. Para isso, ele viaja 150 anos atrás, a fim de formar cuidadosamente uma equipa de super-heróis e bandidos para parar esta ameaça iminente. Rip Hunter recruta Sara Lance, Captain Cold, Heat Wave, Dr. Martin Stein, Ray Palmer, e juntos esta equipa inesperada tenta parar um dos vilões mais formidáveis de todos os tempos, simultaneamente que aprendem não apenas a ser um grupo, mas também ser heróis.
Legends of Tomorrow é uma série que foge um pouco ao cliché, podem contar com momentos muito cómicos, de pura “estupidez” e onde as personagens secundárias das séries Arrow e Flash apreendem o verdadeiro significado de ser um herói. Esta série é umas daquelas que os crossovers não podem faltar. Legends of Tomorrow ainda está a decorrer, mas a equipa principal foi sendo alterada de temporada em temporada. A meu ver, é a série que consegue fugir um pouco à monotonia, já que as personagens nem sempre são as mesmas e assim conseguem contar novas histórias.
Supergirl (2015-Presente) – JL
Kara Zor-El foi enviada para a Terra para cuidar do seu primo Kal-El, devido à iminente destruição de Krypton, contudo a sua nave acabou por ficar presa num sítio onde o tempo permanece intacto. Assim na chegada ao tal planeta, Kara vê que não só o seu primo se encontra mais velho, como a mesma segue as pegadas deste último para se tornar na sua própria justiceira, a Supergirl. A primeira temporada demorou a cativar-me, no entanto, como fui dando mais algumas oportunidades à série, até acabei por gostar daquilo que assisti.
Por volta da terceira temporada, o lore de Supergirl estava bastante próximo das comicbooks, algo que nunca esperava que fosse acontecer. A presença de Lex Luthor e de Martian Man Hunter foi muito bem-vinda. Ainda assim, a própria personagem de Kara funciona melhor, enquanto secundária em outras séries, nomeadamente nas suas várias aparições no Arrowverse. Seja como for, Supergirl é uma das ótimas adições ao catálogo extensivo da DC Comics no mercado das séries.
Black Lighting (2017-2021) – DS
Jefferson Pierce, está aposentado, há nove anos, da sua personalidade de super-herói Black Lighting, todavia, depois de ver os efeitos que isso teve na sua família, é obrigado a se tornar novamente num vigilante. Para além disso quando descobre acerca do surgimento de uma gangue local chamada “Os 100” e esta leva ao aumento do crime e da corrupção na sua comunidade, a sua missão está mais do que clara. Esta série não começou como muitas da CW, com a entrada em Arrowverse, uma vez que estreou-se com um episódio piloto e já conta, atualmente, com três temporadas.
Como disse anteriormente, Black Ligthting não foi apresentado em Arrowverse, contudo, esta série não ficou de fora. Jefferson Pierce junta-se a Arrowverse no terceiro capítulo do crossover Crisis on Infinite Earths. Pária convoca Black Lighting para ajuda-la a impedir o Antimonitor, logo a seguir o Flash da Terra-90 compartilhar o que aprendeu após a batalha do crossover Elseworlds. Com ajuda do Black Lighting, Barry, Cisco e Nevasca foi planeada uma estrategia que poderia salvar todos. Enquanto isso, Iris tem uma conversa franca com Ryan Choi, ao mesmo tempo em que Oliver e Diggle voltam a um terreno familiar. E é assim que esta série fica a pertencer a este mundo de Crossovers.
Batwoman (2019-2021) – DS
Três anos após ao desaparecimento do bilionário filantropo Bruce Wayne, vulgo Batman, a sua prima Kate Kane pretende superar os seus demónios interiores e se tornar um símbolo de esperança, de modo a proteger as ruas de Gotham City, como vigilante. Batwoman é uma série que foi apresentada no Arrowverse e que teve algum destaque por retratar os problemas que as comunidades LGBT têm no século XXI, no entanto, já não é novo este tipo de abordagem perante a DC. Na primeira parte da DC Fandome frisaram a importância deste tipo de conteúdos perante a sociedade.
Batwoman, neste momento, só tem uma temporada. Esta foi protagonizada por Kate Kane, uma lutadora de rua altamente treinada, que está também armada com uma paixão feroz pela justiça social e um talento para expressar a sua opinião, assim dedica-se a defender Gotham na ausência de Batman, da sua irmã Alice. Neste momento a série está num impasse pelo motivo que Ruby Rose abandonou o projecto. Por isso o futuro desta série ainda é uma incógnita para muitos fãs. A segunda temporada já foi revelada e promete ser tão boa, ou melhor, do que a primeira.
Watchmen (2019) – JL
De longe a melhor adaptação (neste caso continuação) de alguma comicbook para o formato televisivo. Watchmen da HBO, consegue ser não só fiel ao material original de 1986, como simultaneamente ser uma nova abordagem, com novas personagens e situações. Toda a aclamação da crítica, e respectivas nomeações na sua área, são justas e condizentes com aquilo que Damon Lindelof conseguiu transpor em apenas dez episódios. Não há efetivamente nenhum aspecto negativo gritante a apontar neste caso, foi realmente uma exceção estrondosa da DC Comics.
Como me referi na análise desta mesma série, esta produção é, sobretudo, bem sucedida em continuar a narrativa da obra original, expandido sem qualquer tipo de receio, este universo tão rico. Vale mesmo a pena, tocarem no material original só mesmo para puderem assistir a esta série, sem se sentirem perdidos. Espero que a DC faça mais produções deste género, pois mesmo sendo pequena em longevidade, todos os seus episódios acrescentam algo, e não estão lá para ocupar espaço e cumprir metas estabelecidas. Watchmen é um dos grandes must watch de 2019/2020.
Stargirl (2020-Presente) – DS
Stargirl estreou a 18 de maio de 2020 e é composta por 13 episódios. A série foi exibida no canal da CW, para além de estar disponível nas plataformas digitais da mesma empresa. Antes da estreia da série, os personagens foram apresentados no crossover do Arrowverse “Crise nas Infinitas Terras“, estabelecendo Stargirl como uma personagem que existe numa Terra paralela às séries do Universo Arrow.
Courtney Whitmore, descobre um poderoso bastão cósmico, que está na posse do seu padrasto, Pat Dugan, que costumava ser um ajudante de um herói. Esse bastão pertencia a Starman um herói que tinha falecido a tentar derrotar Sociedade da Injustiça Mundial. Esta série foca-se em formar novos super heróis com objectivo de terminar o que Starman e o seu grupo começaram. A meu ver o encanto desta série foi conseguir reviver heróis do século passado, para os dias de hoje, e digo de passagem que está muito bem feito. Para quem acompanhou a primeira temporada posso dizer que Stargirl já tem a segunda temporada para ser lançada em 2021.
O que esperar do futuro das séries da DC Comics? – DS
Depois de falar nestas séries, a pergunta que fica no ar é: Qual o caminho a seguir? Bem, essa resposta já foi abordada na primeira parte do evento da DC FanDome. Segundo a companhia responsável, o plano é conseguir juntar as séries aos filmes. Bem, de simples o plano não tem nada, a meu ver, até é bem complexo, a ideia está em dar um reboot aos filmes e séries para conseguir ligar ambos os mundos, e tudo vai começar, em The Flash (2022), com o FlashPoint. A ideia parece muito interessante já que conseguimos ver Berry Allen do filme a interagir com o da série, mas isso é só a ponta do iceberg.
Será que poderemos ver a Kara da série Supergirl a encontrar-se com o Superman num próximo filme? E será que vamos ver a próxima Batwoman a combater o crime em Gotham City com Bruce Wayne num próximo filme? Isto tudo são perguntas que só a DC vai-nos responder nos próximos anos. Para terminar, deixo uma pequena mensagem à DC, pois qualquer que sejam os planos que têm em mente, dou-vos os meus parabéns, por conseguirem dar uma almofada de ar fresco num mundo que estava em declínio. E aos fãs deste universo, digo que, agarrem bem nas vossas cadeiras porque novidades não irão faltar nos pequenos e grandes ecrãs.
O que esperar do futuro das séries da DC Comics – JL
Como referi anteriormente, acredito que o futuro da DC Comics nas séries, esteja por apostar em produções de menor duração, cujo o teor de qualidade, acabe por compensar face à longevidade. Por outro lado, a iminente fusão entre o universo cinematográfico com o televisivo, pode ser tanto prejudicial, pois destruirá certas bases com alicerces de vários anos de consolidação. Como pode ser benéfica, na medida em que dá uma segunda oportunidade à globalidade da equipa criativa para (re)pensar em novas formas de contar a história destas personagens, de forma diferente e única, levando em conta a qualidade mediana estabelecida pela CW.
A DC parece estar a dar mais atenta ao feedback dos seus consumidores, o que se refletiu nas séries de Titans, Doom Patrol ou de Watchmen. Quem mais irá beneficiar da unificação das séries com os filmes, será tanto a HBO, que terá exclusividade para exibi-las, como também a própria Warner Bros, com capacidade executiva na distribuição e coordenação das equipas responsáveis pelas várias produções. Seja como for, o cenário atual, está bastante melhor, do que aquele observado há cinco anos atrás, o que é um ótimo sinal de progressão e inovação para este formato.