The Witcher é o claro exemplo de um patinho feio. O primeiro jogo, embora seja um clássico de culto, não é de todo uma obra prima. O segundo, melhorou bastante, mas mesmo assim, não estava ao nível de competir contra os gigantes do género.
No entanto, a perseverança é algo que é recompensado, e com uma grande legião de fãs e promessa de que era possível fazer mais e melhor, The Witcher 3: Wild Hunt ganhou estatuto para combater por um lugar entre os melhores. Será que cumpre as promessas?
Tal como a CD Projekt RED tem vindo a dizer ao longo dos últimos tempos, embora ajude, não é preciso que tenham jogado os jogos anteriores para aproveitar The Witcher 3: Wild Hunt. A história faz inúmeras referências a acontecimentos passados e pessoas, mas existem várias formas de aprender mais sobre tudo isto através de uma enciclopédia do jogo que vai sendo actualizada à medida que progridem na história.
Neste episódio, Geralt volta à carga, agora incumbido de procurar por Ciri, a filha de um antigo amigo, que agora assume uma posição de liderança. Claro que a missão não é fácil, pois Ciri treinou como Witcher e é o alvo da Wild Hunt, um grupo de criaturas ameaçadoras que percorrem o mundo matando quem se atravessa à sua frente.
Se não conhecem The Witcher nem o universo dos livros, então preparem-se para um mundo bastante negro, violento e cheio de segundas intenções. Não chega ao ponto da perversidade de um Game of Thrones, mas por vezes anda lá perto. Existem intrigas, mais inimigos que amigos e os aldeões ou gente menos importante está lá quase sempre para morrer cada vez que alguém se chateia. É uma forma interessante de construir o mundo de jogo e que adapta bem o estilo da saga.
De qualquer forma, a história de The Witcher 3: Wild Hunt é mutável. Existem vários finais e são as vossas escolhas que levam a cada um deles. Existe a hipótese de tomar acção, ajudar alguém ou deixar morrer, mas o mais interessante é que muitas destas decisões são cinzentas, não havendo propriamente uma distinção entre o que é bom e o que é mau. Para este efeito, tenho de dar os parabéns à equipa que escreveu os diálogos e história, que fazem um bom trabalho em equilibrar a credibilidade e o impacto das escolhas tomadas por nós.
The Witcher 3: Wild Hunt é um jogo complicado de começar a jogar. A não ser que estejam a jogar na dificuldade mais básica, vão perceber depressa que os combates não são para ser levados de forma leviana. Os inimigos são agressivos e fortes. É preciso aprender as manhas e tempos do combate.
Seja para o bem ou para o mal, o combate de The Witcher 3: Wild Hunt é vasto e permite várias abordagens. Podem combater só com as espadas, mas é ao aprender as vantagens dos símbolos (magias), usar poções e armas de longo alcance, que se distingue quem são os bons jogadores e os que estão às aranhas.
Apesar de já ter jogado os anteriores, senti que tive de aprender muita coisa novamente, e o sistema de combate deste episódio, faz lembrar ainda mais um Dark Souls, especialmente nos combates contra os bosses, os quais demoram muito tempo a derrotar e usam padrões que precisamos de aprender para levar a melhor.
Mas se a imersão é ajudada por todo o sistema de combate, inimigos e história, é através do mundo que vemos o quão vasto The Witcher 3: Wild Hunt é. Partir a galope ou a pé pelas terras do jogo é em si um desafio, pois embora as missões estejam bem detalhadas e apontadas no mapa, é fácil sermos atraídos por uma missão à beira da estada, uma luta contra um grupo de bandidos, ou uma pessoa em apuros que pede por ajuda.
As primeiras horas parecem esmagadoras em quantidade de coisas que existem para fazer e descobrir, mas é uma sensação que no máximo é amenizada, já que o mundo é gigante e quanto mais exploram, mais zonas descobrem, mais há para fazer e mais coisas vão acontecendo que enchem a vossa lista de missões secundárias ou contratos de Witcher.
Embora vasto, existe um bom equilíbrio entre zonas cheias e zonas vazias. As cidades mais importantes usam um contraste enorme quando comparado com as pequenas aldeias e tudo muda, desde as roupas, à forma como as pessoas falam, dando ainda mais vida ao mundo. Claro que há zonas com pouco ou nenhum interesse, mas explorar zonas distantes para encontrar um baú escondido numa caverna, ou um túnel perdido que leva a umas catacumbas cheias de tesouro, são dos melhores momentos de The Witcher 3: Wild Hunt.
Com um mundo desta dimensão não é de estranhar que The Witcher 3: Wild Hunt não esteja isento de falhas e problemas ligados a bugs e glitches, algo que abunda e pode ser notado várias vezes durante uma sessão de jogo. Vi de tudo, desde personagens que tremiam no sítio, soldados uns dentro dos outros, monstros a andar contra paredes, paredes invisíveis, falas que não coincidiam com o que estava a acontecer, som desfasado, efeitos de colisão dignos de piadas, entre muitos outros bugs e glitches.
Mas se já estava à espera de encontrar problemas de colisão ou bugs devido à quantidade de coisas que existem, não estava mesmo a contar encontrar loadings com mais de um minuto de duração. É verdade que durante a exploração, não existem loadings, mas caso morram ou mudem de área através de Fast Travel, vão ter de se preparar para esperar bem mais de um minuto (pelo menos na versão PS4 em que joguei). Se na altura já me queixei dos 30 a 40 segundos que o Bloodborne demorava, imaginem quando morri mais do que 3 vezes em combate contra um boss que me obrigava a repetir duas secções e levar com o dito loading. Ninguém merece.
Felizmente, a fluidez de como as coisas acontecem e a quantidade de coisas que existem para fazer, como jogar Gwent (um jogo de cartas próprio), fazer corridas a cavalo, participar em torneios de luta, criar armas ou armaduras e em si, explorar o mundo, é algo que vale a pena e consegue dar muitas dezenas de horas de conteúdo.
Muito se falou dos gráficos de The Witcher 3: Wild Hunt, mas mesmo que tenham sofrido um downgrade notório quando comparado com aquilo que foi sendo mostrado em vários trailers, não há dúvida que este é bem capaz de ser o jogo com melhor visual desta geração, até agora The Order 1886 é o sério rival neste departamento.
As árvores abanam com o vento, as ervas contorcem, a água tem um aspecto impressionante, as pessoas tem mais imperfeições na cara do que nunca e os efeitos de luz do nascer e por do sol até conseguem criar baba. A CD Projekt RED fez um trabalho de alto gabarito que merece ser visto.
A versão de PC é claramente a vencedora, pois além de conseguir ir até resoluções assustadoras (4K alguém?), é bem mais fluída que a das consolas, que além de andarem na casa dos 30fps, ainda são alvo de grandes quebras de fluidez, pop-ups e visão em distância mais curta. Por isso, se querem mesmo fidelidade, vão para a versão PC (e isto caso tenham um PC topo de gama). Se não, as consolas também se portam bem e tirando alguns engasgos, são apostas válidas.
Quanto ao trabalho sonoro, é complicado apontar grandes problemas, pois o que é bom, é mesmo muito bom. A banda sonora é fantástica, o trabalho vocal está muito bem conseguido e todos os efeitos ambientais, sons e grunhidos estão bastante bem feitos.
Existe muito para falar de The Witcher 3: Wild Hunt, mas não vale a pena estar a transformar esta análise num manual, afinal, muito do que o jogo oferece só tem piada de ver ou explorar por vocês mesmos. Existem problemas por resolver e nem tudo é um mar de rosas, mas a CD Projekt RED conseguiu cumprir com grande parte das promessas.
Mesmo com um downgrade visual e muitos bugs, não há como negar que The Witcher 3: Wild Hunt é uma experiência de topo e que mostra o que a nova geração de consolas consegue fazer. 2015 ainda nem vai a meio, mas já se vê que The Witcher 3: Wild Hunt é um sério candidato a jogo do ano.
Vejam também a nossa vídeo-análise de The Witcher 3: Wild Hunt!
Positivo:
- Mundo gigante para explorar
- Muito para fazer
- Combate desafiante e profundo
- Visual impressionante
- Excelente banda sonora
- Trabalho vocal de excelência
Negativo:
- Loadings enormes nas consolas
- Muitos bugs e glitches
- Downgrade visual face aos primeiros trailers
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