Análise: The Amazing Spider-Man 2 – O Fantástico Homem-Aranha 2

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Homem-Aranha é o meu super-herói preferido. Não me identifico com multimilionários que combatem o crime, menos ainda, com extraterrestres que aterram no Planeta Terra por obra e graça do acaso.  Stan Lee desenvolveu um personagem inspirado nas pessoas comuns, com problemas reais (família e amigos), que enfrenta dramas sociais (que nunca são fáceis), e procura o lugar na vida e no mundo. Peter Parker pode ser o nosso melhor amigo ou o nosso vizinho.

Evidentemente, se Peter Parker enfrentasse as adversidades com o poder do diálogo e da diplomacia, não seria tão fantástico. O fato vermelho e azul, a capacidade para disparar teias e circular por Nova Iorque com nota artística, a força e agilidade sobre-humana atiçam a dor de cotovelo, mas o definitivo fator “uau” no universo do Homem-Aranha são os vilões. É uma consideração discutível, mas Venom, Carnificina e os Duendes colocariam qualquer super-herói em sentido.

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reboot da franchise cinematográfica do Homem-Aranha, apesar de apressada, é bem-vinda. O realizador da trilogia anterior (Sam Raimi) nunca atinou com o material original, e as liberdades criativas descredibilizaram letalmente o aracnídeo (quantas pessoas recusaram uma nova oportunidade ao Homem-Aranha devido à trilogia anterior?). Outro peso morto que não provoca saudade é Tobey Maguire. O nosso melhor amigo ou o nosso vizinho não são palermas e encolhidos, na pior das hipóteses, são vítimas das circunstâncias. Má orientação do realizador, ou má interpretação do material original? Maguire nunca esteve confortável no fato do Homem-Aranha e a prova cabal é o facto de Kirsten Dunst roubar todo o protagonismo da trilogia anterior.

Para liderar a nova abordagem cinematográfica do herói da Marvel, a Sony escolheu Marc Webb, realizador de (500) Dias de Summer. “Marco Teia” seleccionou Andrew Garfield para o papel principal, e em conjunto, arrancaram com a complicada missão de fazer as pazes com o público e convencer os espectadores de que é uma boa ideia ver a mesma história pela segunda vez.

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O Fantástico Homem-Aranha 2 dá sequência aos eventos do filme anterior. O segredo em redor da morte de Richard Parker (Campbell Scott) e Mary Parker (Embeth Davidtz) continua a assombrar e condicionar a vida de Peter, e todas as respostas apontam à empresa Oscorp. Entretanto, Peter e Gwen Stacy (interpretada por Emma Stone) continuam à procura da melhor maneira para manter uma relação com contornos especiais.

O elenco conta ainda com Jamie Foxx no papel de Max Dillon (Electro), Dane DeHaan (Harry Osborn e Duende Verde), Colm FeoreFelicity Jones e Paul Giamatti (Aleksei Sytsevich e Rihno). Num elenco que mistura jovens talentos e actores consagrados, algumas das melhores cenas pertencem à veterana Sally Field. Uma actriz com esta qualidade, e sem nada a provar, poderia “ter mandado às urtigas” o convite para desempenhar um papel secundário num filme de super-heróis, mas a oscarizada actriz entrega-se de forma formidável à Tia May, atingindo uma dimensão que  Stan Lee nunca explorou.

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A realização de Marc Webb é tão divertida e criativa como ler uma banda-desenhada do Homem-Aranha. O realizador entende muito bem quem é o personagem, e o paradigma desse entendimento está nas cenas em que o aracnídeo circula por Nova Iorque disparando teias. De realçar também, porque é mérito do realizador, a carga emotiva nas cenas entre Peter/MayPeter/GwenPeter/Harry ou Harry/Electro, cuja intensidade é comparável aos frenéticos momentos de acção.

Nos restantes domínios técnicos, nota mais para a edição, que camuflou a manta de retalhos que outrora foi o guião. A banda-sonora de Hans Zimmer e Pharrel Williams é necessariamente boa, embora a música dedicada a Electro seja parecida com Duel Of The Fates (Star Wars).

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É bizarro entrar numa sala de cinema e fazer figas para que não destruam as representações construídas pela imaginação durante a leitura das bandas-desenhadas. Felizmente, O Fantástico Homem Aranha 2 é um grande filme.

Evidentemente que existem problemas. Devido à duração do filme, não há tempo para reflexão sobre os acontecimentos. Também é embaraçosa a inverosimilhança da empresa Oscorp, enquanto “ninho” de vilões, basta “adicionar água e já está”. Outra questão que merecia maior atenção é a construção da “maldade” dos vilões, assente (duas vezes) em mal-entendidos.

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É um blockbuster, com as palermices dos super-heróis e cenas de acção que transformam os miolos em Cerelac, mas não ofuscam os diálogos muito bem escritos e as fantásticas interpretações. Curiosamente, e por isso é um filme para todos, o ponto forte de O Fantástico Homem-Aranha 2 são as relações entre as personagens. Peter e Harry não precisam de muito tempo em cena para demonstrar que são amigos desde sempre, já a riqueza no romance entre Gwen e Peter é tão evidente, para encontrar um paralelo cinematográfico, é necessário recuar a Casablanca.

Marc Webb, Alex Kurtzman, Roberto Orci e Amy Pascal estão de parabéns. O primeiro Fantástico Homem-Aranha não foi um caso isolado, há uma equipa apaixonada pelo material original, que respeita o legado de Stan Lee. Apesar da preocupação em redor das “liberdades criativas” (Harry como o primeiro Duende Verde) e vilões em excesso, os fãs do Homem-Aranha podem dormir tranquilos, a franchise evolui de forma segura e unificada. Venha daí o quarto e quinto capítulo da saga, o filme dos Seis SinistrosVenom e Gata Negra.

Positivo

  • Gwen e Peterpn-recomendado-ana
  • Andrew Garfield faz “level up” nas cenas com Sally Field
  • Dane DeHaan é uma força da natureza
  • A história de Richard e Mary Parker
  • Elenco
  • Sony promove a paz entre a Marvel e 20th Century Fox com cena de X-Men nos pós-créditos

  • Olá Felicity Jones

 

Negativo

  • Problemas na produção que obrigaram a reformulações no guião
  • Bromance” entre Harry e Peter

  • Shailene Woodley teria sido uma óptima Mary Jane
  • Paul Giamatti em part-time
  • O sistema legislativo não tem impacto na Nova Iorque do Homem-Aranha?

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