Análise – Robotics;Notes Elite

  • Plataformas: PlayStation 4, Nintendo Switch, PC
  • Versão de Análise: PC
  • Informação Adicional: Imagens e captruas de vídeo retiradas durante as sessões de jogo.

Enquanto que os fãs da Science Adventure Series já estão familiares com os temas de Steins;Gate e Chaos;Child, o mundo de Robotics;Notes ainda é um território inexplorado. Passado um par de anos temos finalmente em frente de nós não só Robotics;Notes como também a sua sequela Robotics;Notes DaSH.

Steins;Gate é obviamente a obra mais popular, focando-se mais no aspecto científico e oferecendo uma história com viagens no tempo e organizações secretas, incluindo Steins;Gate 0. Enquanto que Chaos;Child oferece antes uma história mais virada para a psicologia, continuando a contar com organizações secretas e teorias da conspiração. Robotics;Notes tal como o nome indica é sobre o mundo da robótica, juntando o contínuo tema de conspirações e organizações que querem dominar o mundo enquanto as personagens preocupam-se em criar um robô gigante.

Por mais estranho que pareça, esta é a altura mais que perfeita para o lançamento de Robotics;Notes no Ocidente, pois o jogo tem lugar entre 2019 e 2020, e tal como já foi dito, a história foca-se em criar um robô gigante que consiga mover-se. O Japão sempre foi fanático com robôs, em especial a série Gundam, e é algo engraçado estar a jogar um jogo obviamente inspirado nessa tema e série no mesmo ano em que o Gundam de Yokohama acabou por mover-se pela primeira vez.

Robotics;Notes Elite é uma versão melhorada do original, mas ao contrário de Steins;Gate Elite este não recebeu exactamente o mesmo tratamento. Steins;Gate Elite decidiu basicamente substituir o jogo pelo anime, cortando algumas secções da sua versão original. Por outro lado Robotics;Notes Elite apenas adiciona animação da sua adaptação anime em alguns momentos, melhora os modelos 3D das personagens e faz uma revisão da história original.

As mudanças acabam por não ser tão drásticas quando comparado com o que aconteceu entre Steins;Gate e Steins;Gate Elite. Apenas algumas mudanças de diálogo, removendo ou adicionando linhas para manter um melhor pacing, algo que o jogo continua a necessitar um pouco.

Para começar, Robotics;Notes Elite tem um tema central, a construção de um robô gigante por parte das personagens. No entanto este tema vai e vem durante a história, tomando o foco durante algumas horas de depois voltando a ficar para segundo plano, enquanto o mistério de um assassinato, o possível fim do mundo, organizações e conspirações acabam por roubar a atenção.

Tal como já disse Robotics;Notes Elite tem um problema de pacing, e talvez seja por isso que o jogo começa com um flash forward para agarrar o interesse do jogador antes de iniciar a sua história. Dependendo do quão rápido ou lentos são a ler, ainda irão demorar algumas horas até a história finalmente começar a apresentar algo interessante, e mesmo após a história realmente ter inicio esta continuará com um paço um pouco lento.

A verdade é que ao contrário de Steins;Gate e Chaos;Child que rapidamente apresentavam o seu ponto de interesse, Robotics;Notes possui um tema que não irá agarrar tantos fãs ao contrário das outras séries. Outro dos problemas é que ainda irá demorar até o esperado robô gigante aparecer, e até lá chegar os outros temas ainda estão a arrancar. É só mesmo quando o jogador chega a meia da história que fica agarrado, mas isso ainda poderá demorar cerca de vinte horas até acontecer.

É também por volta desta altura que irão dar de caras com o primeiro final do jogo, e começar a bater com a cabeça enquanto tentam descobrir como desbloquear o resto da história. Devido a uma decisão estranha os capítulos 6 a 8 da história principal estão bloqueados e são tratados como “heroine routes”. Normalmente numa situação destas seria aqui em que a história se dividia da rota principal para contar uma história alternativa entre o protagonista e a heroína, mas neste caso a coisa acontece de uma maneira diferente.

Robotics;Notes não tem rotas alternativas, tudo o que acontece durante a sua história é contínuo e fixo, e isto inclui as tais “heroine routes”. Basicamente os capítulos 6, 7 e 8 decidem focar-se personagens específicas durante o desenrolar da história, e isso acaba por ser considerado como uma rota de heroína, o que quer dizer que é necessário alcançar certos critérios para as desbloquear.

A versão que Robotics;Notes utiliza para as “escolhas” acaba por ser uma mistura entre os emails de Steins;Gate com a influência das escolhas de Chaos;Child. Em Steins;Gate a história era contínua e o momento da decisão chegava numa altura bastante óbvia, com cada final alternativo a ter apenas meia hora cada. O único elemento que necessitava de mais trabalho era o final verdadeiro onde era necessário responder a certos emails da forma correcta. Chaos;Child por outro lado era mais simples, ter o nível de afeição de uma personagem maior que as outras.

Robotics;Notes mistura então ambas as ideias. Neste jogo as mensagens existem através de posts feitos num Twitter ficcional, e é ao responder da forma correcta a certas personagens que os capítulos em falta são desvendados. Tal como todas as outras entradas na Science Adventure Series, Robotics;Notes não é claro no que é necessário fazer. Este avisa apenas para ver o Twitter, ou neste caso, Twipo, mas não explica se o sistema funciona por pontos tal como em Chaos;Child ou se é necessário responder a certas questões da maneira correcta tal como em Steins;Gate.

O processo poderia ter sido menos doloroso na minha experiência, isto porque devido a uma razão desconhecido o botão de Skip não estava a funcionar como devia. Em visual novels é normal encontrar um botão de Force Skip que salta o texto todo, e um de Skip que nas definições normais salta apenas o texto que o jogador já viu. Mas por alguma razão esta segunda função não estava a funcionar, e após várias horas de teste e até a mudar definições no menu de opções não consegui encontrar a causa do problema. O botão simplesmente não fazia o seu trabalho e saltava o texto apenas quando lhe apetecia, incluindo texto que ainda não havia lido.

Este pequeno problema acabou por fazer com que demora-se ainda mais a encontrar a fórmula para desbloquear os capítulos em falta. Mas após algumas horas acabei por descobrir que existe uma maneira bastante fácil de identificar se estão no caminho correcto ou não. Simplesmente tem de ver se os vossos comentários no Twipo recebem uma resposta ou não. E caso continuem presos então a minha recomendação seria reiniciarem o quarto ou quinto capítulo e focarem-se numa personagem apenas. Se ainda não o tiverem conseguido voltem mais atrás no calendário ou escolham outra personagem.

O jogo está ciente da trabalheira que causa com estes cenários pois o mesmo até faz uma pequena piada, mas a verdade é que podia ser um pouco mais simples, e tendo em conta que estes cenários fazem parte da história principal não faz muito sentido todo este processo para os obter. Pelo menos acaba por ser engraçado ler os comentários e conversas que as personagens fazem neste twitter ficcional já que oferece-lhes mais personalidade.

Regressando ao assunto da história, esta após arrancar começar a ganhar mais terreno e a tornar-se mais interessante, em especial após o sexto capítulo do jogo. No entanto um problema é que algumas cenas não tem grande tenção como deviam, uma vez que o flash forward acaba por revelar que as personagens estão bem e sem grandes problemas. A história iria agarrar mais o jogador caso este não tivesse conhecimento do futuro.

O final acaba por deixar alguns assuntos em aberto e que são demasiado importantes para serem postos de lado. Por outro lado existe demasiada insistência por parte do protagonista e heroína principal em obcecarem com outra personagem que não recebe qualquer tipo de desenvolvimento durante o jogo, tornando esses momentos um pouco insuportáveis e sem grande importância para o jogador pois esta não a conhece da mesma maneira que as outras personagens.

Falando sobre as personagens, a maioria tal como a história ainda vão demorar até apresentarem alguma mudança e começarem a ser mais interessantes. A que mais sofre disto acaba por ser o protagonista que na maioria da visual novel está num estado de espirito “aborrecido”, apenas começando a crescer perto do final da história.

Quanto à versão Elite, digo que não sou grande fã das cenas do anime. Ao invés de retirar cenas de baixa qualidade a produtora podia ter refeito ou criado novas cenas com uma qualidade melhor e que estivessem ao nível das CGs do jogo. Quanto à banda sonora, a início esta passa despercebida, mas no final dei por mim a lembrar-me de alguns dos temas mais notáveis nas alturas em que não estava a jogar.

No geral Robotics;Notes Elite tem os seus altos e baixo, com o seu maior problema a ser o pacing da sua história. O tema de robôs gigante é algo que não vai agradar à maioria, e os restantes temas de conspiração e fim do mundo demoram a ter início, sendo que por essa altura é possível que alguns dos fãs possam já ter desistido do jogo. É certo que esta é possivelmente a entrada mais fraca da Science Adventure Series, mas isto não quer dizer que é má. Simplesmente não está ao nível das outras histórias à qual já fomos habituados a esperar desta série.

Positivo:

  • Ligação e referências aos outros jogos da Science Adventure Series

Negativo:

  • História demora a arrancar
  • “These flags are annoying”

Mathias Marques
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