Após o Netflix chegar a Portugal, foram apenas precisos 2 dias para tornar-me numa vítima, vítima de “Binge-watching” (assistir uma temporada completa sem interrupções) e o culpado é Peaky Blinders.
Peaky Blinders é uma série britânica criada e escrita por Steven Knight (Locke) que decorre em 1919 em Birminghan, Inglaterra, logo após o fim da 1ª Guerra Mundial. Cillian Murphy (Inception, Batman Begins) interpreta o papel de Thomas Shelby, líder do gangue Peaky Blinders.
O enredo da série retrata a ambição de Thomas Shelby em tornar o negócio da sua família numa atividade legal. O negócio em questão é apostas de corridas de cavalos, mas enquanto o negócio não atinge a legalidade Thomas faz questão de aldrabar todas as corridas em que aposta.
Apesar de o enredo ir evoluindo acabei por não ficar tão agarrado ao mesmo. Não é que o enredo seja mau, de maneira nenhuma, aliás agradou-me bastante a maneira como aproveitaram as consequências da guerra, tanto nos personagens como na própria cidade. Mesmo assim, o enredo acabou por ficar um pouco aquém das minhas expectativas. Felizmente a série compensa em outros aspectos.
A caracterização dos cenários é um dos pontos mais importantes de Peaky Blinders. Desde bairros de lata a zonas industriais, todos os cenários estão fidedignos e criam a sensação de imersão com a época.
Alguns dos planos usados espantaram-me, principalmente os de grande escala onde aparecem fábricas. Apesar de 60% dos planos que estava a ver serem CGI, isso não me incomodou. Até fiquei surpreendido pela qualidade do mesmo tendo em conta que estamos a falar duma série que é transmitida no canal “BBC Two”(é por vezes considerada um Original Netflix pois o direito de transmissão, nos Estados Unidos, pertence única e exclusivamente ao mesmo), onde normalmente as séries não têm orçamentos muito elevados.
As prestações dos atores estão a um nível elevado, destacando Cillian Murphy como Thomas Shelby e Sam Neill (Jurassic Park) como Chester Campbell. Enquanto Thomas Shelby é um criminoso que não olha a meios para atingir os seus objetivos, Chester Campbell é um inspetor com uma forte reputação por seguir as regras. O desenvolvimento de ambos está muito bem conseguido pois chega a alturas que já nem se sabe quem é o maior escumalha.
A banda sonora é composta por rock clássico de variadas bandas, incluindo até The White Stripes (não, não meteram a “Seven Nation Army”, está descansado, Milchgeist). A minha música preferida é do genérico de cada episódio, “The Red Right Hand” por Nick Cave and the Bad Seeds. As músicas adequam-se muito bem à série, principalmente em sequências de ação que mistura de forma eficiente os diálogos das personagens e as lutas.
Peaky Blinders podia ter um enredo mais bem trabalhado e não ter tanta exposição, mas felizmente a série faz um excelente trabalho com a caracterização dos cenários e personagens o que faz com que valha a pena assistir. De momento, a 2ª temporada da série ainda não está disponível no Netflix em Portugal, apesar de já ter estreado o ano passado na BBC Two. Sabendo que o Tom Hardy participa na 2ª temporada, o meu hype aumenta logo para níveis parvos.
Positivo
- Qualidade de produção
- Caracterização de cenários
- Cinematografia
- Banda sonora
- Enredo com boa premissa…
Negativo
- …mas podia ser executado de uma maneira melhor
- Exposição em demasia e extremamente forçada
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