Análise – Paper Mario: Sticker Star

Depois de ter sido posta de lado no que toca a portáteis da Nintendo, eis que a série Paper Mario faz a sua estreia numa dessas plataformas com o novo Paper Mario: Sticker Star. O jogo foi anunciado para a Nintendo 3DS na E3 de 2010 e o como fã fervoroso do canalizador italiano mais conhecido do mundo, não deixei de ficar contente. A génese deste conceito RPG com Mario começou com Super Mario RPG para a Super Nintendo feito em conjunto com a Square. Paper Mario para a Nintendo 64 seguiu estas pisadas e adicionou novas propriedades, como o grafismo em cel-shading, e a partir daqui foram lançados novos capítulos que chegaram à GameCube e Wii.

Cada um destes jogos da série possui uma característica única e em Paper Mario: Sticker Star vemos uma mecânica de jogo centrada em autocolantes com todo o tipo de poderes. A cena inicial mostra também a importância destes autocolantes, onde todo o reino de Mushroom está a festejar um evento de nome Sticker Fest. Como seria de esperar, Bowser estraga toda a festa, ficando Mario incumbido de restaurar todos os autocolantes reais que ficaram espalhados pelo mundo fora com a ajuda de um autocolante mágico de nome Kersi.

Ao contrário do mais recente Super Paper Mario para a Wii, Paper Mario: Sticker Star volta às origens da série trazendo de volta a vertente RPG. Sendo assim, todos os inimigos no jogo são derrotados a partir de combates por turnos, e apesar deste regresso, esta vertente RPG está muito mais simplificada. Vamos então continuar a ter as famosas barras de energia para determinar a vida dos intervenientes do combate, e as nossas acções baseiam-se única e exclusivamente no uso de autocolantes que tenhamos apanhado pelo jogo, e estes autocolantes estão espalhados pelo mundo do jogo estando agarrados a partes do cenário, escondidos em blocos e alguns mais fortes serão ganhos depois de vencermos alguns inimigos.

Existem então variadíssimos autocolantes para coleccionarmos, onde cada um efectua uma acção diferente. Temos as botas, que fazem com que Mario salte em cima do inimigo, as flores que lançam fogo ou gelo, martelos, e até outro tipo de autocolantes que nos serão dados após a morte de um inimigo, como os Shurikens e o Boomerangs. Há que ter cuidado, pois existem alguns que têm o desenho de um penso, e esses não causam tanto dano pois estão danificados. Há que saber utilizá-los também, visto que alguns deles são ineficazes contra certos inimigos, como por exemplo uma simples bota num cacto, ou então um martelo num Goomba com asas. Para além de perderem um autocolante desnecessariamente, poderão aleijar Mario.

Desta maneira, não existe grande estratégia para derrotar os inimigos em jogo, sendo necessário apenas o uso certo dos autocolantes que temos para conseguirmos derrotar os inimigos em questão. Um factor determinante nos combates são também o uso das moedas que apanhamos pelos cenários fora, e que podem ser usadas em combate para invocar uma roleta antes de cada ataque e determinar o número de vezes que podemos atacar simultâneamente no mesmo turno.

Ao contrário dos clássicos level-up que faríamos quando tivéssemos ganho experiência suficiente, vamos ter que apanhar corações especiais escondidos pelos vários cenários e que nos aumentam o limite da nossa barra de energia. A verdade é que este sistema funciona bastante bem, mas a sua excessiva simplicidade tira também um bocado da estratégia que os RPGs e os dois primeiros jogos da série requerem.

É também a primeira vez que um jogo da série Paper Mario introduz o sistema clássico de níveis com um mapa, no qual a nossa procura pelos autocolantes será mais aberta à escolha, sendo possível escolher o rumo que quisermos. Vamos encontrar vários tipos de cenário clássicos como o deserto, zona vulcânica, floresta, etc. Para desbloquearmos mais caminho no mapa vamos ter que chegar ao fim do nível, sendo que o nosso percurso será feito bem ao género de plataformas, onde sempre que tocamos num inimigo, iniciamos o combate por turnos. Com o desbloquear de novos caminhos e cenários, a dificuldade irá aumentar, não só no tipo de inimigos que encontramos, mas também na complexidade do cenários.

Isto irá fazer com que o jogador tenha que investigar o cenário várias vezes, porque certas zonas serão quase como um puzzle para atravessá-las, e noutras situações quereremos descobrir zonas secretas que também são desbloqueáveis a partir de autocolantes específicos e com a ajuda da Kersi. A típica maneira de progredir no jogo seria através da estória, onde o jogo transporta-nos para onde ele quer e como ele quer, e acho que esta maneira clássica de escolher os níveis tira um pouco do factor surpresa que às vezes a série consegue oferecer. Algo que aconteceu com bastante regularidade neste jogo foi o facto de se ficar perdido derivado às explicações deficientes ou até mesmo falta desta.

Paper Mario Sticker Star é uma delícia de se olhar. Desde a altura em que o conceito foi criado na Nintendo 64, onde as personagens parecem recortes de papel e o seu comportamento físico é como tal, o jogo ganhou um charme incrível. Na Nintendo 3DS e com a ligação do 3D, todo este mundo ganha um sentido ainda maior, sendo possível pormenorizar ainda melhor cada uma das personagens, cenários e autocolantes que nos são mostrados. No que toca ao detalhe e à qualidade, o jogo consegue estar quase a par daquilo que foi visto na Wii com Super Paper Mario, isto porque alguns dos detalhes e efeitos estão muito bem conseguidos.

A estória é capaz de ser das mais fracas da série Paper Mario, havendo poucos momentos impressionantes, mas os diálogos continuam excelentes oferecendo momentos extremamente cómicos e típicos da série graças a uma interacção altamente divertida. A banda sonora também encaixa na perfeição com o jogo, havendo novas versões de músicas clássicas da série Super Mario, mas também outras criadas de propósito para o jogo. Os efeitos de som também estão bons e baseiam-se naquilo que podemos encontrar em jogos anteriores.

Paper Mario: Sticker Star fez a sua estreia numa portátil e apesar de ser um jogo com alguns problemas, não deixa de ser uma experiência positiva e que poderá abrir o apetite para aos novos jogadores sobre futuros jogos da série.

Positivo:

  • Intuitivo
  • Apresentação bem conseguida
  • Puzzles bem trabalhados
  • Variedade nos mundos
  • Diálogos continuam interessantes

Negativo:

  • Demasiado fácil para um RPG
  • Estória pouco interessante
  • Poucos modos no multiplayer
  • Enredo passa muito ao lado…
  • …tornando o jogo insonso por vezes

Daniel Silvestre
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