Análise – Killer is Dead

Em muitos aspectos, a indústria dos videojogos começa a ter cada vez mais parecenças com o cinema. Existem blockbusters de verão, existem franquias que representam milhões de vendas, existem produtores que ganharam fama e existem aberturas de meia noite para festejar um grande lançamento como se fosse uma “premiere” de um qualquer filme.

Assim sendo e tal como o cinema, temos coisas boas e más e outras que não são nem pão nem queijo ou que assumem contornos pouco distintos.

Um dos produtores de videojogos que me mete mais confusão é SUDA 51, um suposto génio com boas ideias, mas que me faz sempre lembrar de Quentin Tarantino. Porque? Simplesmente porque a sua visão diferente e arriscada de ver a indústria onde trabalham, tem tanto de genial como de sobrevalorizado.

Assim chegamos a Killer is Dead, um jogo estranho mas com muito de familiar. Um projecto com ideias desgarradas que infelizmente ficam longe de concretizar uma visão sólida ou coerente, mesmo que seja divertido em muitas ocasiões.

Killer is Dead conta a história de Mondo Zappa, um mercenário que trabalha numa companhia dedicada ao extermínio de demónios ou espíritos malignos. Mondo faz-se acompanhar de diversos colegas e pode visitar “amigas” com as quais pode desenvolver relações mais fortes, mas nada disto é suportado por um fio condutor minimante lógico.

Para começar, temos certeza de onde Mondo trabalha e com quem trabalha porém, tão depressa estão a combater numa casa habitada por uma versão poltergeist da Alice no País das Maravilhas, como na missão seguinte vão visitar uma mansão construída na Lua e habitada por um tirano com um vestuário pouco convencional. Raramente faz sentido e normalmente parece que SUDA está a visitar caminhos instáveis que deixam o jogador mais confuso do que maravilhado.

Pelo menos o combate de Killer is Dead é funcional e consegue ser bastante divertido quando aprendem a dominar as suas nuances. Estamos a falar de um slash’em-up muito ao estilo de DMC, Bayonetta ou No More Heroes onde temos ao dispor uma espada e uma arma de longo alcance com as quais podemos dar cabo da oposição.

Podem atacar directamente, desviar ou bloquear ataques, escolher armas alternativas ou utilizar habilidades especiais de forma consecutiva com o objectivo de aumentar o contador de golpes, que oferece assim mais cristais de evolução, ou mais vida ou sangue, elementos essenciais para manter a personagem viva e cada vez mais forte.

Como referi, o combate decorre a um ritmo bastante bom e consegue ser divertido, embora seja traído por diversas vezes pela câmara e o próprio visual, que se torna confuso e diluído quando estamos rodeados de inimigos. De qualquer forma tenho de dar um ponto positivo aos bosses que oferecem bons desafios e estratégias diferentes.

Quando não estão a fazer missões, podem visitar então as várias meninas disponíveis para aumentar o nível do vosso relacionamento. Estes segmentos conseguem ter a sua piada mas não passam de momentos desconjuntados na temática da campanha principal. Este sistema de engate acada por se tornar repetitivo muito depressa e só vale a pena realizar pelas armas especiais que são oferecidas à medida que a relação avança.

Visualmente, Killer is Dead está entre o fantástico e o incapaz. Quando não existe grande acção e a câmara não se move muito, a direcção artística e o visual aguarela são realmente bonitos de ver e apreciar, quando a confusão aumenta podemos ver o quão confusos ficam os cenários e um decréscimo constante na fluidez da imagem que faz inúmeros cortes na imagem (screen-tearing). As animações de combate e inimigos também costumam ser pouco variados o que é uma pena.

Sonoramente existe espaço para vozes em inglês e japonês. As vozes em inglês não estão más, mas não coincidem bem com a maioria das personagens e a versão japonesa tem algumas vozes realmente irritantes. Mas ao escolher entre as duas, aconselho a versão japonesa, apesar de até esta estar estranhamente dessincronizada com os lábios.
A música é interessante e confesso que até gostei da maioria, especialmente da música do menu inicial.

Tal como um filme de Quentin Tarantino, SUDA 51 voltou a fazer um jogo ao seu estilo e feitio. Um jogo ideal sem qualquer dúvida para os seus fãs que o vão devorar até ao tutano. Fora dessa zona de conforto, Killer is Dead não é mais do que um bom jogo de acção com muitos elementos inconsistentes e algumas ideias bem pensadas…mas podiam ter sido executadas de uma forma bem melhor.

Positivo:

  • Arte visual
  • Estilo de Suda 51
  • Combates divertidos
  • Bons combates de Boss

Negativo:

  • Confusão visual
  • Problemas de câmara
  • Cortes (screen-tearing) na imagem
  • História confusa e desgarrada
  • Algumas personagens irritantes
  • Missões de Giggolo repetitivas

Daniel Silvestre
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