Análise – Castlevania T1-T3

A franchise de Castlevania sempre me foi familiar, desde muito cedo. Ainda me lembro de quando experimentei Castlevania Symphony Of The Night na versão de PSP, que vinha incluída noutro jogo. E desde então, que não só esse jogo se tornou um dos meus jogos favoritos de sempre, como também, fiquei agarrado a este universo. Portanto, não foi de espantar que quando anunciaram que Castlevania receberia uma série animada para a Netflix, fiquei bastante entusiasmo. Agora, em 2020, com um total de três temporadas lançadas, venho vos provar que esta série não só é uma obra de enorme qualidade, como também um estudo de caso e referência para todas as adaptações de videojogos para outra media.

A série Castlevania é baseada principalmente nos eventos do jogo, Castlevania III: Dracula Curse, adicionalmente vai buscar inspiração a outros jogos como o já mencionado, Symphony Of The Night e Curse Of Darkness. De uma forma geral, este universo é focado na família Belmont, um lendário clã de caçadores de vampiros, a qual trava uma guerra contra o próprio Dracula. Na sua base, está uma maldição que a cada cem anos, o Dracula ressuscitaria e um novo Belmont teria de derrotá-lo, antes que o rei dos vampiros cumpra a sua vingança e tente dominar o mundo.

A premissa da série de Castlevania, tem início com a morte da esposa do Conde Dracula, por parte da igreja, que ao vê-la em pose de conhecimento científico, que era considerado heresia para altura, decide tomar tal decisão. Assim, Dracula com sede de vingança, declara que todos os humanos de Wallachia irão pagar com as suas vidas, o que se traduz na invocação de um exército de demónios que invade aquela região.

No meio desta guerra, Trevor Belmont, o último sobrevivente da família Belmont, auxiliado por Sypha Belnades, uma oradora capaz de conjurar magia e Alucard, o filho de Dracula, tentam por fim à tirania do conde vampiro. Como esta análise engloba três temporadas, tentarei destacar os pontos mais marcantes de cada uma, ao mesmo tempo que dou uma ideia geral de como cada uma se encaixa.

Na primeira temporada, de apenas quatro episódios, temos uma ideia inicial daquilo que vai ser o fio condutor do resto da história, com a apresentação dos protagonistas, e sucessivos antagonistas. Portanto, este primeira temporada é quase como uma espécie de “episódio piloto” para nos familiarizar com a ambientação e tom do mundo. Na segunda temporada, são desenvolvidos com mais profundidade os pontos apresentados na temporada anterior.

São introduzidas as personagens de Hector e Isaac, os únicos humanos no exército de Dracula, que por terem perdido a fé na raça humana decidem juntar-se a este último. Este plot device acaba por criar alguns dos momentos mais filosóficos e marcantes da série. Adicionalmente, é apresentada Carmilla, uma vampira que auxilia Dracula na sua purga contra a raça humana, contudo, esta tem os seus próprios planos e pretende levá-los em frente, independentemente do apoio ou não do conde vampiro.

A terceira temporada, apesar de considerar um pouco inferior em comparação à genialidade da anterior, acaba por responder a algumas questões deixadas em aberto e expande mais o universo para além da fórmula de Belmont versus Dracula. Mesmo assim, demora a recuperar o pace da temporada anterior. Por falar em personagens, todas elas se encaixam bastante bem e de forma fiel aos jogos homólogos, tendo inclusive, ganho mais desenvolvimento nesta adaptação. Até as personagens novas, acabam por sobressair, por vezes, face aos personagens veteranos.

O estilo da animação tem um tom escuro e com bastante gore ao longo da série, daí que esta tenha como público-alvo, uma faixa etária mais velha. Elemento este, que acaba por ser um dos pontos positivos da produção de Castlevania, pois consegue explorar e apresentar sem pudor, toda aquela panóplia de criaturas monstruosas e cenas com bastante sangue e destruição, que muitos dos jogos evidenciavam. Ainda neste aspecto, ressalvo as cenas de ação, que são também outro ponto forte, as quais estão muito bem animadas, e vão subindo a fasquia de qualidade ao longo das temporadas.

A banda sonora é surpreendentemente bastante congruente com o tom dos jogos de Castlevania, sendo inclusive usadas algumas faixas clássicas para os fãs, como é o caso de Bloody Tears, que aqui destaco.

Desde o visual e estética, a banda sonora, as personagens e locais e o tom da série de Castlevania, que esta consegue ser um verdadeiro tributo e homenagem àquilo que foi esta franchise. Warren Ellis, o criador desta série, fez um verdadeiro trabalho de mestria em adaptar com perfeição e cuidado o lore e universo de Castlevania para os pequenos ecrãs. Por todas estas razões, que Castlevania é sem dúvida, e arrisco dizer, a melhor adaptação de um videojogo para o formato televisivo (ou cinematográfico), neste caso de streaming. As próximas temporadas que estão a caminho, têm ainda muito por onde pegar e por explorar, há imenso potencial para o futuro desta franquia icónica do universo dos videojogos na Netflix.

Positivo:

  • História;
  • Personagens cativantes;
  • Qualidade da animação;
  • Fidelidade da banda sonora e do lore utilizados;
  • Sem pudor para mostrar cenas de horror e gore;
  • Plot Twists;

Negativo:

  • Terceira temporada demora a ganhar o ritmo certo;

João Luzio
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