Análise – Aliens: Colonial Marines

Aliens: Colonial Marines é um daqueles jogos cuja produção parece uma novela. Lembram-se do Duke Nukem: Forever e dos anos que esteve em produção? Aliens: Colonial Marines tem uma história semelhante. O jogo esteve para ser lançado em 2001 na PS2, tendo sido cancelado e ficado esquecido até 2006, altura em que a SEGA adquiriu os direitos da série Alien e deu à Gearbox a tarefa de produzir o jogo. Desde esse ano que ficámos à espera do jogo que foi lançado no passado mês. De acordo com ex-funcionários da companhia, o envolvimento da Gearbox no jogo resumiu-se ao multiplayer, tendo o single-player sido produzido pela TimeGate Studios.

A estória é igual à que acompanhou a primeira edição do jogo em 2001. O jogo está ligado com o filme Aliens, decorrendo cerca de 3 meses após os eventos desse. Uma equipa de Colonial Marines da nave USS Sephora recebe um pedido de socorro de outra nave, a USS Solaco, cabe então à equipa correr a seu socorro e tentar descobrir o que se passa. Vamos desempenhar o papel de um soldado de nome Winter, que juntamente com a sua equipa irão executar as várias missões deste jogo. O nosso caminho será interrompido pelos muito conhecidos Xenomorphs, ou aliens, bem como soldados da Weiland-Yutani Corporation.

Apesar de ser uma história com bastante potencial e interessante para os fãs da série, a execução é péssima. Começando com a personagem principal, completamente desinteressante, sem carácter e que parece mais um mordomo durante todo o jogo, a abrir portas, efectuar pseudo-missões aborrecidas, e falando muito pouco. A estória passa completamente despercebida o início e meio, sendo que nem o fim consegue interessar.

Passando para o jogo em si, Aliens: Colonial Marines é um FPS, e bastante decente. Este possui um layout muito semelhante aos FPS de hoje em dia, onde apontamos com a arma no L1 e disparamos com o R1. Temos também a opção de fazer sprint ao carregar para dentro no analógico esquerdo. Existem funcionalidades como o sensor de movimentos, que ao tirarmos para fora, este irá mostrar os inimigos num raio de metros, bem como levar-nos para o nosso próximo objectivo.

O jogo possui um sistema de níveis geral onde cada morte e objectivo completo irá oferecer experiência para irmos subindo de nível, dando-nos acesso a upgrades para armas que temos, bem como outro tipo de habilidades. Este sistema de níveis passa também para o modo online no que toca aos Colonial Marines. Mas já iremos chegar ao online.

No que toca à progressão de níveis e variedade nas missões, a TimeGate Studios não estava nada inspirada quando os produziu. O jogador terá que percorrer um caminho designado até chegar ao seu objectivo, mas estas pequenas viagens são altamente aborrecidas, sendo grande parte das missões repetitivas, baseando-se apenas no encontro de inimigos para podermos progredir em 90% das vezes. Em certas missões poderemos encontrar o típico “desactiva 5 sensores espalhados pelo nível” ou “activa os 5 botões que espalhados”, mas mesmo assim, não existe algo merecedor de destaque.

Grande parte das vezes vamos correr, matar inimigos, correr, matar inimigos, correr, e assim sucessivamente. E já que falamos dos inimigos, estes também são um ponto muito baixo. Para além desta incessável repetição na mecânica de jogo, a TimeGate coloca-nos a lutar contra Xenomorphs e soldados da Weiland-Yutani Corporation faseadamente…e sem qualquer tipo de razão aparente. Confusões à parte, seja também de frisar que a inteligência artificial dos inimigos é horrível. Ao combatermos contra quem seja, vamos encontrar situações altamente caricatas, desde inimigos completamente desatentos mesmo que nos coloquemos à sua frente, até a decisões individuais completamente ridículas. Não possuem estratégia quando estão em grupo, sendo que os únicos inimigos que poderão oferecer algum desafio de vez em quando, são alguns dos Xenomorphs – porque existem 3 tipos deles neste jogo.

O multiplayer é capaz de ser o único aspecto do jogo que poderá trazer algum divertimento ao jogador colocando os Colonial Marines frente aos Xenomorphs, mas mesmo assim, é medíocre de uma ponta à outra. Vamos ter vários modos neste multiplayer, sendo que o único que se destaca pela sua inovação é o modo Escape, ou seja, vamos ter que fugir de ponto A a B de uma zona infestada de Xenomorphs. Para além dos Colonial Marines, no multiplayer vamos ter também um sistema de níveis para os Xenomorphs que é praticamente igual.

O único aspecto que conseguiu trazer alguma alegria e me fez ficar preso durante mais algum tempo no multiplayer, foi o facto de podermos jogar como um Xenomorph, e provavelmente dos únicos momentos que conseguiu deixar interessado. Vamos ter três tipos destes onde cada um tem a sua habilidade especial, um que perfura o corpo dos inimigos, outro que cospe ácido e outro que faz uma investida mortal. Para além de se moverem rapidamente e terem a capacidade de ver os Colonial Marines por entre o cenário, conseguem andar pelas paredes e tectos, e isso é muito bom.

A apresentação deste jogo no geral é uma vergonha – não se deixem enganar pelas imagens. Graficamente é extremamente pobre, com um detalhe muito fraco, motor de físicas irreal e que traz mais momentos de actividade paranormal do que de survival horror, com corpos a desaparecerem misteriosamente, NPCs a furar objectos, e não só. Apesar dos cenáros poderem ser fidedignos à série cinematográfica, estes são  extremamente repetitivos, e mesmo em zonas que poderiam ser interessantes, falham por completo em trazer algo atractivo.

No que toca à sonoplastia, o jogo tem os seus pontos altos e baixos. Uma das poucas coisas que se aproveita neste jogo é a banda sonora, a cargo de Kevin Riepl, compositor que criou a banda sonora de alguns jogos como  Gears of War, Crackdown 2 ou Hunted: Demon’s Forge. Esta consegue oferecer algo interessante durante este bocado que experimentamos Aliens: Colonial Marines. Os efeitos de som estão bons e bem trabalhados em todos os aspectos, mas a actuação de voz por sua vez está péssima e até a escrita dos diálogos é risória em certas alturas.

Aliens: Colonial Marines é aquela oportunidade de conseguir “acertar em cheio” no que toca à qualidade para os fãs da série e de videojogos, mas acabou por ser um tiro completamente falhado que acerta também no pé. Apesar de não ter sido a Gearbox a responsável pela produção geral do single-player, acaba por ter a maior culpa no meio disto tudo. Este jogo é mau não só pela fraca qualidade no geral, mas é ainda mais inadmissível pelas promessas que nunca chegou a cumprir.

Fraco a todos os aspectos, mal executado e completamente desinspirado são as palavras que caracterizam Aliens: Colonial Marines. Um jogo que me entristece pela simples razão de ser um daqueles que ansiava com maior alegria e fervor, mas que falha miseravelmente.

 

Positvo:

  • Banda sonora
  • Jogar como Xenomorphs no multiplayer

Negativo:

  • Grafismo horrível
  • Actuação de vozes
  • Motor de físicas da aso a bugs e situações caricatas
  • Progressão aborrecida
  • Personagem principal mal trabalhada
  • Inteligência Articial

Daniel Silvestre
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