Análise – Silent Hill: Revelação

Inspirado no videojogo original de 1999 criado por Keiichiro Toyama, Silent Hill – Revelação traz ao cinema a sequela de Silent Hill – A Maldição do Vale realizado por Christophe Gans em 2006. O primeiro filme contava a história de Rose (interpretada por Radha Mitchell), que procurava em Silent Hill pela filha adoptiva Sharon (interpretada por Jodelle Ferland). Apesar de não ser uma obra-prima, Silent Hill – A Maldição do Vale, respeita a premissa do videojogo original com cenários sombrios e claustrofóbicos, uma protagonista frágil fisicamente, mas com enorme força mental para enfrentar um Survival Horror Psicológico que oscila no limiar da loucura e da realidade.

Silent Hill – Revelação 3D é realizado por Michael J. Bassett, e tenta manter a linha do antecessor, mas padece de inúmeras carências que iremos lapidar já a seguir. Não deixa de causar alguma estranheza para um fã da série de jogos Silent Hill, ver o terceiro jogo no segundo filme. Vamos começar pela história adiantando desde já que pode conter dados sobre o filme que podem estragar a experiência de quem ainda não o viu.

O filme começa com o maior dos clichés num filme de terror, um sonho. Só pode ser um sonho, ninguém no perfeito juízo descarta o protagonista aos 2 minutos. A protagonista de Silent Hill – Revelação é Heather, a filha adoptiva de Rose que sobrevive no primeiro filme mas que não sabe exactamente o que aconteceu. Heather (interpretada por Adelaide Clemens) vive com o pai, Harry, marido de Rose, que é interpretado por Sean Bean (Boromir do Senhor dos Anéis). Heather e Harry mudaram-se para uma nova cidade e estão a tentar encontrar tranquilidade na nova casa. Heather também mudou de escola, e como a maioria dos filmes, também não está enquadrada. A única pessoa que revela interesse em conhecer Heather é Vincent, interpretado por Kit Harington.

Após uma sequência num centro comercial cujos objectivos são: revelar o apelo de Silent Hill por Heather, agradar aos fãs colocando Douglas (interpretado por Martin Donovan) e aproximar Heather a Vincent. Então Heather descobre que Harry foi raptado e que precisa de ir a Silent Hill socorrer o pai.

De regresso a Silent Hill, Heather tropeça na realidade, sendo revelado que é filha de Alessa e que por inerência é o lado bom do Demónio de Silent Hill. Somado a esta revelação também toma conhecimento que Vincent foi enviado pela Ordem para conduzi-la até Silent Hill. (Vincent saiu de Silent Hill? Mas no primeiro filme está explicado que os habitantes de Silent Hill não podiam sair!  Adiante…)
Não há muito mais adiante na realidade. Heather enfrenta os monstros que já existem nos jogos, inclusive Leonard Wolf (avó de Vincent) interpretado por: Malcolm McDowell!? O Alex de A Laranja Mecânica?! É bizarro, na obra-prima de Stanley Kubrick não precisa de maquilhagem para perturbar o sono de qualquer um, e neste filme culmina a curta interpretação com um disfarce de monstro que faz lembrar o clássico Hellraiser.

A precipitar o final do filme, e após fazer as pazes com Vincent, Heather derrota Alessa no cenário do parque de diversões, e enfrenta no clímax Claudia Wolf, interpretada por Carrie-Anne Moss (Trinity do filme Matrix),  irmã de Chistabella (vilã do primeiro filme), mãe de Vincent, filha de Leonard e responsável pela Ordem de quem Harry é prisioneiro.

Heather salva o dia, liberta Vincent e Harry e derrota Claudia com a preciosa ajuda de Pimamid Head (no videojogo Piramid Head é das personagens mais assustadoras e perigosas, mas em Silent Hill – Revelação, é um coração de manteiga que até ajuda a resolver as coisas pelo melhor).

No final Boromir, quero dizer, Harry, decide ficar em Silent Hill para procurar Rose (e lançar um terceiro filme) confiando a segurança de Heather a Vincent, mesmo tendo em conta que só se conhecem há coisa de minutos. Aparentemente as relações de confiança no universo de Silent Hill consolidam-se bastante depressa, afinal Heather e Vincent conheceram-se de manhã, conversaram à tarde e à noite Vincent já estava a sacrificar-se por Heather.

Silent Hill – Revelação é uma aposta paupérrima. Se o objectivo era agradar aos fãs da série colocando elementos do jogo, não funciona porque suegem a vulso e de forma desgarrada. A personagem de Douglas não chega a estabelecer conflicto com Heather, e a forma como desenvencilham da personagem acaba por constituir um embaraço na ressaca do filme. Outro factor determinante é curiosamente um dos grandes trunfos do jogo, a relação entre Heather e Claudia,  no filme só encontram-se pela primeira vez no desfecho final nunca chegando a estabelcer uma relação.

Para quem nunca viu o filme e quer ver um filme de terror, talvez se divirta, mas ficará sempre a sensação que quiseram meter elementos à pressão e sairão da sala de cinema com a ideia destorcida que aquela personagem com uma pirâmide de metal na cabeça era mesmo uma joia de pessoa.

Do ponto de vista técnico, há elementos muito bons em Silent Hill – Revelação, o ambiente é sombrio, há riqueza nos cenários, e existe uma boa adaptação dos elementos grotescos que tornaram Silent Hill um clássico e uma referência no género dos videojogos.

A banda sonora é soberba e funciona desde o primeiro momento. Fica um enorme senão, o 3D prejudica. Um filme de terror funciona sobretudo pelo som e pelo ambiente obscuro, que obriga a imaginar o que não estamos a ver, todavia com os óculos 3D, nem sequer conseguimos ver o que é suposto. E já agora, não é assustador levar com cabeças cortadas e entranhas em cima!

Fundamentalmente, tive mais medo por estar sozinho no cinema do que por ver Silent Hill – Revelação.

Pontos Positivos

  • Banda sonora
  • Ambiente
  • Efeitos Especiais
  • Elenco
  • Elementos com carimbo Silent Hill

Pontos Negativos

  • História
  • Subdesenvolvimento das personagens
  • 3D
  • Piramid Head, o herói do dia

 

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