Godzilla é o rei dos monstros. Um réptil com proporções épicas que adora desafiar outros monstros para a zaragata. O monstro com origem no imaginário nipónico já sofreu várias adaptações, desde a BD, aos desenhos-animados, passando pelo mundo dos videojogos e cinema, mas é na Sétima Arte que Godzilla criou maior impacto, ostentando a medalha de franchise com mais filmes (a maioria no Japão).
Recuando a 1998, Godzilla foi vítima de uma adaptação ocidental pela mão do realizador Roland Emmerich (Dia da Independência e Soldado Universal), numa versão própria da época, ou seja, tonta, hiperbolizada e colorida, que tentou à viva força emular os melhores momentos do Parque Jurássico.
Chega agora aos cinemas uma nova versão Hollywoodesca de Godzilla, pelas mãos da Legendary Pictures. Desta vez Godzilla divide o protagonismo com Ford Brody (interpretado por Aaron Taylor-Johnson), um militar cuja vida está associada a eventos anormais e incontroláveis, que obrigam o personagem a arriscar a própria vida pela paz no mundo.
O elenco conta ainda com um naipe de actores reconhecidos, que dão brilho e alguma confusão ao espectador. Bryan Cranston (Walter White) é o pai de Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass), que por sua vez é casado com Elizabeth Olsen (os dois actores serão irmãos em Vingadores 2). O filme conta ainda com CJ Adams, Ken Watanabe, Carson Bolde, Sally Hawkins e Juliette Binoche.
A realização de Gareth Edwards é especial. O realizador de Monsters tem a estrelinha que se sente ao longo do filme, transformando uma história desgarrada num espectáculo com proporções míticas. Evidentemente que Cloverfield marcou o género, e a câmera ao ombro concebe uma sensação de realismo no reino da fantasia, mas está cientificamente provado que não há ninguém que não goste de ser (bem) enganado. E é precisamente isso que queremos quando compramos o bilhete de cinema para um filme com um lagarto gigante a destruir cidades, acreditar durante hora e meia que existem monstros, com centenas de metros de altura, à bulha no Pacífico.
Do ponto de vista técnico, Godzilla é um bombom açucarado para os olhos. Os efeitos visuais estão bem conseguidos e é complicado distinguir a influência do CGI. A banda-sonora assenta como uma luva na temática do filme, bem como a edição, que encadeia os eventos com sagacidade. Abençoado seja o orçamento do filme, que coloca a acção em vários destinos.
Godzilla (2014) desperta sensações mistas. Podemos aldrabar o plot e defender que se trata da história de um pai que está preocupado com a segurança da família… mas não. O protagonista é o Godzilla, a história de um predador que mantém o equilíbrio na natureza quando combate com outros monstros… e chega. A história “principal” vai resistindo devido ao carisma dos actores, mas podiam ser aqueles personagens ou outros, a história seria idêntica. Alias, o personagem de Aaron Taylor-Johnson é uma peça do puzzle encaixado à pressão vezes sem conta, até ao momento em que deixamos de prestar atenção às explicações esfarrapadas (tanto mais, há monstros em guerra).
Recuando um ano atrás no calendário, Godzilla é mais interessante do que Pacific Rim, embora tenha menos acção. Edwards organiza os eventos em direcção a um clímax titânico, gerindo em crescendo a presença de Godzilla. Godzilla é entretenimento, é um filme positivo para miúdos e graúdos, com fantasia séria e madura.
- O rugido do Godzilla
- Clímax
- Realização e escolhas de Gareth Edwards
Negativo
- Bryan Cranston e Juliette Binoche em part-time
- Desperdício da maioria do elenco
- Um pretexto em vez de uma história
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