Análise – Everybody’s Golf

  • Plataformas: PlayStation 4
  • Versão de Análise: PlayStation 4
  • Informação Adicional: Imagens retiradas durante as sessões de jogo.

As minhas experiências com jogos de golfe no passado não foram muitas, lembro-me de jogar um jogo qualquer de golfe no GameBoy Color (não era Mario Golf) e pouco mais me recordo. Essa experiência já tem um bom par de anos, por volta de 15 para ser mais exacto, e o que é que ficou comigo durante todo este tempo? Pouca coisa, mas talvez o suficiente para conseguir safar-me num novo jogo de golfe.

Conheço a série Everybody’s Golf por uns poucos minutos que vi da versão PlayStation Portable, e do que me lembro não reparei em algo que destacasse este jogo de outro com o mesmo desporto. E então o meu olhar sobre este novo jogo vem de uma pessoa com o mínimo conhecimento de golfe e da série Everybody’s Golf, o que até calha bem pois este novo jogo tem como objectivo agradar aos velhos fãs e trazer novos convidados até aos campos verdes.

Uma aposta para atrair este novo público foi a introdução de um modo de criador de personagem, com uma certa quantidade de opções para personalizar a nossa personagem bem como vestiário. E após criar a minha personagem anime e de lhe chamar Stradivarius por alguma razão, fiz parte de um questionário sobre golfe colocado por um NPC e após ter falhado achei que estava mais que preparado para começar a experimentar os vários modos do jogo. Ou assim gostaria de dizer…

O jogo tem um modo single-player e multiplayer, estando mais virado para a participação com a comunidade de Everybody’s Golf daí haver um criador de personagens, mas antes disso é necessário atacar o modo single-player, que para começar tecnicamente tem em falta um modo de tutorial. O jogo tenta atrair novos fãs mas ao mesmo tempo esquece-se de ensinar esses mesmos fãs, dando apenas o básico de controlo da câmara e de premir “X” para definir a potência com a qual o jogador vai acertar na bola.

De certa forma chega a ser o suficiente, aplicando as técnicas que aprendi com jogos passados decidi ter em conta o vento que tem um papel bastante importante em golfe, já que afecta a direção e força da bola. Depois existe também os diferentes tacos e tipos de bolas, mas a maioria dos iniciados não vai encontrar diferença entre as várias escolhas para além da distância a qual a bola vai percorrer. Não chega a ser preciso mais se apenas queremos passar um bom tempo no jogo, mas pelo menos a informação sobre os mais variados aspectos do jogo podia ser melhor entregue.

Estas informações são meio distribuídas no jogo, algumas coisas tal como os termos técnicos aparecem em ecrãs de loading ou são explicados por NPCs, e outras informações que podem ser úteis no que toca à jogabilidade são transmitidas antes de enfrentarmos uma personagem VS. Mas não chega a ser suficiente pois não oferece nenhuma forma de tutorial prático para poder experimentar a informação que nos é transmitida. No final tudo recai na nossa capacidade de premir “X” no momento certo para termos a melhor potência ao acertar na bola, mas se eu não soubesse que o vento ou o campo podia afectar o percurso da mesma então quando é que o jogo me iria contar isso?

Existe um modo livre para jogarem sem preocupações (e sozinhos) chamado de Solo Stroke Play e provavelmente podem usar esse modo para praticar as coisas que deviam ser ensinadas em específico num tutorial tal como os power shots, mas no final acaba por ser a mesma coisa. Irão demorar perceber inteiramente como é que certas mecânicas do jogo funcionam pois o jogo nunca ofereceu uma devida explicação e terão que experimentar à sorte até se aperceberem como funciona cada coisa. Esta decisão não é a melhor, especialmente quando é seguida pelo facto de vários percursos e tipos de jogo estarem bloqueados.

A início o jogador apenas tem um percurso, isto é, um mapa e apenas a possibilidade de fazer um jogo de 9 buracos. Sendo que para desbloquear mais é necessário derrotar as personagens VS para aumentar de rank, e para poder enfrentar essas personagens VS é preciso antes participar num torneio onde enfrentam um bom número de NPCs ao mesmo tempo e assim aumentarem de nível. E este acaba por ser o maior problema de Everybody’s Golf, porque ao iniciar o jogo apenas existe um mapa e o modo de jogo de 9 buracos tanto em single-player como online, ou seja, vamos ficar presos apenas com essas escolhas por um bocado, incluíndo no modo online pois o progresso do jogador na aventura a solo está ligado ao que está disponível no modo online.

Isso apenas faz com que o modo single-player seja um modo dedicado ao grinding, pois tanto pode servir para o jogador ficar familiarizado com o jogo como o irá obrigar a fazer vários jogos até finalmente desbloquear um modo ou mapa diferente do que tem disponível. Esta não é a melhor ideia no que toca à aproximação desta situação, seria mais simples colocar os mapas com terrenos mais complicados por detrás de dificuldades e ter os vários modos de jogo disponíveis desde o início, mas apenas usar seleções específicas nos torneios e modo VS tal como o jogo já faz. Dando a liberdade de o jogador escolher o que quer no Solo Strike Play ou no modo online.

Aproveitando esta oportunidade para abordar o modo online que é composto por dois modos de jogo, o Open Course e Turf War. No Open Course o jogador escolhe um dos campos que tem desbloqueados e entra numa espécie de hub onde pode passear, pescar ou jogar golfe, enquanto que outros jogadores andam a fazer o mesmo. Podem então competir pelo melhor resultado ou simplesmente passear pelo campo e meterem-se à frente dos outros jogadores para os tentar distrair. A ideia por detrás deste modo é boa mas a sua execução não é diferente do modo offline, onde o jogador está num hub com vários NPCs e escolhe o que fazer.

Isto deve-se ao facto de cada pessoa estar a fazer o que lhe apetece, acabei por ver umas quantas que até estavam apenas paradas, muito provavelmente ausentes, enquanto que o resto andava a fazer a sua vida a jogar sozinho, a única diferença é que estava ligado online e estas pessoas não eram NPCs mas sim pessoas reais (e a sua maioria Japonesa). Sendo por isso que acabei por gostar bastante mais do modo Turf War, isto é, quando havia pessoas suficientes para encher ambas as equipas.

Basicamente o modo Turf War divide os jogadores em duas equipas, sendo o objectivo participar em vários buracos que estão espalhados num pequeno mapa e obter a maior pontuação dentro de um tempo limite. A equipa que tiver mais buracos conquistados ganha, e este modo é engraçado devido ao facto que é uma corrida contra o relógio. Precisam de ir até ao próximo buraco por vossa conta, precisam de escolher qual o buraco que querem ir para obter pontos, e ainda podem organizar as coisas com os outros membros da vossa equipa como por exemplo todos atacam o mesmo buraco para terem o maior número de pontos.

O estado frenético em Turf War acabou por me convencer, ao contrário do estado isolado que senti no modo Open Course, no entanto nem todos os jogos foram cheios de pessoas. Por vezes encontrei jogos onde no máximo havia apenas 4 pessoas (2 para cada equipa) e o jogo não é tão emocionante dessa maneira. Tendo em conta que o modo single-player acaba por ser um grind fest e que o foco deste jogo é o convívio com a comunidade, é pena que o modo online seja apenas composto por dois modos de jogo.

Podia dizer o mesmo sobre os campos disponíveis que são bastante poucos, mas mais importante acaba mesmo por ser as diferentes experiências que o jogo oferece enquanto estamos ligados com outras pessoas. Turf War é uma ideia bastante engraçada e o jogo podia usar mais umas quantas iguais, já que até existe a inclusão de pesca, Everybody’s Golf podia ter feito o mesmo para mini golfe, já que cria vários desafios e em especial quando se está a competir no modo online, isto acaba por ser apenas um exemplo do que poderia ser feito para oferecer uma experiência mais variada para os jogadores.

Como se fosse norma para todos os jogos com modo online hoje em dia, Everybody’s Golf conta com microtransações. O jogo tem uma moeda própria, mas o custo desses itens não equivale à quantidade que se ganha com um bom par de jogos. A maioria dos itens mais baratos está por volta das 500 moedas e um jogo de rank 1 oferece 100, ou seja, seriam precisos 5 jogos para poder comprar apenas um item que acaba por ser uma peça de vestiário. Isto liga-se ao online pois é possível copiar os avatares de outros jogadores (e NPCs) com um certo custo, sendo que paga-se mais caso ainda não tenhamos desbloqueado a roupa que essa personagem está a usar. E como outro exemplo, no modo Turf War é possível usar moedas azuis para sermos transportados de imediato para o próximo buraco, tudo isto é possível adquirir através de dinheiro real, e é óbvio que o jogo vira-se um pouco para esse formato caso tenhamos interesse em gastar algumas moedas.

Algo que referi levemente mas acabei por não explicar devidamente são os diversos aspectos do jogo. Os power shots mencionados acima, são algo que vão sendo desbloqueados à medida que avançam no ranking no modo single-player, sendo que cada um tem um efeito diferente. É uma ideia engraçada e seria interessante ver uma versão melhorada ou “perks” da mesma para ser usada no modo online, já que elevaria o espírito de competição. Algo semelhante são também as diversas bolas e tacos disponíveis que afectam o poder e percurso da bola, bem como o “sistema de experiência” que vão ganhando ao usar cada taco. Por cada bom lançamento que façam o poder do vosso taco aumenta, ou seja, vão poder mandar a bola mais longe, entre outros. Isto acaba por fazer com que a escolha do vosso taco seja mais em conta pois pode ser um com a qual estejam mais familiares mas pode provar-se uma desvantagem/vantagem no modo online.

No que toca ao departamento técnico o jogo não tem muito por onde dar, a banda sonora é fraca mas o estilo visual é amigável para o estilo de jogo que está a tentar ser. Os únicos problemas que cheguei a ter foram por vezes no online onde a personagem estava um pouco lenta, mas nada que complica-se a minha experiência com o jogo. Por outro lado o rubber banding dos NPCs é um pouco notável, se estiverem a perder poderão reparar que os NPCs atiram a bola para o lado, mas caso estejam a ganhar ou num frente a frente, esses mesmos NPCs vão fazer as jogados mais impossíveis de sempre.

A minha experiência final com Everybody’s Golf foi positiva, quando o modo Turf War está cheio de jogadores ou quando o torneio no modo single-player apresenta um jogo de 18 buracos com outros 25 NPCs é quando o jogo está no seu maior para mim, sendo que das outras vezes é um bocado isolado. O maior problema é mesmo o facto de o modo single-player se basear em grinding porque o restante do jogo está bloqueado por detrás do nosso nível. Já para não falar do modo online que podia usar de mais um ou dois modos para criar um pouco mais de entusiasmo. Everybody’s Golf acaba por ser um bom jogo para iniciados e com novas surpresas para os velhos fãs.

Positivo:

  • Criador de personagem
  • Turf War é bastante frenético quando se tem o desejado número de participantes

Negativo:

  • Falta de um modo de tutorial
  • Podia explicar melhor as mecânicas de jogo
  • Apenas um campo e modo de jogo disponível a início
  • Progresso no modo online depende do progresso no modo single-player
  • Modo online podia ter mais opções de jogo

Mathias Marques
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