Há coisa de alguns meses, li um comentário bem estruturado algures sobre o fim de alguns dos grandes colossos dos videojogos. Esse artigo estava relacionado com o fim do legado de Kojima na Konami, assim como muitos outros antes dele.
Na minha opinião, as grandes mentes e nomes fazem cá falta, pois são eles que muitas vezes rompem o status quo, remam contra a maré, e criam ondas de mudança ou de como se pode criar um grande jogo, que inspira novas gerações.
No entanto, este é um artigo que não vai agradar a todos, pois está na altura de falar de um dos grandes génios da indústria, que outrora brilhava, mas que se tornou numa maldição. Sim, o título diz tudo. Estou a falar de Tetsuya Nomura.
Para quem não sabe, Tetsuya é reconhecido pelo seu trabalho em alguns Final Fantasy, mas essencialmente por ter dirigido Kingdom Hearts e The World Ends With You, três grandes nomes e relevo numa indústria carregada de outras opções. Durante muitos anos, estes jogos e outros projectos mostraram a capacidade e genialidade de Nomura, no entanto, o brilho desapareceu, e tudo começou já dentro de Kingdom Hearts.
Quase todos os jogos de Kingdom Hearts são bons e de uma forma ou outra, mágicos, no entanto, quantos deles são realmente necessários ou não estão lá para fazer a história ficar ainda mais diluída e confusa? Neste momento, eu olho para Kingdom Hearts 1, Kingdom Hearts 2, Kingdom Hearts 358/2 e Kingdom Hearts Birth By Sleep como membros relevantes da história, todos os outros parecem mais ruído do que outra coisa.
Isto mostra Nomura a entrar numa espiral de ideias que só acabam por complicar em vez de criar, o que nos leva ao maior exemplo, Final Fantasy Versus XIII, o qual Nomura dirigiu durante 10 anos. Estamos a falar de 10 anos num inferno de desenvolvimento, o qual terminou com a resposta clara da Square-Enix em retirar Nomura do projecto e dar a outra pessoa que pudesse concluir. Desde então, vejam o quanto Final Fantasy 15 mudou.
Ninguém precisa de 10 anos para fazer um jogo, por muito massivo que seja. Vejam um GTA ou outros RPG. 5 ou 6 anos no máximo? Não existe grande margem para desculpas.
Enquanto andava a brincar com os corações dos fãs, Nomura deixou no esquecimento Kingdom Hearts 3, que se esperava na geração anterior, e só voltou a mostrar que existia na nova geração, quase uma década depois de Kingdom Hearts 2, em mais um exemplo claro de que Nomura prefere complicar e em vez de seguir em frente.
Agora eu pergunto. Será defeito ou feitio? Nomura raramente aparece em público e quando o faz, é em vídeos vagos, como um ermita fechado na sua caverna, a viver no seu mundo. Isto diz muito. Diz muito de como demorou tanto tempo com Versus XIII, como foi retirado do cargo, como de um momento para o outro já existe um Kingdom Hearts 3 (certamente uma visita da Disney à Square-Enix com uns senhores pouco satisfeitos) e como, tantos anos depois, só agora é que está a voltar ao activo.
Este activo é Final Fantasy 7 Remake, um jogo que todos pediram igual ao original mas com gráficos bonitos, e Nomura está a levar mais uma vez para longe dos corações dos fãs. Já não vai ser combates por turnos, vai ser dividido por episódios e vai ser uma aventura com algumas diferenças. Eu sei que muitos não gostam de combate por turnos, mas eu não vou pedir um remake do Final Fantasy 6 e pedir para que o transformem num FPS. Neste momento, já começo a querer Nomura bem longe dos jogos que mais quero.
Talvez houvesse desculpa para Nomura se Final Fantasy 15 ainda fosse dele e quando chegasse em 2016, fosse um dos melhores jogos de sempre, mas parece que já não é. Que Kingdom Hearts 3 fosse um dos grandes jogos deste ano ou do próximo, que parece que já não é. Que Final Fantasy 7 Remake fosse fiel ao original, que parece que já não é. Um claro exemplo de um grande criador, director e produtor, que parece que já não é.
PUNDCPN-618IXX
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