Análise – The King of Fighters XV

A série The King of Fighters é uma das mais antigas dentro da indústria dos videojogos no que toca a jogos de luta. Já são mais de quinze jogos dentro da série, com vários formatos e passando por várias plataformas. The King of Fighters XIV foi lançado na geração anterior com um novo fulgor acompanhado de uma renovação ao seu estilo com base em influências dos jogos mais recentes de luta que regressaram igualmente aos tempos dourados do combate em 2D. Foi uma boa proposta para os fãs deste estilo e um grande passo na direcção certa.

The King of Fighters XV surge agora na anterior e nova geração com alguns anos de compasso de espera e pronto para “fracturar todas as expectativas”. Apesar dessa promessa, as expectativas ficaram apenas ao nível do esperado.

Para começar, The King of Fighters XV é claramente um jogo que se dedica muito mais às personagens do que ao conteúdo onde as podem usar, existem cerca de 27 lutadores que estão disponíveis desde início e felizmente quase todos cresceram o suficiente para ser bastante únicos. Os seus sistemas são bastante familiares e o estilo de combate tem sempre uma base ao estilo dos ataques de um Street Fighter, mas o que cada uma dessas meias luas ou combinações de botões fazem é que diferenciam as personagens entre si.

Como é costume, podem contar com as personagens que lutam melhor em proximidade, quer seja com ataques rápidos, fortes, ou agarrões e temos aqueles que devem ser usados à distância e são os melhores em enviar enxurradas de projecteis. Umas personagens são mais técnicas, outras estão mais próximas da utilização convencional dos novatos. Isto cria um certo desiquilibrio tendo em conta o nível de conhecimento do género. Dois jogadores regulares de jogos de combate vão depressa entender o esquema de jogo, mas escolher uma personagem apenas pelo look pode acabar por se revelar demasiado técnico e desapontar expectativas.

Se isto parece demasiado piquinhas é porque acaba por ser, afinal, um jogo de luta é feito a pensar em quem gosta deles e quer aprender e dominar. Para isso The King of Fighters XV é ainda mais exigente pois espera que dominem pelo menos três lutadores. Existem já uma série de equipas pré-concebidas consoante a história das personagens, mas o mais comum é que seleccionem os vossos três favoritos ou com aspecto mais cool e se façam à estrada. Durante as minhas sessões de jogo fiz misturas entre os meus favoritos, o que acabava por construir equipas feitas de Iori, Kula, Leona, Athena, Kukri e a recém chegada Isla (não por gostar muito dela, mas por ter ataques divertidos de usar).

Como os combates decorrem de um para um com equipas de três (embora possam fazer apenas jogos clássicos sem equipas), existe aqui bastante estratégia sobre como decidem qual a vossa equipa e quem entra no turno. Com isto podem deixar as personagens que dão mais dano ou com as quais lutam melhor para aproveitar as barras de especial que ficam mais para o final. Seja para novatos ou veteranos, isto pode resultar numa grande reviravolta, pois até ao fazer um auto-combo, o último ataque usa sempre o ataque especial mais forte consoante as barras de especial, por isso é uma forma real (embora injusta por vezes) de dar mais uma change a quem está a perder.

O que tenho muita pena é que The King of Fighters XV tenha tanta vontade de fazer com que lutemos com as suas personagens mas nos limite tanto os modos onde o podemos fazer. Para esta edição temos um modo arcade onde a história é sempre a mesma e as únicas variações surgem nos encontros entre personagens e alguns extras. Depois temos modos de treino, VS e pouco mais, pois tudo o resto é feito a pensar nos modos online para jogar com outros jogadores. Tendo em conta a concorrência e o ano em que estamos, o facto deste The King of Fighters ser tão limitado no que toca a modos é uma desilusão. Mesmo que muitas personagens sejam bastante cliché, com tantos anos de história, existe aqui muito conteúdo que podia ser usado e pelo menos ter uma campanha dedicada para cada personagem era mais do bem-vindo.

Basta olhar para jogos como Mortal Kombat, Tekken ou até mesmo Dead or Alive para termos uma boa ideia de todos os modos extra que podem ser incluídos. Aliás, até Super Smash Bros. pode servir de exemplo e não é uma concorrência exactamente directa. É verdade que pode vir a crescer e melhorar com DLC e expansões, mas mesmo que evolua tal como fez Street Fighter V, o que temos aqui e agora é bastante curto.

Claro que o reverso da medalha é aproveitar o online de The King of Fighters XV e este funciona bastante bem. A equipa de desenvolvimento fez um grande trabalho para ajustar o código de jogo e sabem quais são as dores que os jogadores costumam sentir quando estão a jogar contra outros jogadores através da net. Existe até um contador de frames além da latência que ajudam a perceber a velocidade a que as coisas vão acontecendo para que consigam ajustar o input de cada acção.

Foi também a jogar online percebi melhor a disparidade entre personagens e equipas no que toca não só a quem joga bem (eu) e quem joga muito melhor que eu (quase toda a gente), mas também as vantagens e desavantagens que certas personagens ganham sobre outras. É divertido perceber que não existem personagens vastamente overpowered (embora Kyo, Iori, King e K sejam de um escalão mais elevado), o que é muito bom sinal. Um bom jogador irá sempre conseguir dominar um spammer e com um rebolar bem colocado ou contra-ataque, existem boas formas de mostrar quem manda.

Visualmente, The King of Fighters XV não parece assim tão next-gen, mesmo a jogar na PS5. É verdade que é um jogo bastante fluído e sem grandes problemas visuais, mas por muito sólido que o visual esteja, está mais próximo do melhor que se fez na geração anterior do que na actual. Claro que so efeitos estão fantásticos e as animações fluídas, mas é claro que é um jogo preso entre gerações que aproveita um pouco mais da tecnologia de nova geração para parecer melhor, mas não muito. A banda sonora é bastante positiva, com boas músicas para os cenários e menus, mas não sou grande fã de algumas das vozes escolhidas para as personagens, pois algumas são boas e cedidas por grandes nomes das dobragens de Anime, outras são simplesmente irritantes, mesmo que vindas de gente talentosa.

Mesmo que The King of Fighters XV não “rompa com todas as expectativas”, é sem dúvida um grande jogo de luta para aqueles que vivem e respiram o género. Tem uma boa selecção de personagens com as suas vantagens e desavantagens, um mar de possibilidades em combinações e ainda um excelente modo online. Infelizmente peca por não ter mais contéudo para jogadores como eu que gostam de ver ter uma história para cada personagem e modos que permitam jogar mais sem ter de estar sempre a ser destruído por prós através do online.

Positivo:

  • Boa selecção de personagens
  • Muita variedade de estartégias
  • Bom código para as ligações online
  • Boa fluídez nos combates

Negativo:

  • Não parece muito next-gen
  • Pouco conteúdo para jogar offline
  • Muitas vozes irritantes

Daniel Silvestre
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