A série Resident Evil tem gozado de um estatuto de culto no que toca a survival-horrors, e isso também graças à sua evolução constante como jogo. Uma das evoluções mais gritantes da série passam pela mudança da perspectiva visual do jogo, onde vimos a transição de uma câmera estática enquanto a personagem atravessa vários cenários, para uma câmera atrás da personagem bem ao estilo shooter na terceira pessoa. Parecendo que não, isso altera completamente o jogo, mas a Capcom conseguiu oferecer uma fórmula que tem sido adoptada desde Resident Evil 4 que não tem falhado – discutível com Resident Evil 6.
Depois de uma passagem algo tímida pelas portáteis, a Capcom apostou em grande na Nintendo 3DS com o lançamento de Resident Evil: Revelations, um survival-horror com este sistema na terceira pessoa que levava Jill Valentine para um navio abandonado. O sucesso do jogo fez com que a companhia ponderasse o lançamento do mesmo nas consolas caseiras e PC, algo que acabou por acontecer.
O jogo decorre num navio de nome SS Queen Zenobia, mas antes de começar por falar do navio, preciso de voltar atrás um bocado no tempo para vos contar o que se passa. Uma organização terrorista de nome Il Vetro executou um ataque biológico a uma cidade flutuante chama Terragrigia lançando monstros mutados e todo o tipo de aberrações para matar a população. Para impedir que ataques semelhantes acontecessem, uma associação de segurança bioterrorista lançou um ataque mortífero que dizimou por completo a cidade, os seus sobreviventes, bem como os monstros da Il Vetro. Depois deste ataque o grupo terrorista anunciou a sua dissolução.
Voltando ao assunto principal, Jill Valentine e o seu companheiro Parker Luciani terão que investigar o navio Queen Zenobia para tentar descobrir o paradeiro de Chris Redfield e da sua companheira Jessica Sherawat, que por sua vez estavam a procura de pistas sobre um possível paradeiro dos Il Vetro, que cujos os rumores apontam, estariam em risco de voltar ao activo.
Resident Evil: Revelations mantem os aspectos principais desta nova onda de jogos recentes da série, como o sistema de shooter na terceira pessoa, um companheiro constante, mais acção física por vezes acrobática e não só. Mesmo assim, um dos aspectos que conseguiu chamar-me à atenção – fã acérrimo dos clássicos da série – foi o facto do cenário ser tão claustrofóbico e encaixar que nem luva no ambiente de terror que a Capcom tenta transmitir com Resident Evil, neste caso o navio à deriva no mar e com todo o tipo de perigos mortais presentes.
Ao contrário de algum liberdade que poderíamos ter em Resident Evil 4 e Resident Evil 5, somos apresentados novamente aos muito conhecidos corredores que sempre foram apanágio da série, mas neste caso alguns aspectos podiam ser melhorados. Continua a ser frenético e aterrador lutar contra inimigos em espaços tão fechados e tomar inúmeras decisões em segundos, mas com algum tempo fica mais a sensação de que estamos a ser levados por um caminho pré-definido não havendo muitas razões para voltar atrás no cenário ou investigar o mais ínfimo pormenor à procura de alguma pista. Mesmo assim, é interessante ver este tipo de mistura entre o passado e o presente, principalmente a funcionar bem.
Separado em vários capítulos, o jogo consegue também manter-nos informados e interessados pela história durante quase todo o tempo, havendo secções que remontam a acontecimentos antes do jogo, como é o caso de podermos jogar com Chris ou Parker para descobrirmos algumas das suas motivações ou sentimentos pessoais sobre a situação e não só. Isto consegue oferecer alguma frescura ao jogo mas também pode frustrar aqueles que estão mais entusiasmados com a sua continuação do que propriamente revistar o passado.
Combater contra estes zombies – que neste jogo estão infectados com o vírus T-Abyss e possuem estética marinha – sempre foi tarefa de suster a respiração de suspense, e neste jogo não podia ser mais verdade. Todas as acções têm que ser calculadas antes de serem executadas, por isso comecem a contar as vossas balas e a pensarem duas vezes antes de se atirarem para cima de um grupo de inimigos porque pode correr incrivelmente mal. Parker consegue dar uma ajuda importante no nosso caminho e ao contrário de muitos outros ajudantes, não grita a cada cinco minutos a pedir auxílio tornando o jogo altamente frustrante.
Em Resident Evil: Revelations, o acessório que irá certamente roubar o protagonismo no jogo é o Genesis. Este aparelho que parece uma arma misturada com um ecrã especial faz scan no sítio que quisermos e graças a isso conseguimos analisar inimigos, descobrir items escondidos pelo cenário e receber recompensas com esses scans. É um acessório bastante útil para quando começamos a ficar sem munições ou ervas medicinais e já vasculhamos todos os possíveis sítios à procura deles.
Para além da história principal, o jogador poderá ingressar no Raid Mode que oferece uma nova razão para prender os jogadores. Este modo leva até dois jogadores para sobreviver a vagas de inimigos em cenários do modo campanha, havendo um sistema de pontuação que premia os jogadores com melhor mira e eficácia, mostra uma barra de energia sobre a cabeça dos inimigos e o dano que a arma faz aos inimigos.
Se a conversão desta versão portátil para as consolas caseiras não deixou muitas moças na mecânica de jogo, já a jogabilidade e a apresentação não podem dizer o mesmo. A jogabilidade mesmo assim não foi o ponto mais danificado no meio disto tudo, onde apesar dos movimentos parecerem rígidos e muito pouco naturais, o jogo consegue ser feito sem problemas de mal maior. É algo incomodativo vermos a nossa personagem a mover-se tão estranhamente pelos cenários e não prejudicar em quase nada o jogo.
Já na apresentação, a Capcom deu o seu melhor para aprimorar os modelos das personagens e alguns dos cenários, mas certas texturas parecem ser tiradas da versão 3DS e algumas deixaram-me com o queixo no chão de tão más que estão. Não sei dizer se as cut-scenes foram melhoradas da versão 3DS, mas mesmo assim os movimentos de boca nem sempre respondem com as frases que estão a ser pronunciadas.
Outro ponto que eu achei difícil de digerir foi a resolução da imagem no jogo. Para quem joga este jogo pela primeira vez, consegue olhar para o ecrã e dizer que algo não está bem, a personagem parece estar demasiado aproximada e consegue ver-se pouco do cenário. A banda sonora, intocada como ficou, é audível e não parece ter sido tirada de uma plataforma inferior.
Resident Evil: Revelations é um jogo com uma ideia interessante que acabou por correr bem de uma certa maneira. A Capcom tentou tirar proveito da versão da Nintendo 3DS e por pouco não fez asneira em arruinar tudo com esta transição. Em termos do jogo em si, a Capcom precisa de melhorar certos pontos, mas Resident Evil: Revelations é um lufada de ar fresco para a série.
Positivo:
- Um cruzamento entre o presente e o passado
- Gestão da munição
- Ambiente do jogo
- Banda sonora
- Melhoria nos modelos…
Negativo:
- …mas algumas texturas são horríveis
- Movimentos rígidos
- Progressão do jogo um pouco forçada
- Resolução da imagem algo estranha
- Podia ter sido um excelente jogo
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