O nome de Alejandro Amenabar para mim é sinónimo de grandes thrillers: Tese (1996), De Olhos Abertos (1997) e Os Outros (2001). Alguns com mais elementos sobrenaturais do que outros, são sem dúvida três filmes de topo na sua categoria. O grande prestígio internacional surgiu com Mar Adentro (2004), um drama merecidamente galardoado com o Oscar de melhor filme estrangeiro. A sua incursão pelo drama histórico correu menos bem em Ágora (2009), não sendo um mau filme mas estando alguns furos abaixo dos seus outros trabalhos e sendo sem dúvida o seu filme mais fraco.
Até Regressão.
De volta ao thriller sobrenatural, Amenabar traz-nos uma história baseada em casos verídicos de uma pacata cidade americana nos anos 80 assolada por uma vaga de rituais satânicos. Surge então a personagem principal Bruce Kenner (Ethan Hawke), um detective encarregue de investigar um caso particularmente sórdido: a violação de Angela Gray (Emma Watson) pelo seu próprio pai e as eventuais ligações que terá com os casos de rituais satânicos que são cada vez mais divulgados pelos media.
O filme vai buscar inspiração a uma onda de rituais satânicos que surgiu nos Estados Unidos nos anos 80 e que lentamente se desvaneceu devido a certas questões que são abordadas no filme. A realização no geral é bastante boa e Amenabar mostra-se completamente à vontade neste género de filmes, criando ambientes escuros e assustadores. Posso no entanto queixar-me do uso abusivo de sons e música sombrios, o que não seria mau se os sons escolhidos não fossem tão genéricos como os habituais pianos. O filme tem um início bastante parado e atmosférico, e à medida que a intriga vai crescendo e se complicando também o ritmo do filme vai acelerando. A parte final, que tenta dar uma reviravolta ao filme, é aceitável e dá resposta basicamente a todas as questões levantadas ao longo do filme.
Ethan Hawke dá o seu melhor mas não se enquadra bem no papel que lhe foi atribuído. É impossivel olhar para Ethan Hawke com a sua eterna cara de miúdo e levá-lo a sério na pele de um duro detetive. E a sua tentativa de voz rouca ao estilo Vin Diesel não combina com ele.
Emma Watson está bem no papel…nos dez minutos que aparece no ecrã. Ao contrário do que o trailer e alguma publicidade fazem perceber, a participação da nossa Hermione é escassa apesar da sua personagem acabar por ser bastante importante. Não sei o que a terá levado a aceitar o papel, mas todo o elenco do Harry Potter parece estar predestinado ao terror: Emma Watson com este filme, Daniel Radcliffe com a Mulher de Negro (2012) e Cornos (2013), e Rupert Grint (Ron Weasley) há muito tempo que anda a fazer de Homem Invisível, no que toca à sua carreira.
Estive indeciso quanto à nota que este filme merece até chegar a esta parte da análise, dos aspectos positivos e negativos. A dificuldade em achar aspectos positivos ajudou-me bastante na decisão final. Regressão é um thriller genérico que não traz nada de novo ao género e que não vai agradar quer aos fãs de terror quer aos fãs de thrillers psicológicos. É indigno do realizador chileno, e para a sua carreira acho que este filme é uma autêntica…regressão.
Positivo:
- As peças do puzzle acabam por se encaixar.
Negativo:
- Argumento ultrapassado e fraco.
- Ethan Hawke mal escolhido para o papel.
- Emma Watson tem pouco tempo de ecrã.
- Espera-se muito mais de Amenabar.
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