Análise – Maneater

Para um grande fã e coleccionador de videojogos como eu, nunca me ocorreu que um dia iria acabar por ter a oportunidade de jogar um RPG onde iria ser um tubarão assassino. É verdade que os RPG já assumiram centenas de formatos e temas distintos, mas Maneater é dos RPG mais fora da conceito a que estamos habituados.

Apesar da estranheza, Maneater é realmente um RPG no verdeiro sentido da palavra (um ShaRkPG como o marketing lhe chama), onde jogamos a vida de um tubarão desde o seu nascimento, até assumir o maior tamanho possível, devorando pessoas e outros animais marinhos pelo caminho. A história não está perto sequer de ser brilhante e a maioria das personagens estão lá apenas para encher chouriços, mas o narrador consegue ser interessante e dar algumas informações relevantes sobre o mundo destes predadores.

Outro elemento clássico de um RPG que aparece aqui é o sistema de evolução por níveis. Comem coisas, ganham experiência, matam coisas, ganham experiência, fazem missões…já perceberam o ciclo. Ao subir de níveis, podemos ver o nosso tubarão a ficar cada vez mais forte e resistente, havendo a hipótese de virar o bico ao prego, vencendo lutas que nunca consguimos ao início (estou a pensar em vocês corcodilos!).

A evolução do tubarão é também influênciada pelo mundo que o rodeia, como tal podemos aprefeiçoar o corpo e habilidades com o conctacto com todo o tipo de coisas que encontramos no mapa que funciona ao estilo de um mundo aberto. Podemos evoluir o nosso tubarão para uma espécie de tanque de guerra super-resistente ou para um gerador de electricidade que paraliza os inimigos com as suas dentadas, o que é um conceito bastante engraçado.

Infelizmente a vida de um tubarão não é fácil e por isso a nossa também não é ao jogar. A nível de exploração Maneater até funciona bastante bem e é bastante fácil interiorizar os comandos ao nadar pelas águas ou sair catapultado para saltar pelas praias à procura de banhistas. O problema é que os momentos de combate são quase sempre demasiado imprecisos e caóticos. A câmara tem problemas em acompanhar a acção, o sistema de lock on é apenas temporário e mesmo que um inimigo esteja à nossa frente, estamos sempre a perder a noção de posicionamento. Isto é bastante frustrante e é uma pena que o combate sofra tanto por ser tão impreciso.

Depois temos o problema de Maneater ser demasiado repetitivo. Grande parte das missões são iguais, e navegar pelo mapa só é interessante quando descobrimos uma nova área. O factor novidade de controlar um tubarão acaba por desvanecer, mesmo que tenha sempre a sua piada ver o tubarão aos saltos fora de água a tentar apanhar os humanos que aqui são burros como tudo.

Mesmo com um mundo aberto e várias missões para fazer, Maneater ainda consegue demorar cerca de 10 horas a completar e um pouco mais para fazer tudo. Isto é um número de horas pouco convencional para um jogo deste género, mas tendo em conta que se torna tão repetitivo tão depressa, se calhar até é pelo melhor.

No que toca ao departamento visual, temos aqui um jogo que parece saído da geração anterior na maioria dos momentos. Aquilo que realmente impressiona por aqui é a forma como mundo subaquático foi criado e é impressionante ver a atenção ao detalhe com lixo e desperdício que se acumula no fundo do mar. Dá mesmo ideia de que a equipa da Tripwire fez alguns mergulhos para ver como são as coisas debaixo de água. A música e som não são nada por aí além e tirando o narrador que faz um bom trabalho, todas as vozes das personagens são competentes.

Maneater sofre bastante com vários problemas relacionados com a jogabilidade e com a sua repetição, mas acredito que isto seria compensado de certa forma se a história não estivesse tão indecisa entre a parvoíce e a seriedade. A meu ver, se a equipa de desenvolvimento tivesse levado isto totalmente na direcção do filme de comédia adolescente, com mais situações parvas e totalmente tresloucado, ia ajudar claramente.

A experiência que Maneater permite que vivam é bastante única no mercado dos RPG e não é um mau jogo e escapa do meio da tabela por muito pouco. Porém, existem muitos RPG com muito mais qualidade que podem encontrar em todas as plataformas de momento.

Positivo:

  • Mundo aquático interessante
  • Evolução do tubarão
  • Divertido quando está a ser “amalucado”

Negativo:

  • Acaba por se tornar repetitivo
  • Combate com grandes problemas
  • Visual bastante last-gen

 

 

Daniel Silvestre
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