A aguardada sequela de Kingdom Come: Deliverance ainda demorou algum tempo, mas chegou recentemente ao mundo dos videojogos. Com ela, uma promessa de expansão e refinamento do que tornou o original num bom partido dentro género RPG para dedicar horas da vossa vida. Kingdom Come: Deliverance II não se limita a replicar a fórmula, pois consegue eleva-la, trazendo consigo uma experiência imersiva e envolvente que captura a essência da Boémia do século XV com uma alguma precisão histórica e uma profundidade narrativa mais desenvolvida.
A história de Henry de Skalitz continua aqui, agora com uma dimensão mais ambiciosa e um enredo avantajado. O jogador é transportado para um mundo de intrigas políticas, conflitos religiosos e batalhas épicas, onde as suas escolhas têm um impacto real no desenrolar dos eventos. As personagens, tanto as novas como as que regressam, são ricamente desenvolvidas, com motivações complexas e personalidades distintas que contribuem para a imersão no mundo do jogo. A narrativa torna-se mais ambiciosa, com um maior número de personagens complexas e reviravoltas na história que acabam por manter o interesse do jogador.
O mundo de Kingdom Come: Deliverance II é vasto e bastante detalhado, desde as florestas mais densas, até aos os campos verdejantes, passando pelas cidades movimentadas e aos castelos imponentes. Cada local é rico em história e atmosfera, incentivando o jogador a explorar e a descobrir os seus segredos. A atenção ao detalhe é deve ser destacada, com a recriação fiel da arquitetura, do vestuário e dos costumes da época. Podem contar com um mapa significativamente maior e mais diversificado, com cidades mais vibrantes, florestas variadas e paisagens que dão bastante vida ao mundo de jogo.
Algo que podem esperar também deste jogo é a forma como as missões são entregues e o conteúdo delas. A história principal é épica e grandiosa em grande parte, mas a grande maioria das missões alternativas são bastante sólidas e variadas, algumas indo além da meia dúzia de minutos e trazendo diálogos e enredos bastante fortes. Andar a deambular pelo mundo e encontrar uma missão extra ou um túnel escondido podem levar a grandes momentos de aventura que estão ao nível de muitas histórias principais de certos jogos.
O sistema de combate, um dos pontos fortes do original, foi aprimorado para oferecer uma experiência ainda mais desafiadora e gratificante. O combate é brutal, pesado e realista, exigindo habilidade e estratégia para dominar, além de alguma curva de aprendizagem. As diversas armas e estilos de luta oferecem uma variedade de opções, permitindo ao jogador personalizar o seu estilo de combate e o que prefere usar. No geral, estamos a falar de uma espécie de papel, pedra, tesoura na primeira pessoa, onde o posicionamento da arma e escudo e a direcção que pretendemos atacar faz a diferença. A ideia passa por conseguir evitar os ataques dos inimigos e tentar encontrar os “buracos” na sua defesa.
Claro que mantendo a sua identidade, Kingdom Come: Deliverance II mantém os elementos de RPG que tornaram o original a sua própria identidade. O jogador pode desenvolver as habilidades de Henry, desde o combate e a furtividade até à eloquência e ao comércio. As escolhas que tomam, moldam a personalidade de Henry e o seu impacto no mundo do jogo. As opções de personalização e progressão do personagem foram aumentadas, permitindo aos jogadores moldar Henry de forma mais detalhada e com mais opções.
Tendo em conta a dimensão da equipa que o criou e também algumas limitações que acontecem com estúdios que não estão inseridos dentro dos gigantes Triple-A, Kingdom Come: Deliverance II apresenta gráficos bastante impressionantes, com modelos de personagens detalhados, animações fluidas e efeitos de iluminação realistas. Claro que também sofre com vários problemas ligados a texturas mais fracas em zonas deixadas mais escondidas, alguns bugs e glitches ligados ao cenário e sistema de colisão. Quando visto num panorama geral, seja no mundo aberto ou numa cidade, o resultado é positivo.
A banda sonora tem um bom rol de composições épicas e emotivas que ajudam a complementar a atmosfera do jogo e intensifica as emoções do jogador. A prestação vocal também não está nada mal e temos boas representações no geral que tentam fazer um revivalismo de como se falava na época. Algumas personagens exageram, como seria de esperar, mas a caricatura raramente ataca os momentos mais sérios.
Com tanto para fazer e construído de forma interessante, Kingdom Come: Deliverance II é jogo para durar facilmente mais de 60 horas. De qualquer forma, é bastante fácil que se percam em outras atividades extra, ou a tentar ganhar dinheiro para comprar melhores armaduras, ou até mesmo a criar as vossas próprias armas. Se seguirem este caminho, é bem provável que vão além das 100.
Kingdom Come: Deliverance II é uma sequela digna do seu antecessor, oferecendo uma experiência de RPG medieval imersiva, desafiadora e gratificante. Não está isento de alguns problemas visuais e existem alguns elementos de narrativa que não são assim tão fortes, mas a sua narrativa envolvente, personagens cativantes, mundo vasto, combate e elementos de RPG profundos fazem dele um jogo altamente recomendado para os fãs do género e para quem procura uma experiência de jogo única dentro deste estilo de jogos.
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