Análise – Disaster Report 4: Summer Memories

  • Plataformas: PlayStation 4, Nintendo Switch, PC
  • Versão de Análise: PlayStation 4
  • Informação Adicional: Imagens retiradas durante as sessões de jogo.

Existem jogos niche que não saem do seu lugar, e depois aqueles que são ainda mais niche mas que devido a isso acabam por atrair bastantes curiosos para uma experiência de uma vez só que acaba por os agradar. A meu ver tanto Way of the Samurai como Disaster Report são dois jogos que assentam que não uma luva nesta última categoria. Ambas as séries únicas, estranhas, e de certa forma intrigantes, agarrando quem decide experimentar e apenas largando a pessoa quando esta termina a sua aventura.

Disaster Report é uma série que ficou esquecida durante algum tempo por diversas razões. No que toca ao Ocidente a terceira entrada da série nunca foi cá lançada, quanto ao quarto jogo, este era para sair mais cedo, mas a produção do mesmo foi cancelada devido a na altura Japão ter sido afectado por um terramoto e tsunami e de o jogo apresentar ambos os temas. Alguns anos mais tarde a Granzella Inc., a distribuidora de Disaster Report no Japão, comprou os direitos da série e decidiu dar vida ao defunto Disaster Report 4.

Esta é uma série que sempre focou-se no tema de desastres naturais onde o jogador é atirado para o meio de um (ou múltiplos) desastres naturais. O objectivo desta série é o de os jogadores sobreviverem e ajudarem vários NPCs que encontram ao longo do caminho, com algumas decisões que poderão mudar pequenos eventos e também uma história que acompanha o desenrolar do(s) desastre(s).

Em Disaster Report 4: Summer Memories a história começa com o/a protagonista a caminho da cidade de autocarro quando é abalado por um terramoto. Acordando deste súbito incidente o/a protagonista depara-se com uma situação caótica de edifícios destruídos, confusão e pessoas que necessitam de ajuda.

O subtítulo do jogo de certa forma até que acaba por estar presente durante a história do jogo. Não é que exista uma grande história cheia de intrigas ou reviravoltas, acabando antes por ser dividida em várias pequenas secções com o seu conjunto de personagens que estão a lidar com a situação, mas acaba por ser dessa forma que o sentimento de “é apenas um episódio da nossa vida” surge e acaba por ser essa a sua mensagem.

Certamente irão apreciar melhor o jogo se tiverem essa mentalidade enquanto exploram e tentam sobreviver neste desastre ao invés de estarem à espera de uma história que está conectada com todas as vossas acções e locares que visitam. Como disse, cada local apresenta uma história isolada que involve uma certa quantidade de personagens. Mas a decisão de o fazer desta forma por vezes deixa a desejar que houvesse algo a interligar todas estas secções com algum tipo de narrativa contínua para além de estar à procura de alguém.

Esta ideia acaba por ser mais forte devido a ambos os finais que o jogo contém dependendo de onde o jogador decide ir no último capítulo. Ambos os finais podiam ser melhor explorados e um em particular devia ter recebido mais atenção durante o percurso do jogo já que existiam várias oportunidades ao longo do mesmo para poder apresentar algumas pistas.

Quantos às decisões feitas pelo jogador em conversas ou momentos críticos, estas não tem o impacto desejado, oferecendo apenas pequenas mudanças de diálogo. O jogo em si conta com algumas situações onde o jogador é forçado a escolher uma certa resposta para progredir, o que derrota o propósito de haver múltiplas escolhas nestes diálogos.

No que toca à jogabilidade esta é bastante simples, sendo que na sua maioria o jogador apenas tem de vaguear pelo cenário e falar com os NPCs que encontra, explorando por vezes o mesmo para adquirir items que sejam necessários para progredir. Existe também algumas mecânicas como fome e stress, com o jogador a necessitar de comer, beber, utilizar a casa de banho ou descansar para eliminar alguma necessidade que tenha pois a barra de stress irá ocupar espaço da barra de vida, fazendo com que o jogador possua menos vida total.

A vida não é algo que realmente vos irá preocupar e raramente levei dano durante o meu percurso pelo jogo. De cada vez que existem tremores o jogador necessita de agachar-se num local seguro para evitar cair, e caso não o faça então irá bater com a cara no chão e levar dano. Também existem algumas situações em que o jogador pode morrer instantaneamente com edifícios a cair-lhe em cima, no entanto os checkpoints do jogo são bastante generosos, com o jogador a não perder imenso progresso caso uma situação destas aconteça.

Enquanto que este jogo conta com parceiros que acompanham o jogador, ao contrário dos jogos anteriores não existe a mecânica de partilhar itens com os mesmos, sendo que estes já não possuem necessidades básicas tal como o jogador. Falando em items existe um limite de inventário que pode ser aumentado com mochilas que encontram no jogo. Um desses items é uma aplicação que achei bastante interessante e que devem ligar de vez em quando para receberem informação sobre o estado do desastre, o número de pessoas afectadas e também o que o governo está a fazer para ajudar.

Disaster Report é uma série que é feita com colaborações para ajudar e identificar o que fazer em situações semelhantes, por vezes contendo pequenos panfletos com informação, excepto que neste jogo estiveram escassos, podendo haver mais oportunidades para inserir essa informação no jogo pois a que encontrei até que foi interessante e informativa. Por outro lado Disaster Report por vezes não leva-se muito a sério, contando com alguma comédia e até quebras da quarta parede. É estranho mas até tem os seus momentos.

Quando experimentei a demo Japonesa há alguns anos atrás esta contava com alguns problemas de performance, mas posso dizer que o meu receio de esses problemas continuarem presentes não tornou-se realidade, com o jogo a ter uma melhor performance que anteriormente. Ainda irão encontrar alguns loadings antes do início de cada evento, e os modelos das personagens não tem o melhor aspecto para esta geração. Quanto à banda sonora esta é inexistente com a excepção de momentos “cinemáticos”.

O elenco de personagens varia, existe o tipo de pessoa que encontram e decide tirar vantagem dos outros neste tipo de situação, existem vítimas, pessoas que estão à procura de outras ou então quem simplesmente deseja ajudar os outros. Infelizmente nenhuma delas é explorada a fundo, o que é pena pois até que gostava de interagir mais com umas quantas.

Disaster Report 4: Summer Memories é uma experiência recomendada a todos. Tendo em conta a história que levou a origem ao jogo, fico contente ao ver que este pelo menos chegou a ver a luz do dia e possivelmente abrindo o caminho para mais no futuro. No entanto fico a desejar que mais elementos dos jogos anteriores fossem abordados como mais finais ou uma história mais presente.

Positivo:

  • É uma experiência interessante

Negativo:

  • Podia haver mais história
  • Decisões não tem grande impacto

Mathias Marques
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