Já lá vão uns bons dias desde que Destiny foi lançado, e foi desde o dia de lançamento que comecei a jogar o novo jogo da Bungie e Activision. E vocês perguntam. Tanto tempo para fazer a análise? A resposta é simples. Teve de ser.
A análise era para ter entrado originalmente na semana passada, mas enquanto jogava Destiny percebi que meia dúzia de dias não iam ser suficientes. Ou analisava na globalidade e ignorava o late game ou jogava a fundo e atrasava a análise. O resultado está aqui, uma semana depois do previsto.
Havia um enorme hype em redor de Destiny e justificado, afinal este é o novo IP dos senhores que criaram a série Halo e das pessoas que facturam milhões a distribuir o Call of Duty. Talento mais dinheiro, é uma equação que costuma resultar bem.
Habituados a demandas espaciais, a Bungie fez de Destiny um jogo de combate galáctico, onde o jogador assume o papel de um Guardian, um soldado especial que se faz acompanhar de um robô super inteligente conhecido como Ghost. Os Guardians recebem como missão defender o Traveler, uma bola gigante de maravilhas tecnológicas, que é constantemente perseguida pela escuridão, ou seja, um monte de extra-terrestres que o querem destruir.
Apesar de ser um FPS na sua vertente mais pura, com vários elementos de RPG associados à evolução da personagem, Destiny fez-me lembrar jogos como Phantasy Star e Monster Hunter, onde existe uma base destinada a encontrar os aliados e amigos, comprar armas, aceitar missões, entre outras coisas, e alguns cenários onde as missões decorrem.
Outro elemento igual aos jogos citados, é a forma como os mesmos cenários são usados vezes sem conta. Seja na Terra, na Lua, em Vénus, ou outro lugar qualquer, o mapa e a área é sempre a mesma, com a diferença que precisam de ir em direcções diferentes. Isto acaba por fazer com o jogo nos obrigue a passar pelos mesmos locais vezes e vezes sem conta, algo que não é muito comum num FPS, mas acontece especialmente no género Monster Game.
Fã como sou deste género, a repetição de Destiny não foi de todo um fardo, mas tenho pena que a Bungie fosse apanhada nesta encruzilhada e não tenha feito um esforço por incluir zonas diferentes em cada planeta. Parece limitador e é uma pena, pois muitas vezes acaba por parecer Borderlands e todos sabem que Borderlands está composto por várias zonas abertas.
Além das missões de história, Destiny incentiva a realizar missões alternativas e mini-missões extra. Estas servem essencialmente para obter novas armas e armaduras, ganhar experiência e evoluir a vossa classe. Infelizmente, o level cap é bastante baixo, e culmina em nível 20, havendo depois níveis extra que são ganhos ao equipar armadura com Light. Não se percebe porque o Level Cap é tão pequeno. Algo como 40 ou 50 seria muito melhor e estaria bem mais próximo de algo como um MMO.
Antes de avançar para o online, convém falar das Raids e afins, pois Destiny foi claramente pensado para ser jogado com amigos (ou estranhos que queiram ajudar). Seja em qualquer missão de história ou nas especiais dedicadas a grupos, podem juntar sempre outras pessoas para vos ajudar. Jogar com amigos transforma Destiny numa experiência bem melhor e mais divertida, por isso tentem sempre partilhar a experiência com alguém se for possível.
Quanto ao modo online competitivo (aqui conhecido como Crucible), a Bungie conseguiu criar um sistema de jogo e modos que acompanham bem a sinergia da campanha. Durante os mais de 20 combates que fiz online, é possível ver que a diferença de níveis não é tão sentida quanto isso, mas os jogadores mais experientes ou com melhor equipamento acabam por sair a ganhar com extras como menos cooldowns ou ataque físico mais rápido.
Além disso, existem classes que levam claramente vantagem. O Warlock é sem dúvida o melhor para o Online e o Hunter acaba por ser o menos valioso, pois as habilidades de área são bem melhores num ambiente online.
Seja na campanha ou no multijogador, Destiny possibilita sempre que recebam mais qualquer coisa. Existem missões que dão pontos de Vanguard, objectos que mudam a cor da roupa, novas cores para as naves, entre muitas outras coisas que ajudam a alargar o end game.
Com o tempo, algumas queixas que tinha em relação a Destiny foram passando, mas se existe algo que merece crítica negativa é a necessidade de estar sempre ligado à net. Embora perceba que a ideia é essa, fui imensas vezes expulso do jogo onde estava e obrigado a voltar ao menu por erros de conexão. Se o jogo tem destes problemas, ao menos durante as missões devia haver a possibilidade de estar a jogar mesmo sem a consola estar online.
Visualmente, Destiny tem um grande impacto, especialmente nas consolas de nova geração. Aliado a um bom trabalho conceptual e paisagens vibrantes, Destiny é bonito tanto a explorar as zonas esburacas da lua com a Terra como plano de fundo no céu, ou Vénus com os seus vulcões. Até a torre com o Traveler estacionado no horizonte é digno de ser visto.
As personagens em si, quanto mais humanas, mais sofrem de Uncanny Valley, por isso jogar com o meu Exo ou encontrar robôs e os estranhos extra-terrestres, também parece muito mais trabalhado.
Infelizmente, todo o aspecto muito imaculado do jogo e dos cenários, faz com que Destiny pareça muito artificial e até vazio por vezes, como algo “dentro de um computador”. Algo que também não é ajudado pela história e personagens bastante insonsas, desligadas e cheias de exoterismo.
Falando em insonso, no que toca a vozes, estas não são nada de outro mundo e até Peter Dinklage (o anão de Game of Thrones), parece estar a passar um frete enorme no seu papel de Ghost. Por outro lado, a música é poderosa e de grande qualidade, especialmente nos momentos orquestrais mais calmos.
Mesmo com alguns problemas de menor, o maior inimigo de Destiny acaba por ser o Hype que foi gerado em seu redor. A Activision e a Sony promoveram o jogo de forma descontrolada e quanto mais o tempo passava, maiores eram as expectativas.
Por isso mesmo, o resultado é um jogo de grande qualidade, mas que se vê engolido por promessas de outro mundo. Destiny é uma boa forma de começar o IP e uma aposta com os pés assentes na terra. Bem mais do que toda a campanha de marketing que o rodeou. Não é um candidato a jogo do ano, mas é uma aventura que recomendo vivamente a quem gosta de FPS não lineares e RPG como Borderlands.
Positivo:
- Sistema FPS aproveita pergaminhos de Halo
- Bom sistema de evolução
- Incentivo para jogar com outras pessoas
- Sinergia entre campanha e o online
- Visual com bastante impacto
- Grande banda sonora
Negativo:
- História com pouca exposição
- Quebras de ligação ao servidor
- Poucos níveis de evolução
- Peter Dinklage parece desinspirado
- Claramente prejudicado pelo Hype
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