Análise – Dark Souls 3

Os anos passam e as coisas mudam. As pessoas crescem, os costumes mudam e todas as companhias que sabem o que estão a fazer, deixam os seus projectos seguir o curso normal, adicionando muito, mas alterando pouco.

Claro que não quero com isto dizer que sou contra a inovação e todas as novidades que vão surgindo, mas se gosto de algo, como uma comida, é porque ela tem aquele sabor, forma e gosto de a comer por todos os ingredientes e forma como são confeccionados.

Felizmente, Dark Souls é isso mesmo, uma série que continua a ter o mesmo sabor, os mesmos ingredientes, mas que surge com mais ou menos condimentos e nos obriga a comer de formas diferentes, mesmo que os talheres sejam os mesmos. Resumindo, Dark Souls 3 é mais do mesmo e isso é bom.

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Depois do terror victoriano de Bloodborne, Dark Souls 3 regressa aos cenários medievais desoladores e putridos, onde tudo parece já estar a decompor e todas as antigas grandes cidades e aldeias, são agora uma sombra destruída do que eram. O tema mudou ligeiramente, deixando para trás os Undead, para dar ao jogador o papel de Unkindled, um heroí aleatório que consegue lutar e evoluir, transformando as cinzas do seu corpo em brasas.

Ao princípio, Dark Souls 3 parece menos punitivo que o segundo jogo. Quando morrem a chama apaga e perdem uma parte da vida, no entanto, podem recuperar a mesma de várias formas. Não se precisam de preocupar com mortes consecutivas, pois a vida só desce uma vez. Depressa, os cenários começam a ficar cada vez mais estranhos e perturbadores, com as batalhas de Boss a serem algumas das mais inesperadas que vi na série até hoje.

Dark Souls 3 volta a introduzir o MP como a forma de utilizar magia ou artes, de forma surpreendente e para facilitar a vida ao jogar, agora podem gerir a quantidade de Estus que podem usar para recuperar vida ou MP, gerindo a quantidade para um lado ou outro. Isto faz com que o jogo se apresente também como mais “amigável”, mas raramente como mais fácil.

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Falando em dificuldade, esta continua a estar presente, mas essencialmente oferecida pela quantidade de inimigos diferentes e também, pelas variadas formas como estes atacam, e por vozes, conseguem chegar até nós, usando estratégias inesperadas e ataques que ainda não tinham sido feitos antes. Claro que continuam a haver momentos para mortes fáceis, apoiadas em emboscadas ou armadilhas, algo que Dark Souls se orgulha de manter, como forma de ensinar o jogador a ter cuidado.

Dependendo da plataforma onde o vão jogar (a nossa foi PS4), o jogo corre com mais ou menor fluídez. A versão PC leva a dianteira com os seus 60fps, algo que não acontece na consola. No geral, não é algo que prejudique a jogabilidade, que se mantém sólida ao longo do jogo, no entanto, é uma pena que não seja possível ter 60fps nas consolas também.

Algo que notei ao longo das horas que joguei, é que o mundo de Dark Souls 3 é bastante grande e as suas áreas mais abertas. Embora exista uma tentativa de apresentar um mundo aberto mais ao estilo do que foi feito no primeiro Dark Souls, este acaba por ser uma mistura entre as áreas separadas do Dark Souls 2 e alguns atalhos do primeiro jogo. É uma pena, pois descobrir atalhos inesperados no primeiro Dark Souls continua a ser uma das grandes memórias que tenho desse jogo.

Apesar de não ser um dos jogos com melhores gráficos nesta geração, Dark Souls 3 consegue ser bastante detalhado e até bonito, mesmo que seja construído em cima de um mundo em decomposição e desolador. Os modelos das armaduras, inimigos e as animações estão bastante bons (sim, ainda podem fazer rebolar os corpos), com a interação a ser ainda mais sentida à medida que mudam de armas entre espadas, mocas e até lanças.

Embutido na aventura, estão todas as componentes online. As mensagens estão de volta, as poças de sangue também e agora ainda existem mais incentivos para encontrar e agregarem-se a um Covenant. Estas alianças são tão variadas como as suas premissas, sendo a minha favorita uma que tem como objectivo perseguir os invasores que entram para os mundos de jogadores incautos. O online está a funcionar bastante bem e não tive qualquer problema de ligações durante os testes.

A mistura de som ambiente e silêncio incomodativo continua a ser tão boa como sempre e quero destacar toda a banda sonora, que tem algumas das músicas épicas mais arrepiantes que podem encontrar. Alguns dos bosses acabam por ter ainda mais impacto quando a música muda abruptamente para revelar mais uma fase de combate, o que aumenta a tensão e dá ainda mais impacto.

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Sendo mais do mesmo, é inegável que se sente que Dark Souls 3 consegue ter alguns momentos de Dejá Vu. Já vi estas aldeias devastadas em algum lado, assim como aquela capela, aquela floresta, etc. Não existe muito por onde se possa fugir, especialmente tendo em conta que estamos a falar de fantasia medieval. Pessoalmente, senti que isso ainda pode ser considerado um dos pontos mais negativos, mas nada que me tenha incomodado, tal como disse em cima, é quase como comer outra vez algo de que se gosta muito.

Depois de ter trazido um sabor diferente com Bloodborne, a From Software volta às origens e mistura em Dark Souls 3, os melhores elementos tanto dos dois primeiros, como de Demon’s Souls. O resultado não tem um equilíbrio perfeito e pode até ser muito familiar, mas é uma série que continua a rumar na direcção certa. Eu não me canso de Dark Souls e Dark Souls 3 já é um dos meus jogos favoritos deste ano.

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Positivo:

  • Mundo bem conseguidopn-recomendado-2016
  • Dificuldade bem doseada
  • Bosses memoráveis
  • Muitos inimigos diversificados
  • Sistema de MP de regresso
  • Banda sonora imponente

Negativo:

  • Falha em trazer os atalhos do primeiro jogo
  • Cenários similares aos do passado da série

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Daniel Silvestre
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