Análise – BioShock Infinite

“It is our holy duty to guard against foreign hordes.”

A Irrational Games é um estúdio que já tem alguns anos no que toca à criação de videojogos, tendo estado envolvida em System Shock 2 e criando a mítica série FPS de nome BioShock. Os primeiros jogos adoptavam um ambiente bastante tenebroso, onde cada passo era acompanhado por bastante cautela e medo. Enquanto que em BioShock 1 e BioShock 2 a Irrational Games apresentou-nos a utópica cidade subaquática de Rapture, para este novo jogo, o cenário deu uma cambalhota autêntica.

Apresento-vos então BioShock Infinite, o muitíssimo antecipado FPS deste ano que alberga a cidade aérea de Columbia. Vamos então seguir a personagem principal de nome Booker DeWitt. DeWitt chega a Columbia com a finalidade de encontrar uma rapariga e resgatá-la sob forma de limpar alguns males do seu passado. Esta rapariga chama-se Elizabeth, uma bela jovem que se encontra numa enorme estátua situada em Columbia. Ao contrário do que se poderá pensar, Elizabeth não está propriamente detida contra a sua vontade, até porque ela é bastante feliz por se encontrar nessa localização. A história começa então a ganhar asas a partir do momento em que Booker recupera Elizabeth e a expõe ao mundo exterior. O enredo torna-se mais complexo a partir daqui.

O jogo e a história andam durante grande parte do tempo de mãos dadas, havendo umas poucas missões após o encontro de Elizabeth e Booker que falham um pouco em manter o jogador interessado. Mas na verdade, e quando parece que o jogo está a “descarrilar”, estes dois elementos voltam a estar em sintonia para um meio e conclusão de jogo simplesmente fantásticos. Preparem-se também para viver momentos fortes neste jogo que fazem a diferença. Se ainda por cima gostam de enredos com finais de fazer mexer a massa cinzenta, então Bioshock Infinte é definitivamente para vocês.

Columbia é a utópica cidade cheia de vida, cor e alegria…ou pelo menos assim parece. Tudo tem o seu reverso, e enquanto vamos encontrar belos cenários, NPCs contentes ou interessantes ao longo da nossa jornada, vamos também descobrir o lado mau desta cidade que recria a “era excepcional”, dos Estados Unidos da América. Temas maduros como a descriminação racial, sexismo e religião estão expostos no jogo de uma maneira bastante frontal e convincentes, que tanto poderão chocar como impressionar.

Os dois primeiros BioShock eram jogos com uma mecânica FPS interessante e até bastante acessível, e como em “fórmula vencedora não se mexe”, a Irrational Games decidiu manter intacto aquilo que funcionou nesses jogos. Booker poderá segurar apenas duas armas, por isso será necessário adoptar uma dupla que vos dê maior segurança.. Enquanto que em Rapture tínhamos os Plasmids, na cidade de Columbia temos os Vigors, super-poderes que serão adquiridos por Booker no decorrer do jogo com o beber de frascos especiais. Os Vigors completam a personagem oferecendo habilidades como electrocutar inimigos, colocá-los a lutar entre si, elevá-los no ar por forma a que fiquem vulneráveis aos nossos disparos, e funcionam muito bem.

Apesar de ser um FPS, o Bioshock Infinite possui alguns elementos RPG que baseiam na compra de munições, vida e ainda mais importante, a possibilidade melhorar esses aspectos da nossa personagem. Graças a máquinas automáticas, vamos poder usar o dinheiro que apanhamos no jogo para comprar melhoramentos para as nossas armas, para a nossa personagem, bem como recuperar vida, Salt – elemento necessário para usar os Vigors – e munições. Certos adornos como calças, camisas ou chapéus possuem especialidades únicas que poderão ser úteis durante o jogo.

Skyline é um dos novos elementos que foi muito mostrado a partir de trailers e que colocava Booker a usar um aparelho com rotor que encarrilava em várias ligações de carris aéreos. Com o apontar e carregar de um botão vamos então encarrilar e navegar a uma velocidade estonteante à volta dos cenários, que para além de nos ajudar a chegar a zonas aparentemente inacessíveis, dá-nos uma enorme ajuda em combate. Primeiro porque podemos navegar nos Skylines com uma mão e disparar com outra, sendo muito mais difícil para os inimigos acertar na nossa personagem, e segundo, porque podemos fazer investidas aéreas que lhes causam muito dano. No fundo, este sistema funciona muito bem e de uma maneira bastante natural.

Outro ponto bastante importante é a inserção de Elizabeth na mecânica de jogo. A jovem é autónoma em combate e consegue ajudar-nos constantemente com o fornecimento de Salts, munições e vida. Ela é bastante inteligente para se esconder em zonas perto de nós, não sendo necessário estar sempre a salvá-la, isto também porque ela não morre em combate. O facto de nos acompanhar constantemente, não implica que irá falar excessivamente com diálogos desnecessários, até pelo contrário, Elizabeth é uma personagem muito interessante e forte, e quando ela fala ou se exprime, conseguimos levá-la sempre a sério. A Irrational fez um excelente trabalho neste aspecto.

Os inimigos vêm ainda mais completar este reverso da medalha de Columbia. Vamos combater vários elementos desta cidade desde polícia, soldados mecanizados, aberrações com um estilo steampunk, até criminosos das zonas mais marginalizadas da cidade. Existe uma boa variedade no que toca às suas habilidades, sendo necessário ter um cuidado especial para cada um dos inimigos. Sem desvalorizar o que foi feito neste jogo, penso que a ligação entre Rapture e os inimigos que lá vagueiam consegue ser mais aterradora e perigosa que Columbia e os seus inimigos.

BioShock: Infinite é um mimo para os sentidos desde o primeiro momento em que começamos a jogar. Não é um jogo com gráficos altamente minuciosos e extremamente pormenorizados, mas faz uso de uma palete de cores altamente variada e rica, um sistema de iluminação espectacular e uma atenção a pequenos detalhes que o destacam do resto. Claro que com a aproximação alguns aspectos parecem menos belos, mas no cômputo geral e enquanto jogamos, vamos visitar zonas atrás de zonas, que nos deixam de queixo no chão. A cidade de Columbia é muito bonita e com horizonte que nos irá deixar completamente apaixonados.

Para além de bela e interessante, Elizabeth é uma pessoa que se pode ouvir e prestar atenção a qualquer altura, e isto também graças ao trabalho feito pela actriz Courtnee Drapner. Ela conseguiu captar e expressar os grandes momentos de voz com uma actuação excelente e digna de se tirar o chapéu. Expressividade corporal está também bastante presente, sendo possível ver desde preocupação, amuo até a felicidade. A banda sonora consegue acompanhar e complementar todos as alturas do jogo, sejam elas de alegria, tristeza ou de acção frenética. Tal como as restantes personagens, os inimigos também estão bem representados neste parâmetro.

BioShock Infinite é um jogo muito bem equilibrado, onde dum lado temos a complexidade da história e da cidade de Columbia, enquanto que por outro lado temos uma jogabilidade muito bem trabalhada e de fácil acesso para todos. Ao contrário dos anteriores jogos da série, a Irrational conseguiu um equilíbrio fundamental e interessante para o sucesso do jogo. Apesar de poder ter sido incorporado, este jogo não precisa de multiplayer e fica muito bem sem ele. Estamos perante um dos melhores jogos deste ano, e sem dúvida o meu jogo favorito deste ano até agora.

Vejam também a nossa análise em vídeo a Bioshock Infinite!

Os alicerces para o sucesso deste jogo foram erguidos, e são sólidos o suficiente para o destacarem como a melhor experiência jogável deste ano, bem como um passo em frente no género FPS com elementos espectaculares. Se recomendo este jogo? Este é daqueles que considero um crime não jogar! Por isso façam um favor a vocês próprios.

Positivo:

  • Columbia é uma cidade espectacular e viva
  • Elizabeth
  • Skyline funciona muito bem
  • História interessante…
  • …com um final bombástico
  • Apresentação e sonoplastia
  • Imersivo

Negativo:

  • Armas banais

Daniel Silvestre
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