Um mundo de Battle Royales

A indústria dos videojogos é muito parecida com as restantes indústrias de entertenimento. A partir do momento em que aparece uma nova tendência, os restantes acabam por fazer de tudo para acompanhar e roubar um pouco da moda para si.

Quem não se lembra da febre dos Farmvilles, dos Call of Duty e dos MMO? Cada companhia tinha de arranjar forma de capitalizar na nova grande moda, criando clones uns atrás do outros e falhando grandiosamente para uma ou duas rerefências.

Quantos clones de Call of Duty vemos hoje em dia a manter o seu sucesso ano após ano? Quantos grandes MMO temos realmente fortes além de WoW e Final Fantasy XIV? E quando é que esta mania vai passar de moda no que toca aos Battleroyale?

Apesar de não ter sido exactamente inventado por PUBG, os Battleroyale começaram a ganhar popularidade graças a este jogo e não tardou até que outros fossem alertados para a nova moda. Muitos jogadores num só mapa. É curioso pensar que demorou tanto tempo, já que havia jogos que tinham ideias parecidas com muitos jogadores, como MAG ou Resistance.

Feito para ser jogado como um Tower Defense com construção em tempo real, Fortnite parecia um jogo banal com boas ideias, mas foi a sua viragem genial e rápida para dentro do género que o colocou na estratosfera e fez do género um fenómeno ainda maior. O sucesso foi tal que o verdadeiro modo “Save the World” é apenas um extra.

De momento, existem vários Battleroyale no mercado, mas olhando para o cenário, são três aqueles que realmente conseguem estar no topo: Fortnite, PUBG e Apex Legends. Cada um pelo seu estilo e cada um a ocupar uma franja do mercado que o outro não consegue cativar.

No entanto, ao olhar para trás, dá para ver as centenas de corpos deixados empilhados no chão. Tentativas simplesmente parvas ou ideias criativas dentro do género que não conseguiram vingar. Agora, temos mais um, Grit, um jogo que decorre no velho oeste e onde jogam como Cowboys. Um conceito interessante e com ideias giras. Mas…

Afinal quantos Battleroyale é que são necessários no mercado? Tendo em conta que são todos do mesmo género e que precisam de dezenas de pessoas ao mesmo tempo, quantas pessoas mais existem para encher todos os lobbies e salas de jogo? Um jogador quando é dedicado a um género, mesmo que deixe o seu jogo favorito por algum tempo para jogar outra coisa, raramente tem mais do que dois jogis de serviço constante mantidos em pleno.

Tal como os “clones” de Call of Duty, os Destiny e os MOBA, haverá uma altura em que chegamos ao limite, se é que já não estamos lá e ideias giras como Grit acabam por parecer mais um jogo deitado à implacável trituradora, estando destinado a fechar daqui a meses por falta de jogadores.

Não nos podemos esquecer que modas são como bolhas e mesmo que não desapareçam, acabam sempre por rebentar e passar a sua “idade”. Haverá sempre algo novo no horizonte e estes jogos não desaparecem do dia para a noite. Na melhor das hipóteses podem evoluir para algo mais.

Como alguém que não aprecia o género, não me importaria se não houvessem aqui vários problemas. Não só estamos sempre a criar uma situação de saturação na indústria que parece um cão que repete constantemente o mesmo truque, como existem criadores que acabam por ser arrastados para estes projectos onde o mais provável é ficarem sem emprego e com currículos manchados.

Daqui a dois ou três anos estarei aqui novamente a comentar uma nova moda e a dizer exactamente o mesmo, mas uma coisa é certa. Se as modas existem e vingam, é porque a procura existe. Fica por saber quando é que “rebenta a bolha”.

Daniel Silvestre
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