Shin Megami Tensei V e a questão do Grinding

Depois daquilo que pareceu uma eternidade, Shin Megami Tensei V Vengeance chegou à Nintendo Switch, PC, PS4, PS5 e Xbox Series é exactamente o estilo de jogo que os fãs estavam à espera. É diferente da maioria dos RPG mais bonitos e alegres, mexe com temas mais obscuros e é difícil à brava, ainda por cima bastante melhorado em relação ao original e com uma boa dose de novidades, incluíndo uma história alternativa.

Se tudo o resto eu já estava à espera e este é quase como que um sucessor mais “a sério” de Shin Megami Tensei 3, a questão da dificuldade não é algo que me deixa surpreendido, não por o ser, mas porque já deviam estar à espera disso.

Todos os jogos Megaten da franquia principal são difíceis e existem uns que levam isso a pontos extremos, sendo Strange Journey um dos mais implacáveis. A questão com estes jogos, tal como grande parte dos JRPG antigos, é que as pessoas deixaram de ter a necessidade de fazer Grinding à medida que o conceito de RPG ficou mais diluído.

Para mim que joguei JRPG desde pequeno e adoro em especial os RPG por turnos, eu sou daqueles que cresceu com Final Fantasy, Pokémon, Dragon Quest e Shadow Hearts, todos eles jogos onde treinar para ficar mais forte e ter uma melhor equipa eram o conceito principal.

Claro que hoje em dia isso mudou, qualquer uma destas séries está mais acessível e a necessidade de treinar foi desvanecendo. Até Persona acaba por ser a versão “light” de Shin Megami Tensei na verdade.

Se há uns anos para cá, dizer que Shin Megami Tensei V é um jogo difícil seria um sacrilégio para mim, hoje em dia já percebo muito mais o conceito de que nem todos querem gastar horas a matar os mesmos bichos para subir mais um nível. Eu sou daqueles que gosta de fazer farming durante horas para ter a melhor equipa e dizimar cada boss.

Um RPG que nos faça treinar para ser mais fortes e vencer inimigos impossíveis, acaba também por ser das experiências mais recompensadoras. Basta olhar para Dark Souls para ver o melhor exemplo disso mesmo. Porém, Dark Souls também é visto como difícil e quem não o joga diz que não tem tempo para isso.

Onde quero chegar aqui é que eu adoro jogos como Shin Megami Tensei V e adoro gastar horas intermináveis a treinar e microgerir a minha equipa e ataques. O problema passa pela falta de tempo e é aqui que fico contente por ter de analisar o jogo, ou seja, sou forçado a o ter de jogar “como deve ser”.

Quando era mais novo e tinha imenso tempo para depositar nos meus jogos favoritos, gastar 20 ou 30 horas apenas a repetir combates para ficar mais forte não era um problema e sim um prazer. Ao contrário de o meu eu mais velho que tem mais do que um trabalho e várias obrigações diárias por fazer. Gastar essas 20 ou 30 horas passa a ser mais fácil de justificar para poder jogar e apreciar a história de um jogo, especialmente por ser feito em base do Grinding para avançar.

 

Por isso sim, consigo perceber a inclusão de modos mais fáceis para melhorar a experiência de quem não tem tanto tempo para dedicar a um jogo, mas defendo a 100% a forma original do jogo. Não há que mudar um clássico para agradar a quem não gosta dele, mas sim, encontrar formas dessas mesmas pessoas terem também uma hipótese de o jogar, mesmo que não seja o seu estilo favorito.

Por isso mesmo, os jogos como Shin Megami Tensei V e Dark Souls devem continuar a existir tal como são e devem continuar a ser jogados como foram originalmente pensados. Se por ventura não estão com tempo ou disposição para isso, podem sempre jogar as versões mais fáceis, mesmo que não sejam as mais recompensadoras.

Podem contar com a nossa análise de Shin Megami Tensei V Vengeance na versão PC e Xbox Series muito em breve aqui no PróximoNível.

Daniel Silvestre
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