Existem jogos que dispensam apresentações e depois exsitem jogos que são verdadeiros colossos e mereciam toda a pompa e circunstância de um jogo de alto gabarito, mas que ainda são demasiado apagados do radar da maioria. Muito bem, espero que seja agora a altura de viragem para a saga The Legend of Heroes, pois Trails in the Sky 1st Chapter chegou, viu e venceu! O muito aguardado remake do JRPG clássico, desenvolvido pela Nihon Falcom e chegou para PC, PS5, Nintendo Switch e Nintendo Switch 2, com uma força que até a mim me deixou surpreendido. Este novo episódio chega com o objetivo de modernizar uma das sagas mais aclamadas no seu género, mantendo a essência do original, enquanto a adapta para um público mais moderno. Também é o remake que enterra finalmente as dúvidas persistentes de quem começou agora a jogar a saga. Sim! É aqui que devem começar!
Com novos visuais em 3D, um sistema de combate refinado e inúmeras melhorias, este remake não só consegue respeitar o produto original, como também o torna ainda melhor (salvo por um ou outro problema na localização de certos termos). É um jogo feito a pensar nos veteranos e nos novatos e foi feito um balanceamento muito bom para o manter dentro das expetativas. Só é estranho que a Falcom tenha deixado cair o nome The Legend of Heroes…
A história de Trails in the Sky 1st Chapter, tal como todos os outros é o seu ponto forte e o elemento que mais o distingue. O jogo centra-se em Estelle Bright e no seu irmão adotivo, Joshua, que embarcam numa jornada para se tornarem nos melhores Bracers que Zemuria (o mundo onde a série acontece) já alguma vez viu , uma espécie de agentes que protegem a população e fazem missões para ajudar quem mais precisa. O que começa como uma aventura simples e muito pessoal, rapidamente acaba por se transformar numa intriga política complexa, que vai das próprias personagens principais, até a continentes que estão à beira da guerra. Ao contrário de muitos JRPGs que se focam num ritmo mais acelerado, Trails in the Sky aposta num ritmo lento e gradual, o que permite a vocês se familiarizarem com o vasto mundo do jogo e os seus habitantes.
Agora que o mundo está mais aberto e interligado que nunca, dá para ver ainda melhor como o reino de Liberl e cada uma das suas cidades foram meticulosamente criadas, com cada NPC a ter uma vida própria e diálogos que mudam ao longo da história, aprofundando o universo de forma orgânica. Apesar do mundo estar mais cheio e detalhado, a Falcom ajudou os obcecados por ler tudo, como eu, com indicação de NPC que têm algo para dizer e as suas falas continuma a valer a pena os desvios feitos para ter estas conversas.
O sistema de combate de Trails in the Sky 1st Chaper é outro dos seus pilares. Embora mantenha a essência do combate por turnos que podem ser ativados a qualquer momento durante o encontro com o inimigo, o remake introduz um sistema que é uma mistura de ação e de estratégia por turnos como é possível ver em The Legend of Heroes Trails Through Daybreak. As batalhas são mais rápidas, com a possibilidade de esquivar ataques em tempo real no campo de batalha, antes de entrarem na fase de seleção de ações. Esta nova abordagem torna o combate mais dinâmico e visualmente mais apelativo, sem comprometer a profundidade tática do original. O sistema de Orbments, que permite a personalização dos personagens com diferentes habilidades (Arts), mantém a sua relevância e é crucial para o desenvolvimento da equipa.
Como o mundo tem agora espaços mais abertos à exploração, tudo parece mais imediato entre combates. Por outro lado, as batalhas contra os bosses são desafiantes e focadas na selecção clássica de habilidades por turnos, por isso pensem de forma estratégica, especialmente com o novo sistema.
Em termos de desempenho técnico na sua versão para PC, Trails in the Sky 1st Chapter é um excelente exemplo de como modernizar um clássico. Os gráficos foram totalmente refeitos em 3D, com modelos de personagens e texturas de ambientes que se alinham com os padrões de um JRPG moderno. As animações de combate, os efeitos de luz e os ambientes foram renovados, o que torna a experiência visualmente deslumbrante, tal como a nossa imaginação se lembra de o jogar. A versão para PC é particularmente bem otimizada, com suporte para resoluções de até 4K, framerate desbloqueado, e uma vasta gama de opções gráficas que podem ser ajustadas para equilibrar a qualidade visual e a performance na vossa máquina. Destaque também para todo o aspeto visual “animesco” do jogo que espero que venha a ser o standard da Falcom após The Legend of Heroes: Beyond The Horizon.
Em relação ao departamento sonoro, também foi feito aqui um grande trabalho. A banda sonora chega em três formatos, com a música original, retocada e orquestrada, sendo que podem escolher uma das três a qualquer momento. Os atores e vozes escolhidas também são muito bons e embora alguns demorem a encaixar (como é o caso de Estelle), no geral, o trabalho é excelente.
A sua performance na Steam Deck é um dos seus maiores pontos fortes. O jogo funciona de forma bastante competente na consola portátil da Valve, mantendo uma taxa de fotogramas consistente e uma vida útil da bateria bastante positiva. Caso queiram puxar um pouco mais por ele, podem usar ferramentas como o Losseless Scaling para ir ainda mais além no limite de FPS e fazer com que a experiência seja ainda mais suave.
Em suma, Trails in the Sky 1st Chapter é um título que honra o seu legado ao modernizar uma experiência clássica sem comprometer a sua essência. A sua história e a sua construção de mundo, os seus personagens cativantes e o seu combate tático e igualmente estratégico são os elementos que mais o destacam.
A versão para PC a que tivemos acessso é um excelente exemplo de uma conversão bem-sucedida, com o seu desempenho e a sua compatibilidade com a Steam Deck a serem pontos que fazem com que o jogo seja uma das melhores opções do ano para os fãs do género.
Muito rumores circularam pelas “internets” que Trails in the Sky iria ter direito a um Remake e como é que este ia ser feito. Tendo em conta o tamanho da Falcom e como é complicado fazer um lançamento mundial, o resultado não é perfeito, mas é claramente o mais próximo disso. Trails in the Sky 1st Chapter é o melhor exemplo de como um remake deve ser feito!
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