Review – Suicide Squad: Kill The Justice League

A DC tem tido uma boa dose de sucessos na indústria dos videojogos nos tempos recentes. Sem dúvida que a série Batman: Arkham é a mais famosa, mas pelo caminho ainda houve espaço para Injustice e jogos de LEGO. Longe vão os tempos de SuperMan 64 ou de outros jogos mais obscuros com personagens DC.

Suicide Squad: Kill the Justice League por seu lado é um jogo de ação e aventura em terceira pessoa desenvolvido pelo mesmo estúdio da Rocksteady. O jogo coloca-nos no papel de quatro membros do Esquadrão Suicida, uma equipa de vilões forçados a trabalhar para o governo dos Estados Unidos em troca de redução de pena. A missão do esquadrão é simples: matar a Liga da Justiça, que foi dominada pela mente do vilão Brainiac. É o mote perfeito para uma vez mais, colocar os heróis do lado do mal e dar um motivo aos vilões para brilhar. A selecção dos quatro vilões é boa, mas falta aqui um Joker ou algo do género (já se sabe que será DLC).

A história mesmo sendo o típico cliché do “vilão mauzão que está a controlar os bonzinhos”, está contada de forma interessante e divertida, as personagens principais têm uma boa dinâmica e o aparecimento quase constante de heróis como Batman, Superman, Flash e Wonder Woman, fazem com que as interacções sejam muito fortes e exista um bom sentimento de presença e local. O timbre dos diálogos varia entre o cómico e o sério, mas é raro sentir que o jogo quer ser levado totalmente a sério. Felizmente a progressão e encadeamento estão escritos e elaborados de forma positiva, o que me fez querer realizar a história principal.

Suicide Squad: Kill the Justice League é um jogo em mundo aberto onde podemos jogar com uma das quatro personagens principais (Harley Quinn, Deadshot, King Shark e Captain Boomerang), sendo que cada uma delas tem a sua forma de mover pelo cenário, atacar os inimigos e desencadear algumas habilidades únicas da sua personagem. Porém, o foco do jogo passa muito pelas armas e pela forma como o sistema de loot ao estilo de um liveservice funciona. A ideia é ir apanhando melhor loot, para ter armas melhores e apetrechar a nossa personagem de todo o estilo de cosméticos que estiverem disponíveis.

Grande parte do jogo é passado a navegar pela cidade e derrotar pontos de inimigos que vão surgindo. Dada a mobilidade que o jogo permite, grande parte dos combates são feitos nas alturas, seja entre prédios, ou mesmo zonas bastante altas. As missões são divididas pelas relacionadas com a história e missões alternativas, embora no geral, o jogo pareça quase sempre muito do mesmo. Precisam de ir a uma determinada zona, matar certos inimigos, desactivar alguma coisa ou ir buscar algo. Por isso mesmo, embora tenha quatro personagens diferentes para concluir os objectivos, acaba por ficar algo repetitivo ao final de algumas horas.

Curiosamennte, para um jogo liveservice, nunca senti verdadeiramente que Suicide Squad: Kill the Justice League recompensa o tempo gasto. É claro que algumas armas são melhores que outras, mas nunca ao estilo de um Borderlands ou Diablo onde por vezes somos supreendidos por algo bastante mais forte ou bastante diferente do que tínhamos equipado. Por outro lado, temos as habilidades que sofrem de algo parecido. Como nem todas são verdadeiramente úteis e outras são claramente superiores, também não vale a pena estar a gastar tempo a melhorar ou desbloquear coisas que não vamos necessitar de usar.

Outro problema que encontrei foi a instabilidade dos servidores. Por si só, já é mau estarmos numa era em que jogos que correm bem em single-player, precisam de estar sempre online, mas aqui onde é mesmo necessário e o icentivo é jogar com outros, tive vários problemas de ligação aos servidores. Como estava a jogar com estranhos, isto significa que fiquei sem equipa e tive de refazer o progresso até à altura. Como não há possibilidade de comunicar entre jogadores, senti a vontade de fazer tudo apenas acompanhado pela IA, que até nem era assim tão horrível. Existe um modo offline a ser concebido para o futuro, mas a análise é sobre o que temos agora. Nesse caso, ficou aquém do que devia.

A história demora cerca de uma dúzia de horas a terminar, mas é suposto que queiram ficar para depois disso. Existem mais missões e actividades para fazer e está prometido mais conteúdo, mas no meu caso, não quis ir mais além. Apesar de ter gostado da jogabilidade, Suicide Squad: Kill the Justice League tem um sistema de progresso e liveservice que se torna demasiado igual e não teve a força suficiente para me tentar como um Monster Hunter ou um Borderlands.

Visualmente, Suicide Squad: Kill the Justice League é um jogo bastante razoável, mas já se viu melhor nesta geração. Basta olhar para um jogo como Marvel Spider-Man 2 para ver logo a diferença na quantidade de variedade e detalhe do mundo. Claro que as personagens principais estão muito bem trabalhadas e as cidades são interessantes, mas falta-lhe alguma vida e mais detalhe, algo que a Warner Bros. podia ter aproveitado para passar experiência entre equipas com os criadores de Hogwarts Legacy. De qualquer forma, o trabalho feito em redor da recriação das cidades e do espírito da DC, esse está cá para os fãs. A banda sonora é muito forte no geral, com inúmeras composições icónicas e também existe um grande trabalho vocal por parte dos actores que entregam as suas vozes a estas personagens.

Em conclusão, Suicide Squad: Kill the Justice League é um jogo que podia e devia ser muito mais do que é. Existem aqui coisas positivas, como a movimentação, o enredo, e o humor, mas estes são ofuscados por outros problemas, como o design das missões, o sistema de loot, e os aspectos técnicos. O jogo pode ser divertido por algum tempo se jogarem apenas pela história ou tiverem amigos que também se interessem por ele.

Por isso mesmo, Suicide Squad: Kill the Justice League acaba por ser uma desilusão. Mesmo que o conceito de Liveservice seja um red flag, havia sempre aqui a esperança de algo melhor com a Rocksteady envolvida e o universo de Batman Arkham. O resultado final relembra-me do rumor de que a Rocksteady estaria a trabalhar originalmente num jogo ao estilo Arkham, mas baseado nas Tartarugas Ninja. Não sei se seria melhor que este jogo, mas soa em tudo muito mais interessante do que o que podemos jogar aqui.

Positivo:

  • Elenco engraçado de personagens
  • Humor
  • Movimentação pelos cenários

Negativo:

  • Sistema de liveservice
  • Missões repetitivas
  • Bugs e visual pouco impressionante
  • Instabilidade nas ligações
  • Loot pouco interessante

Daniel Silvestre
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