Já lá vão quase 20 anos desde que Persona 3. Vindo do seio de Shin Megami Tensei, este foi o primeiro jogo da série a elevar a fasquia e reconhecimento para o mercado global e que abriu portas para que Persona conseguisse até suplantar a série de onde originou. Também foi aqui que a minha demanda começou na série, visto que Persona 3 FES foi o meu primeiro jogo da saga e já dava para perceber que existia muito futuro nesta saga.
Em si, Persona 3 Reload podia ser a verdadeira e derradeira versão de Persona 3. Em alguns momentos até o consegue ser, mas o facto de deixar conteúdos de FES e Persona 3 Portable de fora é uma pequena mancha num jogo quase imaculado.
Se só jogaram Persona 4 ou Persona 5, então vão perceber que Persona 3 é um jogo bem mais negro e opressivo que os anteriores. Claro que o sentimento de desconforto nunca deixou a série, mas acabou por se tornar em algo muito mais leve. Persona 3 Reload volta a essas raízes, embora tenha dado um pouco mais de profundidade a personagens e eventos, o que esbate um pouco a aura mais obscura do original. A história é a mesma e é bastante boa, além disso, foram e introduzidos novos eventos, coisas para fazer, linhas de confidentes e outras coisas que o colocam dentro do nível de expectativas de jogos actuais.
Tal como os outros jogos da série, Persona 3 Reload faz com que vivam uma vida dupla. De dia, vão às aulas, encontram-se com pessoas, fazem actividades e melhoram as vossas capacidades. À noite invadem Tartarus, uma torre enorme cheia de pisos e inimigos, para desvendar o mistério que cria a Dark Hour. O sistema é simples e directo e ao contrário do que poderiam imaginar, não existe aqui menos para gerir e decisões por tomar que nos restantes jogos. É essa escolha que no entanto que desbloqueia um grande número de possibilidades. Devem perder o dia a treinar a personagem, ou devem ir sair com um amigo e melhorar o nível da amizade? Tudo isto melhora o personagem de formas diferentes.
Uma das primeiras mudanças que se encontra em Persona 3 Reload passa pela batalha que adoptou vários elementos dos jogos mais recentes. Os combates agora permitem que controlem todas as personagens em vez de só o protagonista (algo adicionado em FES e Portable), criar uma espécie de Batton Pass entre os colegas de equipa e uma grande novidade, as personagens deixam de estar cansadas ao final de algum tempo a explorar Tartarus. Mesmo que fosse um elemento de gestão interessante, era algo limitador nos originais e fica muito melhor como está. Também a escolha dos prémios de combate mudou um pouco e está bem melhor.
Menos notório para quem o jogou originalmente, está a introdução de pequenos eventos que podemos fazer com os colegas de equipa no dormitório, mais alguns momentos sociais e acima de tudo, muito mais momentos agraciados com as vozes dos actores, o que fica muito melhor do que ter tanto texto sem vozes a acompanhar.
Persona 3 Reload também fez com que o jogo orginal desse um grande salto em termos de visual, não só pensando nos gráficos, mas também em toda arte utilizada e criação de menus, onde a equipa de Persona continua a ser um dos melhores exemplos de criação de User Interface. Claramente foi usado um tom mais carregado nos layouts das personagens e elementos de cenários para puxar pelo tom mais negro do jogo, mas no geral, parece uma evolução lógica daquilo que já vimos em Persona 5. Só é pena que alguns cenários mais pequenos não criem tanto impacto devido à sua dimensão aplicada à actual geração, assim como existem partes destes que parecem mais despidas, menos detalhadas e até com falta de vida.
No que toca a vozes, temos um grande trabalho por parte dos actores, sendo que estão praticamente todos bem no geral e aqueles que vieram substituir actores antigos, conseguem dar vida bastante bem ao que já existia. A banda sonora por seu lado continua fantástica, embora algumas delas tenha dúvidas em conseguir dizer qual a melhor versão. Tendo em conta que as versões antigas já eram boas, é o mesmo que escolher entre duas grandes refeições, com a diferença que ainda foram adicionas umas quantas músicas novas de igual qualidade.
Para completar tudo o que há para fazer em Persona 3 Reload podem contar com cerca de 60 horas de história e pelo menos mais duas dezenas de horas extra. Claro que nunca conseguem fazer tudo numa primeira passagem dado as limtações de horários e escolhas, por isso ainda podem voltar no New Game Plus para fazer o resto.
Tirando alguns problemas mais visuais, Persona 3 Reload sofre também com a ausência de conteúdo de outros jogos Persona 3. Faltam conteúdos de FES e conteúdos de Persona 3 Portable que deviam estar incluídos nesta versão. É verdade que podem sempre surgir como DLC mais tarde, mas sinceramente, iam fazer deste lançamento um dos melhores jogos de Persona já lançados. Mesmo que tenha sido feito de origem, grande parte do conceito já está criado, por isso era mais interessante ver o todo num só jogo.
Há que dizer que jogar Persona 3 Reload, depois de todos estes anos, ajudado pelo visual e novidades, pareceu quase uma nova experiência. Existe aqui muito de familiar, mas também um sentimento de novidade, que me levam a invejar quem o vai experimentar pela primeira vez. Claro que é sempre bom ver novas ideias em jogos clássicos quando são trazidos para uma nova era, mas é sempre bom que ainda existam companhias que não têm medo de fazer o que os fãs realmente procuram, jogar o clássico tal como ele era, apenas com melhorias. Não é perfeito, mas Persona 3 Reload é um JRPG espetacular que merece ser jogado.
Positivo:
- Bom visual, arte e menus
- Mais conteúdo para confidentes
- Combate melhorado
- Fim do cansaço em Tartarus
- Banda sonora e trabalho de vozes
Negativo:
- Cenários com áreas pouco trabalhadas
- Falta conteúdo de outros jogos
- Tartarus ainda é bastante linear
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