Podia pensar em dezenas de formas de iniciar esta análise de Deadpool & Wolverine. Era fácil falar dos falhanços dos últimos filmes e séries, também podia agarrar nas promessas não cumpridas e na confusão que se instalou na linha temporal da Marvel, ou até da forma como a compra da Fox ainptda não tinha sido muito bem aproveitada pela Disney. Porém, acho que o mais interessante para começar esta análise, é de destacar o que Deadpool & Wolverine significam para a Marvel e o que para mim, significa para trazer os super-heroís de regresso ao seu estatuto anterior.
Muito se falou durante os últimos meses se Deadpool & Wolverine seria o salvador do MCU. Para mim a resposta é clara, não é só o salvador, como parece que ao longo de todo o filme, sentimos que há aqui um despertar para a realidade. Ryan Reynolds e a sua equipa percebem o que se passou nos últimos anos e não têm qualquer pudor em falar disso. A juntar a este “pequeno” detalhe, este é um filme que volta a fazer o que tinha sido bem feito: respeitar o material original e ter noção de que é um produto de entertenimento. Deadpool & Wolverine acertam nos dois de forma brilhante.
Mesmo que não conheçam a personagem, Deadpool é um anti-herói com que podemos simpatizar facilmente, o facto de estar constantemente a passar a quarta-parede para dar exposição do que se está a passar é fenomenal e dá mais contexto ao espetador, seja ele um veterano que vai perceber tudo ou um espetador casual que vai receber um pouco mais de informação de forma cómica. Como é óbvio, se viram todos os filmes e séries do MCU feitos até agora, vão tirar melhor proveito de Deadpool & Wolverine, mas até quem viu dois ou três filmes e têm um conhecimento mais popular da Marvel vai ter momentos para si.
Sem dar qualquer spoiler que não seja óbvio pelo nome do filme, Deadpool & Wolverine une as duas personagens em vários momentos de pancadaria contra vários inimigos, mas também um contra o outro, algo que os fãs já estavam à espera e queriam ver desde que os dois se cruzaram nas Comics. A história faz sentido e as motivações de cada um também, trazendo à baila o chavão criado pela abertura do multiverso. Claro que existe aqui uma vantagem para este filme, ou seja, o facto de colidir dois universos finalmente e trazer os mutantes para o MCU. Esta ponte é feita de uma forma muito mais agradável e honrosa do que estaria à espera e dá um nó final inesperado no legado que a Fox havia criado, sendo mais ou menos positivo.
Como sempre, Deadpool é a estrela do filme e vai ser complicado se o colocarem em mais filmes, pois Ryan Reynolds consegue roubar constantemente o a ribalta aos outros, aliás, não é rato que tenham de lhe tirar gás para que as outras personagens possam falar sem haver interrupções ou piadas, o que resulta num bom equlíbrio. O salto entre momentos sérios e o resto do filme também não parecem fora do sítio, por isso o resultado também é muito positivo. No entanto não há nada a temer para os fãs de Deadpool, pois nem parece que este é um filme da Disney. Existem piadas e momentos hilariantes que devem ter sido um inferno para as equipas de inclusão e bons costumes da Disney. Acredito que algumas piadas não devem ter chegado ao produto final, mas tendo em conta as que aqui estão, quase parece que não houve limites criativos para a equipa de argumentistas e não vão haver pedidos de desculpas para algumas coisas que são ditas que vão incomodar os mais sensíveis.
Porém, se vão ver o filme para ver acção, também não vão ficar desapontados. Existem aqui diversos momentos de combate onde Deadpool e Wolverine lutam contra muita gente e também estes estão recheados de violência e situações irónicas que ficam totalmente dentro do registo do que seria de esperar com Deadpool. Embora os vilões principais já sejam conhecidos, prefiro evitar falar muito deles, mas dizer que grande parte dos momentos em que estes estão envolvidos, dão margem de manobra para bons momentos de combate ou situações espetaculares.
O espetáculo visual de todo o filme é bastante forte, embora nem todos os cenários sejam desblumbrantes, são os necessários para fazer com que o enredo faça sentido. Infelizmente a sessão de estreia foi vista em 3D, o que tira sempre alguma da qualidade da imagem em termos de brilho e cor. Tendo em conta que é um filme que vale a pena ver mais do que uma vez, mal posso esperar por o ver sem óculos 3D numa boa TV com HDR.
Deadpool & Wolverine não teria grande dificuldade em ser considerado um dos melhores filmes da Marvel dos últimos tempos, especialmente pela fasquia estar algo em baixo (não podemos falar mal de Spider-Man No Way Home e Spider-Man Into The Spider-Verse, ou mesmo dos Guardiões da Galaxia: Vol 3), com vários lançamentos de filmes e séries que desiludiram a audiência que os acompanha. No entanto, Deadpool & Wolverine gosta de brincar com o conceito de que o anti-heroí é o Jesus da Marvel e que é a salvação do MCU. Há que dizer sem medos que está muito próximo disso. Este é um filme que tem tudo aquilo que um bom filme de heróis precisa, feito com respeito e dedicação e isso está patente em todos os momentos.
Tendo em conta a sua qualidade, grau de diversão e capacidade para dar um novo fôlego ao MCU, Deadpool & Wolverine vai vender pelo nome, mas vai merecer todo o dinheiro e prestígio que vai receber e no fim de contas, não deixa de ser irónico que seja uma personagem secundária e desbocada como Deadpool que vai acabar por ser o salvador do Universo…da Marvel.
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