Review – Banishers: Ghosts of New Eden

Apesar da Dontnod ter ficado mais conhecida pelo seu trabalho na saga Life is Strange, a verdade é que este estúdio já tinha trabalhado em outros estilos de jogabilidade antes das narrativas puras e duras. Remember Me, tal como o nome indica, precisa de ser constantemente relembrado, especialmente quando falamos de Banishers: Ghosts of New Eden., pois é o primeiro jogo do estúdio e já existia muito antes de terem tentado a sua sorte na acção com Vampyr.

Feito como um novo IP tal como outros da Dontnod antes dele, esta nova franquia é um título que promete uma experiência narrativa profunda e envolvente. Este RPG de ação e aventura leva os jogadores para a América do Norte do século XVII, onde seguem a história de Red Mac Raith e Antea Duarte, um casal de Banishers com habilidades espirituais e capacidades de luta bem acima dos restantes mortais…e mortos também.

A história tem lugar em New Eden, uma localidade que sofre sob o efeito de uma grande maldição. Red e Antea são chamados para investigar, mas como é costume e as coisas não podem correr bem, Antea é morta por uma entidade poderosa, tornando-se um fantasma vinculado a Red. Isto faz com que o elo entre as personagens seja mais forte ainda, visto que passam o jogo ligados.

Tal como qualquer jogo da Dontnod, também Banishers: Ghosts of New Eden é fortemente apoiada na interacção entre personagens e escolhas que tomam ao longo do jogo. Existem muitos diálogos e personagens com quem interagir, sendo que os elementos principais do jogo passam por conversar ou interrogar tanto vivos como mortos e existe a hipótese de purgar os espíritos, libertá-los ou condenar o humano. Estas escolhas afectam de certa forma a história, mas também as personagens, visto que existe um sistema de “bondade” e “maldade”, que influênciam a história e o seu decorrer.

Para isto é preciso que as personagens tenham carisma e isso Banishers: Ghosts of New Eden consegue criar na maioria dos casos. A maioria das narrativas são interessantes e tirando algumas interpretações mais estranhas, no global o trabalho é muito bom. Por vezes nem sempre parece que as decisões encaixam exactamente na ordem natural do certo ou errado, mas há aqui mão de quem sabe criar bons enredos.

A outra peça fundamental de Banishers: Ghosts of New Eden é o seu combate, que decorre num sistema de acção com exploração e movimentação muito ao estilo de God of War. A grande diferença é que controlamos duas personagens à vez. No caso de Red, este consegue interagir com os elementos vivos do mundo real, enquanto Antea é a responsável por fazer a ligação com o mundo dos espíritos. Isto faz com que vários puzzles e combates do mundo de jogo tenham de ser pensados com as habilidades e estilos de combate de cada um dos dois, pois estes oferecem vantagens e desvantagens.

Embora tenha alguns bosses interessantes e inimigos divertidos de combater, é uma pena que a variedade dos mesmos comece a repertir-se cada vez mais. Muito do combate passa por lutar contra variantes do mesmo inimigo com níveis mais altos de dificuldade, o que puxa também pela evolução e habilidades que ganhamos para as nossas personagens. Não é o sistema de RPG mais evoluído ou vasto do mercado, mas é um incentivo para conseguirmos enfrentar os inimigos com mais cartas na mão. Isto também quer dizer que o jogo tem muito mais para oferecer do que a história principal.

Se forem mesmo absorvidos pelo mundo, podem contar com algo que vai entre as 30 ou 40 horas de jogo facilmente. É uma pena que algumas delas sejam passadas a regressar aos mesmos sítios ou andar para trás e para a frente nas mesmas zonas, algo que o Fast Travel ajuda a amenizar, mas que não deixa de se notar bastante.

Visualmente, Banishers: Ghosts of New Eden não é um jogo de alto gabarito, mas tem os seus momentos. As personagens principais e algumas localizações têm muito detalhe, mas também existem muitos elementos e NPC que são feios e bastante fracos não só no aspecto visual, como também nas fracas texturas e elementos como cabelo. Os movimentos das personagens no geral são bastante suaves nas animações dos diálogos, mas são bem mais rígidos e pesados durante a acção. Por outro lado, temos um trabalho de voz bastante positivo no geral, especialmente na dupla principal e uma banda sonora de qualidade, embora com poucas músicas verdadeiramente memoráveis.

Banishers: Ghosts of New Eden não é um jogo triple-A, embora se faça passar por isso várias vezes. Não temos o motor e jogo mais impressionante, nem o detalhe gráfico mais avançado ou o nível de produção dos verdadeiros blockbusters, mas existe aqui bastante alma e boas ideias que já providenciam um bom jogo e espaço para o início de uma franquia.

Positivo:

  • Narrativa
  • Novelos de intriga
  • Trabalho vocal
  • Temática

Negativo:

  • Combate demasiado rígido
  • Escolhas nem sempre são lógicas
  • Muitas texturas fracas em personagens e zonas

 

Daniel Silvestre
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