A maioria queria ser surpreendida, portanto aqui têm. Bem-vindos ao PróximoNível Jukebox, desta vez dedicado ao Katawa Shoujo.
Apesar de ter experimentado alguns jogos que podem ser considerados novelas gráficas (por exemplo, Ace Attorney e Zero Escape), eu sempre evitei novelas gráficas com uma vertente mais romântica. Tinha a presunção de que não passavam todos de dating sims banais cujo o único objetivo era chegar ao ‘momento sexy’.
Em 2012, esse preconceito mudou um bocado com Katawa Shoujo, uma novela gráfica onde podemos ter uma relação amorosa com raparigas que têm diversas deficiências. Quer tenha sido pelo conceito algo estranho, ou incentivo por parte dos amigos, eu fiquei curioso e decidi dar uma chance. Uma coisa é certa: eu não estava preparado para os ‘feels’.
Baseado num sketch que surgiu no fórum 4chan, Katawa Shoujo conta a história de Hisao Nakai, um rapaz aparentemente normal com uma vida normal, que sofre um ataque cardíaco e é diagnosticado com cardiopatia congênita. Devido à sua condição, Hisao é transferido para uma nova escola e, apesar de algumas dificuldades, consegue fazer amigos – e talvez encontrar o amor.
Ao contrário do que seria de esperar de algo vindo do 4chan, Katawa Shoujo consegue ser genuinamente comovente e ensina-nos a nunca julgar as pessoas apenas pela aparência. Sim, existem ‘momentos sexy’ mas até esses momentos são tratados com o devido respeito, e podem optar por removê-los, se assim o pretenderem.
Dependendo das vossas decisões, a história pode seguir múltiplos caminhos e resultar num envolvimento romântico com uma das cinco personagens femininas principais (ou com um pavimento em betão). No meu caso, a primeira relação que tive foi com a Emi, uma rapariga alegre e extrovertida que usa próteses após ter perdido ambas as pernas num acidente de carro.
Apesar da sua condição, ela é uma das melhores atletas de corrida da escola, e valoriza uma boa dieta e exercício físico. Também demonstra ter uma mente aberta para certas “brincadeiras”. Brincadeiras que envolvem um pouco de limão.
A seguir, repeti a história com a Lilly, uma delegada de turma que perdeu a visão desde nascença. Com traços japoneses e escoceses, ela é atenciosa e responsável, sem intrometer na vida privada dos outros.
A maneira como decorre o final bom com a Lilly (eu não sei o que acontece nos outros e, sinceramente, acho que não conseguiria lidar com um final mau) pode ser clichê e um pouco previsível, mas mesmo assim, eu admito que esforcei-me um pouco para conter o fluido lacrimal dos meus olhos.
Depois foi a vez da Hanako. Ela teve um acidente que deixou-a traumatizada e parte do corpo desfigurado permanentemente. De todas as raparigas, é capaz de ser a mais difícil de interagir, sendo bastante tímida e preferir estar sozinha a ler.
No entanto, se continuarem a história dela e fizerem as escolhas certas, podem acabar com um dos melhores finais do Katawa Shoujo. Até hoje, ainda me deixa algo emocionado…
Após completar a história da Hanako, eu fiz uma pausa (talvez para recuperar psicologicamente) e ainda tenho de completar a história das restantes raparigas.
Mesmo assim, a mensagem de Katawa Shoujo é clara: pessoas com deficiências são apenas pessoas, têm sonhos, talentos e defeitos como qualquer outra.
Katawa Shoujo está disponível gratuitamente para Windows, Mac OS e Linux no site oficial. Também podem transferir a banda sonora oficial e ouvir as músicas que não puderam ser destacadas aqui, algo que provou ser bastante difícil.
É verdade, quase esqueci-me do Kenji, “o último homem sensato neste mundo insensato”. Talvez tenha sido um plano das feministas radicalistas de ocultá-lo deste artigo, mas eu deixo essas teorias da conspiração para ele.
Gostaram das músicas? Não ficaram surpreendidos com o que escolhi? Acordei algum sentimento reprimido? Dêem o vosso feedback nos comentários e não se esqueçam de votar no poll abaixo para a próxima banda sonora a trazer ao PN Jukebox.
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