PróximoNível – Balanço Cinematográfico de 2013

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Bem-vindos ao balanço cinematográfico de 2013. Durante o ano, o PróximoNível procurou acompanhar as estreias mais importantes em solo nacional, disponibilizando uma análise por semana e tudo sobre o mundo da 7ª Arte. Visto que uma eleição dos melhores é imprescindível, a rubrica de cinema no site não abdica dessa oportunidade, aprumando, desde já, alguns parâmetros para um top justo e inequívoco. Teria sido útil ver todos os filmes, mas face a essa impossibilidade, os concorrentes são os filmes analisados ao longo do ano civil. Os requisitos para a avaliação implicam que tenham estreado em solo lusitano durante o ano de 2013 (incluiu filmes nomeados para os Óscares), longas-metragens (peço desculpa ais fãs de Blue Umbrella) e estreados nas salas de cinema (toda a gente sabe que o melhor filme do ano foi Sabores e Sentidos – Telefilme TVI).

Há uma ressalva a ter em consideração, os filmes funcionam como o vinho, o processo de degustação é sempre diferente da prova. A analogia defende a titubeante forma de lidar com uma história, que cresce em nós de forma imprevisível. Posto isto:

 

Os Bons

1º Lugar Rush

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O filme de Ron Howard, baseado em factos reais, merce a distinção máxima do PróximoNível. Rush não é só um dos melhores filmes sobre desporto de sempre, mas um hino a todos os aspectos que compõem uma projecto cinematográfico. A realização é fantástica, a edição soberba, a direcção de fotografia imaculada, o ritmo da narrativa arrepiante e as interpretações estão “para lá de muito boas” (será uma injustiça tremenda se Daniel Brühl falhar a nomeação para o Óscar de Melhor Actor Secundário). É verdade que a realidade foi manipulada em favorecer a ficção, mas as decisões tomadas tornam a narrativa ainda mais empolgante.

 

2º Lugar Silver Linings Playbook

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David O. Russell tinha tudo para narrar mais um romance lamechas e enfadonho, mas o realizador de The Fighter aplicou uma realização cruel, situada na zona cinzenta do politicamente correcto, que proporcionou um dos romances mais desconcertantes da história recente do cinema. Candidato aos Óscares da Academia, Um Guia Para um Final Feliz arrecadou uma nomeação para cada categoria de representação (feito inédito em 30 anos). Jennifer Lawrence e Bradley Cooper transcendem-se, num filme capaz de provocar sensações agridoces e dúbias, em que o final feliz oscila segundo a experiência de cada um.

 

3º Lugar Gravity

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À primeira vista, um dos melhores filmes de sempre. Depois da euforia, surge a sabedoria e a consciência, e Gravity é “apenas” um dos filmes do ano, e um dos melhores filmes de ficção-científica de sempre. A complexidade emocional em Gravity é semelhante à força gravitacional no espaço sideral, tonando-se curto que o máximo da carga emocional do protagonista seja navegar do ponto A para o ponto B, sem atravessar por dilemas morais ou escolhas exigentes (à excepção de uma cena). Não obstante, é uma viagem alucinante, que proporciona uma experiencia espacial de cortar a respiração. Uma abordagem paradoxal sobre a dimensão humana, que relata uma experiencia claustrofóbica no infinito do universo, onde o proto de abrigo é a nossa prisão estrelar. Chiça, que filme.

 

4º Lugar A Gaiola Dourada

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O realizador Ruben Alves está de parabéns. A Gaiola Dourada encaixa que nem uma luva no panorama contemporâneo nacional, numa realidade em que cada vez há mais portugueses em outros destinos. A Gaiola Dourada relembra que Portugal é um país de emigrantes, que a nacionalidade portuguesa é um cunho poderoso, impossível de contornar. O filme mais visto em Portugal durante o ano de 2013, interpretou muito bem o peso da palavra, com uma realização à craque e representações brilhantes de Rita Blanco e Joaquim de Almeida.

 

5º Lugar Os Miseráveis

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Tom Hooper, responsável pelo Discurso do Rei, encheu-se de brio e liderou uma das produções mais ousadas do ano. Com uma tarefa de loucos, Hugh Jackman (a meio do ano andou a cortar samurais às postas), Russell Crowe e Anne Hathaway cantaram ao som de uma orquestra sinfónica, culimando em momentos épicos, jamais alcançados em musicais. O género musical não agrada a todos, mas é inequívoco o brilhantismo em redor de um clássico da era moderna.

 

O Mau

After Earth

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Sofrível e ridículo. Num ano repleto de ficção-cientifica (quantidade sem qualidade), M. Night Shyamalan ofereceu o pior. Enquanto Oblivion, Elysium e Pacific Rim orbitaram no razoável, After Earth distingue-se pela má realização, enquadramentos do arco-da-velha, com interpretações horríveis de Jaden e Will Smith, numa história insipida de um realizador descredibilizado. Safou-se Star Trek Into Darkness.

 

O Vilão

Man of Steel

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Era o filme do ano. Até o mais erudito dos críticos de cinema estava à espera de ver o Super-Homem à tareia com alienígenas. Em parte, Man of Steel não desiludiu, mas decisões inacreditáveis prejudicaram um dos mitos da sociedade contemporânea. Qualquer nova criação, inspirada em material já existente, pode e deve acrescentar algo mais, mas uma história, na sua genética, não pode oferecer acontecimentos despropositados e aleatórios, como canela a cair num pastel de nata. Desde a dicotomia entre os pais de Clark, à preparação do clímax, as mensagens são confusas e complicadas de interpretar.

Por que motivo Walter White é tão popular? Apesar de sociopata, cruel, vaidoso e imprevisível, é um protagonista sem rodeios nos tópicos fundamentais de onde vem e para onde vai. O Super-Homem, nas mãos de Zack Snyder e David Goyer, está construído numa abordagem pseudoartística para não ser entendível, sendo assim, é impossível estabelecer uma relação de cumplicidade com o personagem principal.

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