Deixem-me contar-vos um pouco da minha história: quando eu era miúda pequena, assim ainda na altura da pré-primária, tinha uns amiguitos que andavam no karaté. No dia a seguir aos treinos, eles vinham para o colégio contar como tinham sido as lições. Claro que ao ouvir o quão divertido era andar com um fato branco e um cinto (que tinha a tendência de mudar de cor) à porrada e a fazer katas deixou-me logo com vontade de me juntar ao grupinho.
Fui perguntar a quem de direito se podia acompanhar os meus colegas. Eis senão quando surge a resposta que, até hoje, dá-me que pensar: “Claro que não! És menina!”. Ouvia sempre a mesma resposta de várias pessoas quando pedia para brincar com os Micro Machines no recreio, ou mesmo até quando pedia para jogar um pouco de Pokémon ou Magic The Gathering. Na altura, eu não sabia muito bem o que responder, de tão descabida que era a resposta, então, calava-me, dava meia volta e ficava na minha.
Hoje em dia, tenho uma estante com uma quantidade interessante de videojogos para diversas plataformas, duas vitrines do IKEA com figures, mais ténis do que saltos altos, um conhecimento considerável pelos mundos dos videojogos e cultura japonesa, e não me sinto menos mulher por isso. Tenho noção que não consigo manter uma conversa sobre assuntos como a fulana que comeu o outro no Secret Story ou as tendências da moda canina, mas se se lembrarem de falar de FullMetal Alchemist ou Shingeki no Kyojin, estou lá batida.
Com isto, este PND serve para apresentar alguns tesourinhos com protagonismo feminino, não com o intuito de defender as mulheres, mas sim para mostrar que “Sim, sou menina. E então?”.
Para jogar:
“Mario! Help!”. A quantidade de vezes que já ouvimos esta interjeição vai para lá das 9000 unidades. Mas e se for “Peach! Help!“?!
Super Princess Peach foi lançado no Japão em 2005 – na Europa em 2006 – para a Nintendo DS, e foi o primeiro jogo a ser protagonizado pela princesa que está sempre em apuros. Desta vez, Bowser decide raptar Mario, Luigi e Toad com a ajuda do Vibe Scepter, um artefacto capaz de alterar as emoções. Mas o esperto do cogumelo conseguiu safar-se para puder avisar Peach do que tinha acontecido. Com ajuda de Perry, uma simpática sombrinha, Peach percorre oito mundos até conseguir chegar à Bowser’s Villa.
Pelo caminho, Peach defronta inimigos e resolve puzzles usando 4 diferentes emoções: Joy, gloom, rage e calm. Ela é a única que consegue alterar as emoções ao contrario do resto dos personagens que estão sob o efeito do Vibe Scepter. Podíamos discutir o quão foleiro é estereotipar as repentinas mudanças de humor de uma mulher, mas eu não vou entrar em fundamentalismos.
O jogo é fácil: temos vidas infinitas e sempre que a Peach cai ou se magoa apenas perde meio coração de um máximo de cinco que lhe são concedidos. É um jogo animado e fofinho, não é para ser levado muito a sério, correndo o sério risco de fazer rage quit só porque é demasiado fácil. É mais para ser jogado na “descontra” e no “relax”.
Para ver:
Shizuka Furumura – A Day in MOGA
Este trabalho de animação foi feito por uma amiga minha japonesa que veio cá a Portugal há uns 3 anos, pelo evento Beyond Kawaii no palácio do IADE. Ela apresentou-me todo o trabalho que ela fez e, sinceramente, quando olho para o meu trabalho, só me apetece ou desistir por ser tão mau ou empenhar-me para fazer melhor. Depende, vá…
A Shizuka é a rapariga do meio da foto em baixo. Acabou por me oferecer o yukata dela com todo o amor e carinho. Ainda tenho dificuldade em apertar o Obi.
MOGA significa Modern Girl abreviado. A animação conta a história de uma mulher moderna, independente e segura, que consegue tudo o que quer. A Shizuka tem estado a trabalhar num anime chamado Furusato Saisei Nippon no Mukashi Banashi, ou simplesmente Folktales from Japan, como directora de animação.
Para ouvir:
Kyary Pamyu Pamyu
Nascida sob o nome Takemura Kiriko, rapidamente começou a ser conhecida por Carrie ou Kyari, por usar perucas loiras regularmente na escola secundária e parecer que tinha um look mais ocidental. Kyary Pamyu Pamyu começou a sua carreira como modelo de revistas de moda juvenil e em 2010 começou a sua aventura musical. Já com 2 álbuns e uma brilhante participação na banda sonora do filme Star Trek Into Darkness, Kyary já arrecadou 11 prémios, 3 deles da MTV.
Conheci a Kyary através da PON PON PON. Como a música era (e é) estupidamente catchy, decidi pesquisar um pouco mais sobre ela. Cheguei ao ponto de estar a contar os dias para o lançamento do próximo single (dia 26 deste mês). Por vezes dou comigo a pensar: bolas, é três anos mais nova que eu, é linda de morrer e adora o que faz… Quem me dera ser como ela!
Para recordar:
Supercalifragilistiexpialidocious!
Com Saving Mr. Banks nos cinemas, eis uma boa altura para ver ou rever um dos meus clássicos favoritos da Disney: Mary Poppins. Uma mulher misteriosa que desceu do céu, fabulosa e elegante, para tomar conta de duas crianças, filhos de uma mãe activista pelos direitos das mulheres e um pai super autoritário. Mary Poppins não teve qualquer problema em cuidar dos meninos, que, no final de contas, nem eram assim muito traquinas: eram apenas miúdos. A epifania vem quando nos apercebemos que a única pessoa que realmente muda de atitude é o pai, passando de chefe de família com uma atitude militarista para um homem que não quer saber de mais nada senão da felicidade dos que o rodeiam.
http://www.youtube.com/watch?v=Kvk1NZDFvZU
Caso não sejam apreciadores de musicais ou de gentileza humana em geral, sinceramente, não sabem o que perdem. “Just my two cents.”
E assim chega ao fim mais uma edição do PND. Espero que tenham gostado das minhas recomendações e espero ter conseguido provar que “Sim, sou menina. E então?”. Almejo também ter despertado novos interesses e gostos em vocês. Tentei mesmo fugir ao que todos conhecem e que não é muito comum ouvir-se falar. Se não gostaram… Leiam outra vez.
PND da próxima semana por: MajinAlex
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