Hearthstone e a magia de inventar decks

Temos de admitir, um jogo com alguns anos acaba sempre por perder algum do seu fulgor e por vezes, acaba até por cair um pouco no esquecimento. Para muitos, Hearthstone é um bom exemplo de um daqueles jogos que só volta a aparecer porque surgem nas notícias informações sobre uma expansão ou algo do género.

Pois bem, eu tenho jogado Hearthstone praticamente todos os dias (quando o tempo o permite) nem que seja apenas para fazer as missões do dia, coisas que podem passar apenas por jogar três jogos com uma das classes, jogar uma data de minions, fazer um certo número de feitiços, etc. Quando fazemos as missões ganhamos experiência e isso vai desbloqueando Gold para comprar packs e novas cartas.

A parte engraçada no meio de isto tudo é que andei a fazer algumas coisas mal ao longo do último ano. Especialmente porque estive praticamente quatro expansões sem fazer qualquer estilo de alterações aos meus decks (baralhos), ou sequer criar decks totalmente novos. Não por falta de vontade, mas diria, por preguiça.

Durante os últimos meses andava a jogar sempre com os mesmos decks e como as Battlegrounds não me dizem muito, era casual wild praticamente todos os dias. Que divertido!… Isto até deixar de o ser. Então comecei a ficar aborrecido com Hearthstone. Fazer as rondas diárias já parecia mais picar o ponto do que me divertir.

Eis senão que acordei para a vida novamente em Hearthstone com o lançamento da expansão mais recente. Como as missões semanais diziam que tinha de criar um deck com a habilidade Corrupt (cartas mais altas melhoram as mais baixas), lá me pus a inventar, isto porque não gosto mesmo nada de ir copiar decks que estejam em alta.

Honestamente, o Deck não ficou lá grande coisa, por isso usei apenas para fazer as missões, mas depois de ver duas ou três interacções giras entre cartas, lembrei que podia aproveitar essas sinergias noutro deck, ou seja, aproveitei ideas de um deck de Warlock para criar um deck de Paladin. Depois vi que podia criar um novo deck de Paladin com segredos, algo que não existia há umas seis expansões e fui testar também Secret Mage.

Eu sei que estou para aqui a constatar o óbvio, mas grande parte da magia de jogos de cartas como Hearthstone, Magic The Gathering e Pokémon TCG é o de criar o deck, mas a parte que mais gosto é de tentar desafiar a Meta. Gosto de olhar para o que está a jogar mais e tentar ir contra a corrente. Afinal, que piada tem andar a copiar os outros? Onde está o desafio criativo e originalidade?

Se calhar foi por causa disso que me deixei enamorar demasiado com os decks que já tinha construído e nunca mais me preocupei em alterar, mesmo que tivesse a perder vários jogos contra as cartas mais fortes e bonitas das novas expansões. Com os novos decks que tenho criado até consegui ter algumas vitórias altas no Ranked, mas acredito que é mesmo por ser decks que ninguém está à espera de encontrar.

Se jogarmos Hearthstone como apenas um jogo competitivo para ganhar, podemos ter uma boa dose de diversão, mas acho que a magia está exactamente na vertente criativa e dar asas a criações totalmente malucas e tentar fazer com que elas funcionem contra decks de topo.

Quando as coisas são feitas desta forma parece que vale muito mais a pena arriscar e quando as vitórias surgem, parecem muito mais divertidas e empolgantes. A criatividade é mesmo uma coisa sem limites, especialmente quando vence a preguiça.

Hearthstone continua a ser um jogo free-to-play embora com algumas formas de progresso que podiam ser mais amigáveis. Podem encontrá-lo no PC ou jogar por Android/iOS.

Daniel Silvestre
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